"Exemplo dos garis": veja quem ameaça entrar em greve no Rio até a Copa
Pouco mais de dois meses após a paralisação dos garis, realizada no Rio de Janeiro durante o Carnaval, novos movimentos grevistas ameaçam fazer da Copa do Mundo um cenário de constantes transtornos para a população da capital fluminense. Policiais militares, civis e federais, por exemplo, pressionam as autoridades com o argumento de que não há Mundial sem segurança. Professores, rodoviários e engenheiros (além de arquitetos e geólogos) também estão mobilizados.
Os motoristas e cobradores de ônibus foram os primeiros a transformar a ameaça em realidade. A exemplo do que ocorreu com os garis, que desafiaram o sindicato da categoria e iniciaram uma paralisação à revelia, os rodoviários cruzaram os braços no primeiro minuto de quinta-feira (8).
Já os policiais federais querem, entre outras coisas, reestruturação do plano de carreira, reajuste salarial, novas contratações e mudanças nos processos de investigações criminais. Na quarta (7), a categoria reiterou a ameaça de uma possível paralisação durante a Copa do Mundo caso não haja um acordo com o governo até o fim do mês. Os agentes fizeram uma manifestação em frente à casa de shows Vivo Rio, onde o treinador da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari, anunciava a lista com os 23 jogadores convocados para a Copa.
Policiais militares e civis cobram reajustes salariais do governador do Estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB). PMs do Rio cogitam seguir o exemplo da PM baiana, que, em abril, protagonizou uma paralisação que levou a presidente Dilma Rousseff a assinar uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem), autorizando o deslocamento de tropas do Exército para Salvador. Os agentes da Polícia Civil, por sua vez, querem a incorporação ao salário de uma gratificação de R$ 850. Pezão tem até o dia 15 de maio para decidir se a reivindicação será ou não atendida.
Os professores das redes municipal e estadual aprovaram o indicativo de greve na quarta (7), em assembleia do Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação), após seis meses de normalidade. Em 2013, os servidores paralisaram suas atividades por 78 dias. Na ocasião, a greve só acabou porque o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luiz Fux intermediou uma reunião entre a categoria e representantes do poder público. Segundo os professores, parte do acordo firmado diante de Fux em outubro foi descumprido. A nova greve de professores está programada para começar na próxima segunda-feira (12).
Um dia antes da assembleia dos professores, na terça (6), engenheiros, arquitetos e geólogos da Prefeitura do Rio decidiram paralisar as atividades na próxima semana por três dias: terça-feira (13), quarta-feira (14) e quinta-feira (15). Cerca de 800 pessoas participaram da votação. As categorias reivindicam melhorias salariais. O presidente da Seaerj (Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro), Joelson Zuchen, informou que os salários da prefeitura estão com defasagem de cerca de 70% em relação ao mercado, o que provoca a evasão de profissionais e a não reposição do quadro.
“Hoje, um engenheiro entra na prefeitura com salário de aproximadamente R$ 4.000 líquidos, muito abaixo do mercado. Muitos abandonam o cargo após conseguirem um emprego melhor e alguns nem sequer tomam posse”, explicou ele. “Queremos o salário inicial que está sendo oferecido em outros concursos, em torno de R$ 8.000”, explicou.
Paralisação de motoristas de ônibus
O líder do movimento dos motoristas grevistas de ônibus, Hélio Theodoro, afirmou ao UOL que, caso os patrões não aceitem negociar, serão feitas paralisações semanais de 24 horas até a Copa do Mundo.
Theodoro disse que pelo menos 80% dos motoristas e cobradores das empresas que operam linhas de ônibus no Rio aderiram à greve. Nesta sexta-feira (9), a categoria voltou a trabalhar normalmente. "Nós não queríamos parar, mas não houve outra opção a partir do momento em que eles não sentaram na mesa para negociar. Não fomos procurados em momento nenhum. Se a conversa não existir, a categoria está disposta a parar de novo. Faremos uma paralisação por semana até chegar à Copa, e depois será greve por tempo indeterminado", declarou.
A Rio Ônibus (Empresas de Ônibus da Cidade do Rio) informou não ser possível estabelecer diálogo com os grevistas, uma vez que o movimento "não possui lideranças" e ocorre à revelia das decisões da categoria. O Sintraturb (Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus do Rio de Janeiro), que representa 40 mil trabalhadores rodoviários, disse que não organizou a greve e, em nota, afirmou que considera a paralisação "uma atividade com fundo político".
A paralisação provocou uma série de transtornos na cidade: pontos cheios de passageiros, plataformas de metrô e trens superlotadas, veículos depredados, entre outros. Segundo a Rio Ônibus, até 2012, 8.700 ônibus estavam em circulação pela cidade. Por mês, geralmente, são feitas 100 milhões de viagens. De acordo com as empresas, 30% da frota estavam circulando. Os trabalhadores reivindicam aumento salarial maior que os 10% acordados entre o sindicato da categoria e as empresas de ônibus, o fim da dupla função e reajuste no valor da cesta básica para R$ 400. (Com informações da Agência Brasil, do Estadão Conteúdo e da Folha de S.Paulo)
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