Topo

Polícia indicia quatro por depredações em protestos contra a Copa em BH

Um carro da Polícia Civil chegou a ser virado por manifestantes em Belo Horizonte  - AP Photo/Martin Meissner
Um carro da Polícia Civil chegou a ser virado por manifestantes em Belo Horizonte Imagem: AP Photo/Martin Meissner

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

26/06/2014 15h07

A Polícia Civil de Minas Gerais informou nesta quinta-feira (26) ter indiciado quatro pessoas que, conforme a corporação, se aproveitaram de manifestações contrárias à realização da Copa no país para cometer crimes em Belo Horizonte.

Três inquéritos foram concluídos, nos quais os suspeitos foram indiciados pelos crimes de dano ao patrimônio, porte de artefato explosivo, associação para o crime e corrupção de menores. Dois dos inquéritos já foram encaminhados para a Justiça, sendo que o terceiro será enviado nesta quinta.

Igor Daniel de Aguiar foi indiciado por porte de artefato explosivo, cuja pena de prisão prevista é de três a seis anos, além de multa. Ele foi preso no dia 14 deste mês portando coquetel molotov, máscara e touca ninja, conforme a polícia.

Outra indiciada foi a pernambucana Patrícia Dantas Dias, presa em flagrante no dia 12 após ter sido acusada de participação na depredação de um carro da Polícia Civil, na sede do Detran (Departamento de Trânsito) de Minas Gerais, na avenida João Pinheiro, região centro-sul da capital mineira. A mulher foi acusada dos crimes de dano ao patrimônio (três meses a três anos de prisão) e associação para o crime (um a quatro anos de detenção).

Já Karine Melo e Fernando Rinaldi foram indiciados pelos mesmos crimes atribuídos a Patrícia Dantas, além do crime de corrupção de menores (um a três anos de prisão). Segundo a polícia, o casal agia em companhia de um menor nas imediações da praça Raul Soares, no centro da cidade.

O UOL não conseguiu identificar advogados de defesa dos indiciados. A corporação afirmou ainda que mais seis inquéritos estão em andamento. 

Esquema para Brasil x Chile

O tenente-coronel Alberto Luís, chefe de comunicação da Polícia Militar de Minas Gerais, informou que o jogo entre as seleções do Brasil e do Chile marcado para o sábado (28) terá o mesmo esquema adotado para os outros jogos que ocorreram no estádio do Mineirão, na região da Pampulha.

Ele descartou esquema especial em razão de incidente no qual torcedores chilenos invadiram área destinada à imprensa no estádio do Maracanã, momentos antes do jogo entre Espanha e Chile, no dia 18.

“Nós já temos um esquema especial. Ou seja, o nosso esquema é de delimitar o perímetro de segurança de dois quilômetros no entorno do estádio. Só passa quem tem ingresso”, afirmou. “É quase impensável ocorrer aqui o que ocorreu no outro Estado [Rio de Janeiro]. Não é uma crítica, não conheço a estrutura de lá, mas aqui eles já seriam barrados porque o esquema é bem forte. Nós vamos ter 13 mil homens e mulheres a postos.”

O oficial disse ainda que esquema que ficou conhecido como “envelopamento” de manifestantes será usado novamente na cidade caso haja necessidade. A tática consistiu em confinar os manifestantes em uma área, com cordão de isolamento feito por PMs, não permitindo a eles se movimentarem pelas ruas da cidade em dias de jogos da Copa.

A ação foi contestada na Justiça por advogados de movimentos sociais contrários à realização da Copa no país. Nesta semana, um juiz havia determinado, ao comando da PM, por meio de liminar, que a corporação não obstruísse a caminhada de manifestantes pelas ruas da cidade, desde que feita de maneira pacífica e com prévio aviso aos militares.

No entanto, a Advocacia-Geral do Estado recorreu e, nesta quinta-feira, o TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) suspendeu a liminar. Segundo o desembargador Joaquim Herculano Rodrigues, “a gravidade e a contundência da atuação criminosa eventualmente infiltrada nos movimentos populares’ justificou a suspensão da liminar.

Em entrevista coletiva na manhã de hoje, representantes dos governos municipal e estadual revelaram que 109 pessoas foram detidas desde o início da operação especial de segurança feita para a Copa. Entre as ocorrências, destacaram-se as de furto, roubo, porte ilegal de arma, uso e comercialização de drogas, desacato e dano ao patrimônio. 

Ao todo, 51 turistas estrangeiros foram detidos, sendo 35 colombianos, cinco peruanos, quatro ingleses, três argentinos e três franceses, além de um neozelandês. Ainda conforme esse balanço, 471 pessoas (autores ou vítimas) foram registradas em procedimentos policiais feitos pela Polícia Civil.