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Advogada acusada de violência em protestos no Rio pede asilo ao Uruguai

Uruguai dará asilo a presos de Guantanamo - Sergio Lima/Folhapress - Sergio Lima/Folhapress
O presidente do Uruguai, José Mujica (foto), acertou com o presidente americano Barack Obama a transferência para o país sul-americano de homens presos na base de Guantánamo. Leia mais na entrevista de Mujica ao UOL e à Folha
Imagem: Sergio Lima/Folhapress

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

21/07/2014 12h46Atualizada em 22/07/2014 14h56

A advogada Eloísa Samy, acusada de atos violentos em protestos no Rio de Janeiro e considerada foragida pela Justiça, foi na manhã desta segunda-feira (21)  ao Consulado-Geral do Uruguai para pedir asilo político ao país vizinho. Ela pediu asilo também para o jovem David Paixão --por quem é responsável legal-- e para e Camila Nascimento. Investigada pela Operação Firewall, da Polícia Civil, ela foi um dos 23 ativistas que tiveram prisão preventiva decretada, por associação criminosa, pela 27ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, na última sexta-feira (18).

A informação foi divulgada pelo DDH (Instituto de Defensores de Direitos Humanos), organização não governamental da qual Eloísa Samy faz parte. Segundo o DDH, o objetivo da advogada é conseguir o asilo para defender-se, em liberdade, das acusações que são feitas pelo Ministério Público.

Segundo o advogado Rodrigo Mondego, que conversou com Eloisa dentro do Consulado, a advogada pediu asilo por se considerar uma perseguida política do Estado. “Ela disse que está tendo três direitos humanos cerceados: de julgamento justo, presunção de inocência e liberdade”, disse Mondego. Eloísa falou também que foi até o Consulado em uma atitude “de desespero”.

Mondego afirmou que Eloísa Samy escolheu o consulado do Uruguai pelo fato de o país ser presidido por um ex-preso político, José Mujica. "Ela entendeu que era o pais certo", relatou. O consulado informou que se pronunciará ainda hoje sobre o caso.

A advogada divulgou vídeo nesta segunda no qual afirma que não cometeu crime algum e que o Estado “atua na ilegalidade”. “Um direito fundamental violado afronta todos nós. (...) Quem atua na ilegalidade é o Estado. Temos o direito de defender nossas ideias, nossos desejos de transformação para o Brasil ir além”, afirma a advogada.

A Delegacia de Repressão contra Crimes de Informática da Polícia Civil procura nesta segunda pelos 18 ativistas. Também foram denunciadas cinco pessoas que já estão presas. Fabio Raposo Barbosa e Caio Silva Rangel já estavam presos desde o primeiro semestre, acusados de acender o rojão que matou o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade. Já Elisa De Quadros Pinto Sanzi, conhecida como Sininho, Camila Aparecida Rodrigues Jourdan e Igor Pereira D’Icarahy foram presos pela Operação Firewall, no último dia 12.

Ontem, o desembargador Flávio Horta Fernandes, do Plantão Judiciário, negou pedidos de habeas corpus para os 23 denunciados. Dos 18 foragidos, 11 haviam sido presos no dia 12 de julho, mas libertados no dia 17, porque sua prisão temporária não foi prorrogada. Os outros sete estão foragidos desde o dia 12.

Inquérito

O inquérito da Polícia Civil do Rio sobre atos de violência em protestos indica, segundo reportagem do jornal "O Globo" publicada nesta segunda-feira (21), que o grupo de manifestantes investigados se organizava a fim de fabricar e distribuir bombas, coquetéis molotov e ouriços (peças feita com pedaços de vergalhões).

Ainda de acordo com o jornal, a DRCI (Delegacia de Repressão a Crimes de Informática) constatou que o armamento seria utilizado para ferir policiais militares e furar os pneus dos carros da PM. O grupo planejava um suposto ataque para o dia da final da Copa do Mundo, 13 de julho, diz o jornal.

No inquérito, a Polícia Civil argumenta que o grupo, supostamente liderado pela ativista Elisa de Quadros Pinto Sanzi, a "Sininho", se dividia por meio de comissões. A principal delas, a de organização, tinha à frente a professora universitária Camila Rodrigues Jourdan, de acordo com "O Globo".

"Prisões políticas"

A ONG Justiça Global encaminhou para o Ministério da Justiça, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e o Conselho Nacional de Direitos Humanos ofícios cobrando providências em relação às "prisões políticas" ocorridas no Rio.

"A prisão arbitrária de manifestantes e de defensores de diretos humanos que atuam através dos movimentos sociais e de organizações políticas representa uma violação à defesa e garantia dos direitos. O que apontamos, portanto, é que este inquérito visa tão só a desmobilização, deslegitimação, intimidação e criminalização de defensores de direitos humanos, representando grave violação por parte do estado do Rio de Janeiro, principalmente ao tratá-los enquanto associação criminosa", diz o texto enviado. (Com Agência Brasil)

Uruguai dará asilo a presos de Guantanamo

Em negociação com a Casa Branca, o governo do Uruguai acertou conceder asilo a "cinco ou seis" detentos da prisão da Base Naval de Guantánamo, em Cuba. A informação foi confirmada pelo próprio presidente do Uruguai, José Mujica, em entrevista ao UOL e à Folha, no último sábado (19).

No fim de março, Mujica já havia demonstrado intenção de colaborar com o fechamento da prisão de Guantánamo, criada pelo presidente George W. Bush, em 2002, para manter os suspeitos de pertencer à Al Qaeda fora das proteções legais que regem nos tribunais federais americanos.

"Aspiramos que os outros países da América possam entender isso. Porque você também que ajudar Cuba. Não podemos falar todos os dias de direitos humanos e fazer discursos bonitos, mas não assumir algum compromisso", afirmou Mujica.