Secretaria de Transportes diz que 18% dos ônibus circulam no Rio
A Secretaria Municipal de Transportes do Rio de Janeiro informou que 18% dos ônibus da capital fluminense estavam circulando no início da tarde desta terça-feira (13) durante a paralisação de rodoviários. Procurado, o líder grevista, Hélio Theodoro, afirmou que não vai mais se pronunciar sobre a greve até as 16h, quando deve conceder uma entrevista coletiva.
Pelo menos 75 ônibus foram depredados na manhã desta terça, segundo informou o Rio Ônibus (sindicato das empresas de ônibus). A Polícia Militar informou que dez pessoas foram detidas.
Um motorista da Viação Jabour que chegou a tentar circular com um ônibus foi atacado a pedras por dois homens em uma motocicleta no Largo do Correia, em Guaratiba, na zona oeste do Rio de Janeiro. Ele precisou voltar para a garagem, que fica em Campo Grande, onde falou com a reportagem do UOL. "Eu só quero trabalhar. Isso é uma covardia danada, porque são meus próprios colegas de trabalho que estão tacando as pedras. Só não consegui identificar, porque estão de capacete, mas estão uniformizados", disse o motorista, que pediu para não ser identificado. "Essa covardia tem que acabar, porque eu não sou obrigado a fazer greve."
Os trabalhadores reivindicam aumento salarial de 40% (e não os 10% acordados entre o sindicato da categoria e as empresas de ônibus), o fim da dupla função e reajuste no valor da cesta básica –de R$ 150 para R$ 400. A convocação é feita por um grupo dissidente, que não se sentiria representado pelo Sintraturb-Rio (Sindicato dos motoristas e cobradores de ônibus do Rio de Janeiro).
Transtornos
Nas primeiras das 48 horas de paralisação dos motoristas e cobradores de ônibus do Rio, quem tentou se deslocar pela cidade encontrou filas nos pontos de ônibus, veículos lotados, preços abusivos cobrados por vans e dificuldade no acesso ao metrô. Os passageiros que mais enfrentam transtornos são os que tentam deixar a zona oeste da cidade.
Nenhum ônibus de linha municipal está circulando pelo bairro de Jacarepaguá desde o início da madrugada. Nem mesmo os ônibus do tipo frescão --mais confortáveis e climatizados, com valores entre R$ 7 e R$ 13-- estão nas ruas, ao contrário da greve na semana passada, quando os coletivos circulavam com passageiros em pé.
Apenas coletivos de linhas intermunicipais estão circulando. A pista sentido centro da Linha Amarela, no trecho que passa pelo bairro, estava completamente congestionada. Há ônibus com destino a cidades da Baixada Fluminense parados no engarrafamento. As vans legalizadas, que circulam dentro do bairro, estão cobrando R$ 10. A tarifa normal é a mesma dos ônibus, isto é, R$ 3.
O carpinteiro João de Deus, 34, está desde as 4h40 esperando um ônibus para ir ao trabalho, no centro. "Na semana passada não consegui ir trabalhar no dia da greve. E hoje a empresa já avisou que vai descontar o dia de quem não for. Entendo que a empresa não tem culpa. Mas o trabalhador também não tem".
Com a paralisação, havia nos pontos de ônibus na região da Central do Brasil, no centro da cidade, quem esperasse caronas de colegas de trabalho, como o rádio-operador Felipe Rezende, 24. "Está impossível pegar ônibus pra Ilha do Governador, onde eu trabalho. Ontem à noite, quando saiu a notícia da greve, o pessoal do trabalho se mobilizou pra um dar carona ao outro. Vim de metrô, de Copacabana, e um colega vem me pegar aqui na Central", disse ele, minutos antes de entrar no carro do amigo.
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