Políticos de PSDB e PSB lideram greve da PM contra governo petista na Bahia
A greve da Polícia Militar na Bahia, iniciada nesta terça-feira (15) e que pegou de surpresa o governo de Jaques Wagner (PT), teve liderança decisiva de dois nomes conhecidos da luta sindical da categoria e que alçam carreiras políticas.
O vereador Marcos Prisco (PSDB) e o deputado estadual Capitão Tadeu (PSB), que negociam em nome dos militares, respondem por duas das mais fortes associações militares --respectivamente, a Aspra ( Associação de Policiais e Bombeiros e de Seus Familiares) e a AOPM (Associação dos Oficiais da Polícia Militar da Bahia)--
e são responsáveis por inflamar a categoria para a deflagração da greve. Ao todo, seis sindicatos estão envolvidos na paralisação.A greve dos militares pede uma rediscussão do projeto de regimento interno da PM apresentado pelo governo; pagamento de itens como periculosidade, insalubridade e auxílios alimentação e transporte; e a criação de regime remuneratório por subsídio para os militares, eliminando as gratificações.
Os dois são aliados políticos, oposição ao governo petista de Jaques Wagner e mantém influência na categoria, cada um com um setor da PM. “Eles são unidos. Prisco lidera os praças, que inclui soldados, cabos e sargentos. Já o Tadeu tem força com os oficiais”, disse um policial ouvido pelo UOL.
Prisco foi o principal líder da greve da PM em 2012 e, naquele ano, conseguiu eleição para a Câmara de Vereadores. Este ano, deve ser candidato a deputado estadual, em dobradinha com Tadeu, que deve sair para deputado federal.
A reportagem do UOL tentou contato com Prisco e Tadeu em seus respectivos gabinetes e também nas associações que presidem, mas ninguém atendeu as ligações porque ambos estão em reuniões.
Ataques
Um dia antes da greve, Prisco gravou um vídeo para inflamar a categoria contra o governo. “O governo do Estado, de forma ardilosa, vem mentido para todos nós. Coloca propaganda na televisão, coloca um código de ética que não foi aprovado pela gente. Querem trazer de volta a prática ditatorial pra gente. Não existe proposta de carreira para gente governo", afirmou.
Em seguida, ele convoca os militares “com vergonha na cara” para irem à assembleia, que viria a deflagrar a greve, na terça. “O governo está desafiando os policiais militares. O desafio está aceito, governador!”
Já Tadeu usou uma emissora de rádio, nesta quarta-feira, para também criticar o governador e tentar lucrar com a paralisação. “Estou muito preocupado com o que está acontecendo na cidade e o governador está inoperante, é lamentável. O militar realiza em média uma greve a cada 10 anos, no governo Wagner nós tivemos três greves. Ele não sabe comandar a PM”, disse.
Não é só salário, diz governador
Em entrevista coletiva, na tarde desta quarta-feira, o governador Jaques Wagner disse que foi traído pelas associações e garantiu que o Estado paga alguns dos melhores salários. Ele deixou claro que vê motivação política na paralisação.
“No item soldados e cabos, somos o quinto maior salário do país. Nas outras categorias, estamos em 11º. A posição está encaixada na realidade nacional e, no meu governo, eles acumulam um ganho real acima de 60%. Contratamos 12 mil policiais militares e temos mais 1.400 para serem contratados agora, modernizamos a frota e o armamento. Tem muita coisa que não se restringe somente à questão salarial”, insinuou.
Wagner ainda disse que não havia negociação em andamento com os militares, e por isso a greve pegou a todos de surpresa.
“Não havia negociação salarial em curso. Era um trabalho para a modernização da PM. Ainda estou concluindo o pagamento da negociação de 2012, que vai até 2015. Seria preciso esgotar este pagamento para se voltar ao assunto”, disse.
Associação de Policiais e Bombeiros e de Seus Familiares
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