Afetados por queda de avião de Campos relatam dificuldade para dormir
Moradores de áreas afetadas pela queda do avião que matou o candidato à Presidência Eduardo Campos (PSB) e outras seis pessoas, em Santos (litoral de São Paulo), dizem terem ficado traumatizados com o acidente e que precisam de acompanhamento psicológico. O acidente completa um mês neste sábado (13).
A aeronave caiu no terreno de uma casa no bairro Boqueirão, área residencial da cidade. Destroços do avião atingiram apartamentos, casas e uma academia nas imediações do local da queda. Houve incêndios e famílias inteiras ficaram desalojadas.
A aposentada Marlene Rodrigues Martines, 64, mora em um bloco de apartamentos onde partes de uma das turbinas do Citation XL560 caíram. Ela conta que estava em casa no momento do acidente e que não consegue esquecer o som do acidente. "O avião caiu a uns seis metros de onde eu estava. O estrondo foi enorme. Não sei se vou conseguir me esquecer disso um dia”, diz.
Os efeitos do acidente em Marlene foram instantâneos. "Tive diarreias, muita dificuldade para dormir, estresse. Eu já tomava remédio controlado, mas agora estou tendo que tomar remédios para dormir. Meu médico quem prescreveu”, afirma.
Marlene teve de deixar seu apartamento, onde morava com duas irmãs (todas entre 64 e 70 anos de idade) e agora vive na casa de uma sobrinha enquanto seu apartamento, interditado pela Prefeitura de Santos, não é reformado e liberado.
"Toda essa situação de você ter de sair da sua própria casa e morar de favor é muito estressante. Já passei dos 60, então não é fácil. Hoje, qualquer barulho um pouco mais alto já me deixa preocupada. Estou em constante estado de alerta", relata.
Outro afetado pela tragédia que vem enfrentando dificuldades psicológicas possivelmente causadas pelo acidente que matou Campos foi o estudante e sushiman Rafael Tomaiozi, 26. Parte do apartamento em que ele dormia com a namorada no momento do acidente pegou fogo.
“Acordei com o barulho na janela do quarto onde eu dormia. A janela quebrou e eu saí correndo com a minha namorada. Quando vi o estrago no apartamento do meu vizinho, eu fiquei parado, assustado. A gente poderia ter morrido. Minha namorada foi quem me puxou”, diz Rafael.
Um mês depois do acidente, Rafael diz que apresenta problemas para dormir, inquietação e dificuldade para se concentrar em atividades domésticas.
“Eu só consigo dormir depois das 6h. Só durmo quando eu estou muito cansado. Tenho que terminar minha dissertação, mas simplesmente não consigo me concentrar em nada por mais de 10 minutos. Minha mãe pediu para eu ir ao psicólogo, mas ainda não tive tempo”, conta o sushiman.
Suporte psicológico
Nos primeiros dias após o acidente, a Prefeitura de Santos deslocou assistentes sociais e psicólogos da rede pública para atender os afetados pelo acidente em um posto de saúde dedicado ao atendimento de pacientes soropositivos. Dias após a tragédia, os psicólogos deixaram o local.
Segundo a coordenadora da unidade (que é referência para o atendimento de portadores do vírus do HIV) Luzana Bernardes, um mês depois do acidente, várias pessoas continuam procurando o local em busca de ajuda psicológica.
“Muitas vezes, as pessoas chegam aqui querendo desabafar, falar sobre o quanto o acidente foi traumático para elas. Outras apenas ligam pra gente e nós as encaminhamos para os psicólogos. A maioria apresenta sinais de ansiedade, dificuldade para dormir ou sensibilidade a ruídos”, explica Luzana Bernardes.
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