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PM mantém greve, e PE tem dia de medo; Dilma autoriza uso da Força Nacional

Policiais militares e bombeiros de Pernambuco se concentraram na frente da sede do governo do Estado, no centro do Recife - Sergio Bernardo/JC Imagem/Agência O Globo
Policiais militares e bombeiros de Pernambuco se concentraram na frente da sede do governo do Estado, no centro do Recife Imagem: Sergio Bernardo/JC Imagem/Agência O Globo

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

14/05/2014 19h40Atualizada em 14/05/2014 23h44

Os policiais militares de Pernambuco decidiram em assembleia, no início da noite desta quarta-feira (14), continuar com a greve iniciada na noite dessa terça-feira (13). Eles não abrem mão de um reajuste de 50% nos salários dos praças e 30% dos oficiais.

Segundo as associações, cerca de 80% da tropa da PM aderiu à paralisação, e os veículos estão parados nas sedes dos batalhões. 

Por conta da paralisação, moradores relataram clima de medo nas maiores cidades, e órgãos públicos e estabelecimentos comerciais mudaram a rotina nesta quarta-feira. Muitos boatos pelas redes sociais também aumentaram o pânico na população.

O governador João Lyra Neto (PSB) pediu à presidente Dilma Rousseff a presença da Força Nacional de Segurança no Estado e um reforço da presença do Exército, e teve os pedidos atendidos pelo Governo Federal. 

"Não tive outra saída a não ser chamar a Força Nacional de Segurança Pública para aumentarmos o sistema de segurança", afirmou o governador. "Não poderia permitir que se instalasse esse clima de insegurança. As tropas da Força Nacional chegam nesta madrugada (de quarta para quinta) e o Exército, amanhã"

O governo do Estado também decidiu solicitar a ilegalidade e abusividade da greve na Justiça Estadual, e pedir a decretação da ilegalidade no STF (Supremo Tribunal Federal).

Em nota, o governo disse que concedeu, nos últimos anos, reajustes acima da inflação. E que, na atual negociação, "um dos itens [de reajuste] não pode ser atendido por ferir a legislação eleitoral que veda a concessão de vantagem financeira neste período." "A comissão de deputados levou o aceite dos três itens aos representantes da categoria que concordaram em levar esta proposta para os militares. Entretanto, infelizmente a Assembléia da categoria decidiu pela manutenção da greve", afirma o texto.

Pela manhã, os militares se recusaram a participar de uma operação para prisão de acusados de tráfico, que acabou realizada apenas por policiais civis. 

Greve

Nesta tarde, os militares tiveram uma reunião com deputados estaduais, que levaram uma proposta do governo. Mas os militares recusaram a proposta e decidiram acampar em frente ao Palácio Campo das Princesas, sede do governo.

“Repassamos para a tropa que o governo disse que a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei Eleitoral não permitem reajuste nesse momento. Mas, em assembleia, a tropa entendeu que esse é, sim, o momento oportuno e vai buscar brechas na lei. Vamos contratar bons advogados para, juntamente com a tropa, discutir com a Assembleia e buscar uma solução ideal para essa manifestação”, disse o soldado Joel Maurício, representante da Associação de Cabos e Soldados, no início da noite, após a decisão.

Ainda segundo Maurício, chegou-se a um acordo com relação à incorporação de um benefício. “O que ficou acordado foi que seria incorporado o risco de vida ao salário-base. Hoje, isso é uma gratificação que não se leva para inatividade”, disse. O Estado anunciou que vai pedir apoio da Força Nacional de Segurança Pública e vai pedir, à Justiça, a decretação da ilegalidade da greve dos militares.

Medo

Em nota, a UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e a UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco) suspenderam as aulas que ocorreriam nesta noite em todos os campi, na capital e no interior. Ainda não há anuncio sobre aulas nos próximos dias.

No município de Abreu e Lima, na região metropolitana do Recife, as festividades dos 32 anos de emancipação também foram canceladas, a pedido do comando da PM.

No Recife, as lojas do comércio funcionaram, mas algumas permaneceram com portas fechadas durante o dia com medo de arrastões.

Boatos de assaltos e arrastões foram divulgados com frequência pelas redes sociais, mas nenhum caso foi confirmado pela Secretaria de Defesa Social.

Os ônibus e o metrô estão circulando dentro do Recife, mas nenhum ônibus intermunicipal está saindo em direção a Igarassu e Abreu e Lima –ambas na Grande Recife--, onde há relatos de assaltos e protestos da população.

Pelo Twitter, muitos usuários relatam clima de medo nas ruas do Recife. "Deus e somente Ele para nos proteger. Estamos abandonados pelas autoridades. PM em greve no Pernambuco", afirmou Teresa Cristina. "Recife está parando... Quase todas as faculdades e universidades suspenderam o expediente de hoje à noite por conta da greve da PM", disse Marcos Paulo de Melo.

Sem posição

Desde o início da greve, o governo tem evitado comentar a greve.

No site oficial do governo e da Secretaria de Defesa Social há apenas uma nota pública, divulgada na noite desta terça-feira, que diz que "todos os pontos reivindicados pelas categorias e pactuados anteriormente estão sendo rigorosamente cumpridos".

O governo afirma também que, para as novas reivindicações, "foi criada uma comissão multissetorial, que envolve as secretarias estaduais de Administração, de Defesa Social, de Planejamento e Gestão e da Fazenda, e os comandos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros". (com Rádio Jornal)