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Israelense condenado por tráfico de órgãos será extraditado para o Brasil

O israelense Gedalia Tauber foi preso ao tentar entrar na Itália com passaporte falso - Divulgação
O israelense Gedalia Tauber foi preso ao tentar entrar na Itália com passaporte falso Imagem: Divulgação

Do UOL, em Maceió

30/07/2014 13h33

A Polícia Federal em Pernambuco informou nesta quarta-feira (30) que enviou um delegado e um agente para a Itália para trazer de volta ao Recife um ex-integrante do Exército israelense que estava foragido desde 2009.

O pedido de extradição feito pela Vara de Execuções Penais foi aceito pelo Ministério da Justiça italiano no último dia 16. Gedalia Tauber, 78, foi condenado pela Justiça brasileira a oito anos e nove meses de prisão por integrar uma quadrilha de tráfico humano que cooptava pernambucanos para retirada de órgãos.

A chegada do condenado ao Brasil vai acontecer na tarde do sábado (2). Tauber estava preso, mas conseguiu uma autorização da Justiça para realizar uma viagem internacional por 30 dias, em janeiro de 2009, mas não retornou a Pernambuco.

Em outubro do mesmo ano, ele teve a prisão decretada pela Justiça brasileira e passou a ser procurado em todo o mundo pela Interpol. O israelense ainda precisa cumprir quatro anos, nove meses e seis dias de prisão no país.

Segundo a PF, a prisão do israelense aconteceu no dia 6 de junho, no aeroporto de Fiumicino, em Roma, quando tentava entrar na Itália vindo de Boston, nos Estados Unidos.

Policiais italianos teriam desconfiado que seu passaporte era falso e, após interrogatório e pesquisa na base de dados da Interpol, descobriram que o ex-oficial era procurado mundialmente.

Quando chegar ao país, Tauber será levado para o Centro de Observação e Triagem, onde ficará a disposição da 1ª Vara Regional de Execução Penal.

A operação

A Operação Bisturi teve duração de nove meses --entre março e dezembro de 2003-- para desarticular uma quadrilha que atuava no Brasil, África do Sul e Israel. O grupo aliciava pessoas pobres no Recife e no interior de Pernambuco para a retirada de órgãos.

Os rins retirados das vítimas eram oferecidos a pacientes de Israel na África do Sul, a fim de aplicar um golpe no sistema de saúde daquele país, que indenizava cada cirurgia com US$ 150 mil.

As vítimas em Pernambuco eram obrigadas a assinar uma declaração falsa afirmando que quem estava recebendo a doação do órgão era um parente.

Segundo a PF, 47 pessoas chegaram a ser levadas para o Hospital Sant Agostini, em Durban, na África do Sul, onde tinha um rim retirado e recebiam entre R$ 5.000 e R$ 30.000 pelo golpe.

Na operação foram presas e condenadas 12 pessoas no Brasil, todas aliciadoras; duas em Israel e 20 na África do Sul, entre médicos e enfermeiras que realizavam as cirurgias.

Segundo as investigações, a quadrilha movimentou cerca de US$ 4 milhões.