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São Paulo entra no 5º dia de greve do metrô com operação parcial e protesto

Usuários do metrô tentam embarcar na estação Jabaquara, mas encontram os portões fechados nesta segunda-feira (9) - Reinaldo Canato/UOL
Usuários do metrô tentam embarcar na estação Jabaquara, mas encontram os portões fechados nesta segunda-feira (9) Imagem: Reinaldo Canato/UOL

Do UOL, em São Paulo

09/06/2014 05h07Atualizada em 09/06/2014 12h32

A greve dos metroviários prossegue nesta segunda-feira (9), apesar de a Justiça considerá-la abusiva. No início desta manhã, apenas as linhas 4-amarela, operada por concessionária, e 5-lilás iniciaram a operação no horário normal. Às 5h30, a linha 3-vermelha passou a funcionar. Está operando entre as estações Penha e Marechal Deodoro. Às 6h20, passaram a funcionar as linhas 1-azul e 2-verde. Funcionam os trechos entre as estações Saúde e Luz (linha 1-azul) e Vila Madalena a Ana Rosa (linha 2-verde).

A CPTM opera normalmente em todas linhas, incluindo a estação Corinthians-Itaquera, da linha 11-Coral, que ficou fechada no início desta manhã. 

Manifestantes entraram em confronto com a polícia em frente da estação Ana Rosa, na zona da sul da capital. O protesto teve a participação de outras entidades sociais e manteve fechada a estação, com barricadas na rua Vergueiro no sentido zona sul. Somente por volta das 8h, a estação Ana Rosa foi aberta.

A PM levou para o 36º DP (Vila Mariana) um grupo de aproximadamente 13 metroviários, que foram retidos dentro da estação durante o protesto. Os funcionários entraram no local para tentar convencer outros trabalhadores a aderirem à paralisação.

Não há informações sobre prisões e feridos. Do lado de fora manifestantes fizeram uma barricada e queimaram madeira e outros objetos na rua Vergueiro. 

O protesto desta manhã estava previsto na noite de domingo para ser realizado em conjunto com integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), do MPL (Movimento Passe Livre) e de outras centrais sindicais. O trajeto a ser percorrido pelos manifestantes e o destino final do protesto não foram divulgados. "Vamos decidir o percurso no local. Estamos vivendo uma onda de repressão e não queremos chegar a determinado lugar e o Choque [Tropa de Choque da Polícia Militar] estar lá nos esperando”, diz Raquel Amorim, agente de segurança e diretora do Sindicato dos Metroviários.

Uma nova assembleia está marcada para as 13h. “Vamos enviar uma carta à presidente Dilma Rousseff. Estamos na semana da Copa e acreditamos que o governo federal deveria se posicionar”, afirma Amorim.

Faltam apenas três dias para o início da Copa do Mundo, no Itaquerão, que tem o metrô como principal via para chegar ao estádio.

Com a permanência da paralisação, decidida em assembleia neste domingo, as operações montadas pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), SPTrans, CPTM  (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e Metrô para atender à população continuarão sendo realizadas nesta segunda.

Metrô deve funcionar parcialmente

Como nos outros dias de paralisação, as linhas 1-azul, 2-verde e 3-vermelha abriram em horário posterior ao normal e funcionam parcialmente, priorizando a região central. O Metrô de São Paulo, porém, não divulga antecipadamente o horário de abertura e quais estações funcionarão.

A operação da linha 7-rubi (Luz-Francisco Morato) será estendida até a estação Brás nos horários de pico. Além disso, as baldeações entre metrô e CPTM nas estações Palmeiras-Barra Funda, Brás, Tamanduateí, Santo Amaro, Tatuapé e Luz, permaneceram fechadas até que o começo da operação do metrô.

Ônibus especiais

A assessoria de imprensa da SPTrans informou que a mesma operação realizada na sexta-feira (6) se repetirá nesta segunda. O Paese (Plano de Atendimento entre Empresas de Transporte em Situação de Emergência) continuará colocando ônibus para circular nos trajetos das linhas do metrô.

Haverá reforço na frota de todas as linhas. Na zona leste, ônibus extras circularão entre as estações Corinthians-Itaquera e Parque Dom Pedro 2º. Na zona sul, a Paese funcionará entre as estações Jabaquara e Paraíso. Já na zona norte, ônibus extras irão circular entre as estações Tucuruvi e Tietê.

Rodízio

A CET suspendeu o rodízio municipal para carros de passeio para esta segunda. Com a medida, os veículos com as placas finais 1 e 2, que estariam sujeitos à restrição, poderão circular na cidade sem risco de multa. A exceção não se estende a caminhões e veículos fretados.

Com o rodízio suspenso, o trânsito da capital paulista registrou recorde na quinta (5) e na sexta-feira (6). O primeiro dia da greve, São Paulo bateu recorde de lentidão para o período da manhã em 2014, registrando 209 km de congestionamento às 9h30. No segundo dia, a CET registrou às 10h 239 km de filas, o terceiro pior índice para o período desde que as medições foram iniciadas, em 1994.

Decisão judicial

Em sessão extraordinária realizada na manhã desse domingo, oito desembargadores do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) consideraram abusiva a paralisação dos metroviários de São Paulo. Segundo os magistrados, a categoria desrespeitou decisão judicial anterior, que determinava que ao menos 70% dos profissionais trabalhassem em durante a greve. Caso continuem com o movimento, será empregada uma multa de 500 mil por dia de paralisação.

Além disso, a Justiça determinou neste domingo que haverá desconto nos salários dos profissionais pelos dias não trabalhados e que não há garantia de estabilidade de emprego para os grevistas. A corte também definiu que o reajuste salarial da categoria deve ser fixado em 8,7%, mesmo percentual oferecido pelo Metrô. Atualmente, o piso salarial dos metroviários é de R$ 1.323,55.

Apesar da decisão, a categoria decidiu em assembleia realizada na tarde deste domingo manter o movimento grevista. “Estamos no nosso direito de fazer greve. A nossa arma é a greve. Oferecemos alternativas, como a catraca livre e o desconto no nosso dia de trabalho, mas nem o governo e nem a justiça aceitaram. Eles nos culpam, mas é o governo que não quer negociar”, diz Raquel Amorim, agente de segurança e diretora do Sindicato dos Metroviários de São Paulo.

O governador Geraldo Alckmin afirmou que os funcionários que não retornarem ao trabalho correm o risco de serem demitidos por justa causa, já que o TRT determinou o fim da greve.