Greve no metrô de SP entra no quinto dia com operação parcial e protesto
Transitar pela capital paulista promete continuar sendo uma tarefa complicada nesta segunda-feira (9), quinto dia da paralisação dos metroviários de São Paulo. Mais uma vez o rodízio municipal de veículos foi suspenso.
O trânsito pode ficar ainda mais complicado com a manifestação que a categoria marcou para as 7h na estação Ana Rosa, da linha 1-azul, na zona sul de São Paulo, que será realizada em conjunto com integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), do MPL (Movimento Passe Livre) e de outras centrais sindicais.
O trajeto a ser percorrido pelos manifestantes e o destino final do protesto não serão divulgados. "Vamos decidir o percurso no local. Estamos vivendo uma onda de repressão e não queremos chegar a determinado lugar e o Choque [Tropa de Choque da Polícia Militar] estar lá nos esperando”, diz Raquel Amorim, agente de segurança e diretora do Sindicato dos Metroviários.
Uma nova assembleia está marcada para as 13h. “Vamos enviar uma carta à presidente Dilma Rousseff. Estamos na semana da Copa e acreditamos que o governo federal deveria se posicionar”, afirma Amorim.
Com a permanência da paralisação, decida em assembleia neste domingo, as operações montadas pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), SPTrans, CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e Metrô para atender à população continuarão sendo realizadas nesta segunda.
Metrô funciona parcialmente
As linhas 1-azul, 2-verde e 3-vermelha deverão continuar funcionando parcialmente, priorizando a região central. O Metrô de São Paulo, porém, não divulga antecipadamente o horário de abertura e quais estações funcionarão. A linha 5-lilás deve operar normalmente, como nos demais dias de paralisação, assim como a linha 4-amarela, que é privada.
A estação Corinthians-Itaquera, da linha 11-Coral da CPTM, que permite baldeação para a linha 3-vermelha do metrô, ficará fechada no início da manhã. Segundo a assessoria de imprensa da companhia, ela somente será aberta quando o fluxo na estação Guaianazes diminuir.
"Estaremos monitorando o volume de passageiros que embarcam nessa estação. As plataformas da Corinthians-Itaquera não comportam a demanda de passageiros da CPTM e do metrô", explicou o órgão por meio de sua assessoria.
A operação da linha 7-rubi (Luz-Francisco Morato) será estendida até a estação Brás nos horários de pico. Além disso, as baldeações entre metrô e CPTM nas estações Palmeiras-Barra Funda, Brás, Tamanduateí, Santo Amaro, Tatuapé e Luz, permanecerão fechadas até que a operação do metrô se inicie.
Ônibus especiais
A assessoria de imprensa da SPTrans informou que a mesma operação realizada na sexta-feira (6) se repetirá nesta segunda. O Paese (Plano de Atendimento entre Empresas de Transporte em Situação de Emergência) continuará colocando ônibus para circular nos trajetos das linhas do metrô.
Haverá reforço na frota de todas as linhas. Na zona leste, ônibus extras circularão entre as estações Corinthians-Itaquera e Parque Dom Pedro 2º. Na zona sul, a Paese funcionará entre as estações Jabaquara e Paraíso. Já na zona norte, ônibus extras irão circular entre as estações Tucuruvi e Tietê.
Rodízio
A CET suspendeu o rodízio municipal para carros de passeio para esta segunda. Com a medida, os veículos com as placas finais 1 e 2, que estariam sujeitos à restrição, poderão circular na cidade sem risco de multa. A exceção não se estende a caminhões e veículos fretados.
Com o rodízio suspenso, o trânsito da capital paulista registrou recorde na quinta (5) e na sexta-feira (6). O primeiro dia da greve, São Paulo bateu recorde de lentidão para o período da manhã em 2014, registrando 209 km de congestionamento às 9h30. No segundo dia, a CET registrou às 10h 239 km de filas, o terceiro pior índice para o período desde que as medições foram iniciadas, em 1994.
Decisão judicial
Em sessão extraordinária realizada na manhã desse domingo, oito desembargadores do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) consideraram abusiva a paralisação dos metroviários de São Paulo. Segundo os magistrados, a categoria desrespeitou decisão judicial anterior, que determinava que ao menos 70% dos profissionais trabalhassem em durante a greve. Caso continuem com o movimento, será empregada uma multa de 500 mil por dia de paralisação.
Além disso, a Justiça determinou neste domingo que haverá desconto nos salários dos profissionais pelos dias não trabalhados e que não há garantia de estabilidade de emprego para os grevistas. A corte também definiu que o reajuste salarial da categoria deve ser fixado em 8,7%, mesmo percentual oferecido pelo Metrô. Atualmente, o piso salarial dos metroviários é de R$ 1.323,55.
Apesar da decisão, a categoria decidiu em assembleia realizada na tarde deste domingo manter o movimento grevista. “Estamos no nosso direito de fazer greve. A nossa arma é a greve. Oferecemos alternativas, como a catraca livre e o desconto no nosso dia de trabalho, mas nem o governo e nem a justiça aceitaram. Eles nos culpam, mas é o governo que não quer negociar”, diz Raquel Amorim, agente de segurança e diretora do Sindicato dos Metroviários de São Paulo.
O governador Geraldo Alckmin afirmou que os funcionários que não retornarem ao trabalho correm o risco de serem demitidos por justa causa, já que o TRT determinou o fim da greve.
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