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Justiça diz que greve é abusiva, mas metroviários mantêm paralisação em SP

DO UOL, em São Paulo

08/06/2014 15h56Atualizada em 08/06/2014 20h36

Em assembleia realizada na tarde deste domingo (8), os metroviários de São Paulo decidiram manter a greve da categoria, iniciada na última quinta-feira (5). Nesses quatro dias, a paralisação afetou cerca de 3,9 milhões de pessoas e tem provocado transtornos para os paulistanos. O rodízio de veículos voltou a ser suspenso amanhã.

A decisão de manter a greve foi tomada após o julgamento da greve pelo TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de São Paulo, que considerou a paralisação abusiva e determinou uma multa de R$ 500 mil por dia caso os metroviários não voltem imediatamente ao trabalho.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) classificou a paralisação como "abusiva e ilegal". O tucano disse que os funcionários que não retornarem ao trabalho podem ser demitidos por justa causa.

Na assembleia de hoje, o presidente do sindicato, Altino Melo Prazeres, discursou pela manutenção do movimento e atacou Alckmin. "Com ou sem greve, poder haver demissões. O governador odeia a gente. Esses caras são financiados por empresas", afirmou.

"Tem uma Copa do Mundo, o maior evento esportivo do mundo. Estamos em um momento único. Tem também eleições no fim do ano. Os protestos do ano passado entraram na nossa mente", disse Prazeres.

Ele também convocou uma nova assembleia para esta segunda-feira (9), às 13h. Fora isso, o sindicato marcou para amanhã um ato público, às 7h, na estação Ana Rosa. Eles pretendem marchar até o centro da cidade, o que deve complicar o trânsito mais uma vez.

Durante a assembleia quatro pessoas falaram a favor da greve e quatro se pronunciaram contra a greve. A continuidade da greve foi decidida pela maioria das pessoas presentes.

Funcionários que falaram contra a continuidade da greve foram vaiados. "A nossa greve já é vitoriosa. Nós fomos à mesa de negociação, aceitamos negociar. Nós resolvemos jogar esse jogo e agora veio a decisão [da Justiça]", disse um trabalhador.

Decisão da Justiça

Na decisão de hoje, a Justiça também fixou o reajuste salarial da categoria em 8,7%, valor proposto pelo Metrô na última negociação. Atualmente, o piso salarial dos metroviários é de R$ 1.323,55.

Inicialmente, o pedido de reajuste feito pelo sindicato era de 35,5%, valor escolhido por ser o mesmo que uma comissão do Senado aprovou para os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) em maio passado. Na quarta-feira (4), também em reunião no TRT, a categoria diminuiu o pedido para 16,5%. Na quinta-feira (5), os trabalhadores baixaram a reivindicação para 12,2%.

Os metroviários têm conseguido aumentos salariais maiores que a inflação e que a média obtida pelos empregados do setor de transportes. Enquanto os empregados do setor tiveram 4,9% de aumento real entre 2011 e 2013, segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos (Dieese), os metroviários tiveram 6,26%.

Funcionamento do metrô

As estações do metrô em funcionamento neste domingo (8) abriram com mais de uma hora de atraso. O horário normal para o início da circulação dos trens é às 4h30, mas com a greve dos metroviários as estações começaram a funcionar por volta de 6h.

Na linha 1-azul, estão abertas as estações de Ana Rosa a Luz; na linha 2-verde, funcionam as estações de Ana Rosa a Vila Madalena; na linha 3-vermelha, os trens circulam da estação Bresser-Mooca à estação Marechal Deodoro. A linha 4-amarela, que opera sob concessão e por isso não foi afetada pela greve, tem circulação de trens interrompida entre as estações Faria Lima e Paulista neste domingo, devido a obras de expansão. A linha 5-lilás funciona normalmente.