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Associação de policiais confirma mobilização, mas nega operação tartaruga

Alex Rodrigues

Da Agência Brasil, em Brasília

07/02/2014 15h44

O presidente da Associação dos Praças, Policiais e Bombeiros Militares do Distrito Federal  (Aspra-DF), João de Deus, disse nesta sexta-feira (7) que a entidade tem orientado os associados a cumprirem suas tarefas normalmente, respeitando a decisão judicial que determinou o fim da chamada operação tartaruga. O ex-deputado distrital e atual prefeito de Água Fria (GO) em segundo mandato não confirmou as notícias de que, com a sentença do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, a categoria estuda atuar com maior rigor, deflagrando uma operação padrão, mas destacou que a entidade não pode responder pela conduta de policiais insatisfeitos.

“Não vamos incentivar nada. Vamos cumprir a decisão da Justiça – até porque não temos como pagara uma eventual multa. Agora, não posso mentir e dizer que os policiais, desmotivados como estão, vão trabalhar com afinco”, afirmou o ex-deputado distrital à Agência Brasil durante reunião na sede da Aspra, em Taguatinga (DF), esta manhã. No encontro, foi discutida a intensificação da campanha para convencer a população de que a responsabilidade pelo impasse que ocasionou a operação tartaruga é do governo do Distrito Federal (GDF), por descumprimento das promessas de campanha.

“Essa crise da segurança pública não é nossa, é do governo e vamos endurecer nossas ações contra o governador [Agnelo Queiroz], por ele não ter cumprido suas promessas de campanha”, disse João de Deus, mencionando, entre 13 promessas “ainda não cumpridas”, a reestruturação da carreira dos policiais militares e de bombeiros, a instituição de um novo Código de Conduta e Ética discutido com a categoria e mais recursos para o programa habitacional destinado aos militares.

“Não vamos aceitar esmolas. Lamentamos que o governo tenha judicializado o assunto, mas vamos endurecer nossas ações, fixando faixas, cartazes, outdoors e distribuindo panfletos à população para explicar nossas razões e o porquê de a capital do país ter se tornado um lugar perigoso. Enquanto o governador não nos chamar [para negociar] e definir um cronograma para cumprir suas promessas de campanha vamos ficar nesse impasse”, acrescentou João de Deus.

A operação tartaruga havia sido iniciada em outubro de 2013, para pressionar o governo a atender às reivindicações de bombeiros e policiais militares. Cartazes já espalhados pela cidade informam que os protestos só serão encerrados quando o governo negociar com a categoria. Em nota divulgada em seu site, a Aspra-DF explica que a eventual operação padrão associada aos moldes das anteriormente deflagradas por policiais federais em aeroportos chegou a ser mencionada após a associação ter sido notificada da determinação da Justiça. “Apenas para não ficar no vazio a nomenclatura de nossa luta”, disse. E acrescentou: “Como policiais e bombeiros não aceitaram a ideia […] a Aspra acata o que decidir os militares”.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do DF, do dia 1º até a manhã do dia 30 de janeiro, foram registrados 68 homicídios, 20 a mais que no mesmo mês dos dois últimos anos. O resultado, equivalente a mais de duas mortes violentas por dia, e o fato de vários homicídios terem ocorrido em áreas nobres da capital, repercutiram na imprensa. Em consequência, a Câmara dos Deputados e a Câmara Legislativa do Distrito Federal promoverem, nos últimos dias, audiências públicas para debater as questões: nos dois casos, a discussão acabou prejudicada por disputas eleitorais.

Também em nota, a secretaria garante que, ao contrário de algumas pesquisas sobre segurança pública, recente estudo da organização não governamental mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal informa que, proporcionalmente, os números da violência no Distrito Federal estão bem abaixo dos de outras capitais brasileiras, sobretudo das 16 que, no estudo, aparecem entre as 50 mais violentas do mundo.

De acordo com a secretaria, as duas cidades brasileiras que aparecem no topo do levantamento são Maceió (AL) e Fortaleza (CE), que contabilizaram, respectivamente, 79,8 e 72,8 homicídios por cada grupo de 100 mil habitantes. O Distrito Federal fechou 2013 com uma taxa de 25 mortes por grupo de 100 mil moradores - o que, em números absolutos, significa um total de 695 homicídios, número que a secretaria aponta ser bem inferior aos registrados por Aracaju (SE). A capital sergipana, com 33,4 mortes por grupo de 100 mil habitantes, ficou com a 16ª posição entre as cidades brasileiras mais violentas apontadas pela ONG mexicana.