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Comlurb anuncia demissão de 300 garis que mantiveram greve no Rio

Pessoas tiram fotos em arquibancada vazia na Marquês de Sapucaí, no Rio, após a segunda noite de desfiles das escolas de samba - Ricardo Moraes/Reuters
Pessoas tiram fotos em arquibancada vazia na Marquês de Sapucaí, no Rio, após a segunda noite de desfiles das escolas de samba Imagem: Ricardo Moraes/Reuters

Do UOL, no Rio

04/03/2014 09h38

A Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) anunciou na manhã desta terça-feira (4) que iniciou o processo de demissão de cerca de 300 garis que não compareceram ao trabalho no turno das 19h de segunda (3). Em greve desde sábado, a categoria decidiu manter a paralisação que tem deixado cheias de lixo áreas do Rio de Janeiro onde se concentra o Carnaval de rua e perto do Sambódromo.

Segundo a empresa, a demissão está prevista no contrato firmado entre a companhia e o sindicato. “Quem voltou ao trabalho terá os dias parados abonados”, diz a nota da Comlurb.

Os grevistas consideraram insuficiente o acordo firmado pelo Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação e a Comlurb, que inclui aumento do o piso salarial de R$ 802,53 para R$ 874,79, mais 40% de adicional de insalubridade, totalizando vencimento de R$ 1.224,70. O acordo prevê também acréscimo de 1,68% dentro do Plano de Cargos, Carreiras e Salários, com progressão horizontal.

O acordo inclui bônus de 100% na hora extra para quem trabalhar nos domingos e feriados, mantido o direito à folga, plano odontológico, aumento do vale-alimentação de R$ 12 para R$ 16, auxílio-creche e acordo de resultados possibilitando pagamento 14.º e 15.º salários.

"O que ficou acertado na reunião foi praticamente a mesma coisa que eles haviam acordado com o sindicato antes, mas não é isso que nós queremos, nós queremos o aumento do salário, então a gente vai devolver essa proposta e vamos ver o que eles vão fazer", afirmou o um dos porta-vozes do movimento, Ivair Oliveira de Souza.

Hoje, a cidade amanheceu com montes de lixo no centro e também nas zonas sul e oeste, como tem acontecido todos os dias desde o início do Carnaval.

Para a Comlurb, o movimento grevista é “um grupo sem representatividade que vinha interferindo na rotina do trabalho de limpeza da Comlurb nos últimos dias” e, por isso, as negociações de aumento salarial, previstas para 31 de março, teriam sido adiantadas.

“É importante lembrar que, nos últimos cinco anos, os garis tiveram 50% de ganho real em seus salários. Em termos absolutos, o ganho foi de 85%, o dobro dos 43% do salário mínimo nacional nesse mesmo período”, finaliza a nota da companhia.

No domingo (2), o plantão da Justiça do Trabalho declarou a paralisação ilegal e concedeu liminar determinando o imediato retorno dos garis ao trabalho, sob pena de multa diária de R$ 25 mil.