Empresa oferece dinheiro extra para rodoviário fura-greve, dizem motoristas
Com o anúncio da paralisação dos rodoviários do Rio de Janeiro por 48 horas, na última segunda-feira (12), algumas empresas de ônibus da zona oeste da capital fluminense começaram a oferecer pagamento extra - de R$ 100 a R$ 250 - para os motoristas que aceitassem trabalhar no primeiro dia de paralisação.
A informação foi confirmada por motoristas ouvidos pelo UOL.
Segundo um motorista, que não se identificou por medo de represálias, a abordagem que oferecia pagamento extra foi feita por um inspetor.
"Me ofereceram R$ 100 para rodar. Eu furei a greve, sim, e vim trabalhar. Não pelos R$100, mas porque na última paralisação eu aderi, não trabalhei, e acabei sendo descontado. Não tenho condições de ficar sendo descontado, porque recebo por diária. Cada diária minha custa R$ 65", conta o condutor.
O motorista acabou com o ônibus recolhido à garagem da empresa Jabour por conta de ameaças recebidas por colegas grevistas.
Uma rodoviária de 32 anos que recebeu proposta de incentivo financeiro para trabalhar durante a greve recusou a oferta. Segundo a motorista, que também não se identificou, a recusa aconteceu porque ela acredita que os resultados obtidos com a greve serão muito superiores ao valor ofertado pelos donos de empresas de ônibus.
"Esses R$ 100 são só de imediato, mas estão muito longe de suprir o que a gente suporta o ano inteiro. Começamos a trabalhar de madrugada e só paramos à noite, não temos plano de saúde, não recebemos cesta básica e, quando ficamos doentes, não podemos faltar", afirmou a rodoviária.
"Nossos chefes simplesmente dizem que só aceitam atestado médico da UPA. Mas o atendimento na UPA demora horas. É uma total falta de respeito", disse a motorista. "Poderiam dar um aumento decente pra gente voltar a trabalhar, e não ficar dando esmola de R$ 100", diz
Um outro rodoviário, --que também preferiu não se identificar--, diz que recebeu oferta de R$ 250 para não abandonar o trabalho depois das ameaças sofridas. Ele trabalha na empresa Pégaso, cuja garagem está localizada em Cosmos, na zona oeste da cidade.
"R$ 250 é muito pouco para eu ficar correndo risco no meio da rua. Não aceitei, vou ficar em greve mesmo".
Procurado, o RioÔnibus (sindicato das empresas de ônibus do Rio de Janeiro) não se pronunciou até o fechamento desta reportagem.
Plano de contingência
A Prefeitura do Rio desenvolveu um plano de contingência para minimizar os impactos da greve, reforçando metrô, trens e barcas, e a Polícia Militar informou que garantiria a segurança na saída das garagens dos quatro consórcios, nas estações do BRT Transoeste e nos terminais de ônibus. No entanto, de acordo com a Secretaria Municipal de Transportes do Rio, apenas 18% da frota de ônibus está circulando.
Motoristas e cobradores fazem greve no Rio de Janeiro
SuperVia, metrô e barcas tiveram o horário de pico ampliado. Segundo usuários de metrô ouvidos pela reportagem, o movimento intenso na estação da Central do Brasil na manhã desta terça foi maior que o de hábito nos guichês de compra de bilhetes e nas plataformas, com muita aglomeração, mas os trens, que passaram a sair em maior número , circularam com lotação normal para o horário.
"Pego metrô todo dia na Pavuna pra vir pra Central e hoje está muito mais cheio aqui. Mas os trens estão saindo mais rápido e menos lotados", afirmou a operadora de telemarketing Débora Lemos, 29.
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