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Homem acusado de matar irmãs é condenado a 42 anos de prisão

Daniel Leite

Do UOL, em Taubaté (SP)

03/12/2014 20h39

O homem acusado de matar duas adolescentes em Cunha (231 km de São Paulo), no Vale do Paraíba, foi condenado nesta quarta-feira (3) a 42 anos de prisão. O julgamento de Ananias dos Santos, 31, ocorreu quase quatro anos depois do assassinato das irmãs Josely e Juliana Oliveira, que tinham 15 e 16 anos de idade, respectivamente.

A defesa dele disse que não vai recorrer da decisão, que saiu após cinco horas de julgamento. O réu foi condenado por homicídio duplamente qualificado, com motivo fútil e sem possibilidade de defesa das vítimas.

O júri popular, formado por seis homens e uma mulher, foi realizado em São José dos Campos (97 km de São Paulo). Ananias aparentava estar tranquilo e nem um pouco incomodado com a presença de parentes das meninas que, segundo a Justiça, ele assassinou depois de abordá-las em uma emboscada, enquanto elas voltavam da escola, em março de 2011.

Antes do julgamento, o pai delas afirmou que tinha esperança na justiça e que perdoava o assassino, ao contrário da mãe. "Eu não consigo perdoar. Por enquanto, não", disse Iracema Oliveira.

Ananias foi ouvido logo no início da sessão. Não foram permitidas imagens do julgamento. O réu disse que chegou a confessar o assassinato em outras ocasiões porque teria sido torturado pela polícia. Ananias não apresentou testemunha de defesa.

Segundo as investigações, o acusado sentia atração por uma das meninas mortas --Juliana--, mas a adolescente não queria ter um relacionamento com ele. A namorada do réu teria se irritado com o sentimento dele por Juliana. Para dar fim a isso, ele teria matado a menor. Em seguida, assassinou a irmã, Josely, para que não ela não servisse de testemunha. Os corpos foram encontrados cinco dias depois do desaparecimento das duas, na zona rural de Cunha.

A promotoria de Justiça conseguiu convencer os jurados de que o acusado, de fato, matou as menores. A acusação foi de homicídios duplamente qualificados, sem defesa para as duas vítimas, nos dois casos; por motivo fútil, na morte de Juliana, e para ficar impune em relação ao outro crime, que foi o assassinato de Josely.

Quatro jurados votaram pela condenação, antecipando o final da sessão. A juíza que presidiu o júri, Beatriz Afonso Pascoal, leu a sentença às 15h30.

"Foi uma condenação satisfatória", resumiu o promotor de justiça, Fábio Xavier. Segundo ele, Ananias ficou boa parte do tempo de cabeça baixa, sem esboçar qualquer reação.

Já defensor de Ananias, Nathan Dias, que pegou o caso há menos de um mês, afirmou que não vai recorrer porque "cumpriu com o dever" de defender o réu, mas explicou que Ananias pode procurar outro advogado e entrar com recurso em até cinco dias.

Os pais das irmãs assassinadas saíram pelos fundos do fórum, sem gravar entrevista.  Por telefone, ao ser perguntada se achou a condenação justa, a mãe demonstrou, ao mesmo tempo, revolta e fé. "Foi pouco pelo que ele fez com minhas filhas. Mas a justiça de Deus é maior".

Ananias dos Santos está preso em Tremembé, também no Vale do Paraíba. Ele já chegou a entrar na lista dos 25 criminosos mais procurados do Estado de São Paulo. Já havia sido condenado por roubo, porte ilegal de armas, formação de quadrilha e constrangimento ilegal, além de ter fugido da mesma prisão onde vai cumprir a pena.