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Cheia invadiu área igual a de 4.500 campos de futebol em Rio Branco

Carlos Madeiro

Do UOL, em Rio Branco

18/03/2015 06h00

A água do rio Acre, que registrou a maior cheia da história neste mês, atingiu uma área equivalente a 4.500 campos de futebol, invadiu mais de 900 ruas e afetou mais de 24 mil moradias de Rio Branco. O prejuízo total ainda está sendo calculado, mas a tragédia ocorreu justamente quando a capital acriana ainda se recuperava de outra cheia histórica, em 2012.

Mais de uma semana após atingir o ápice de 18,4 metros, o cenário de destruição causado pelo transbordamento do rio Acre ainda surge à medida em que as águas baixam. 

A reportagem do UOL passou uma semana por boa parte dos 53 bairros que ficaram inundados e encontrou um cenário de dezenas de casas inutilizadas, ruas com calçamento e calçadas destruídos.

Um dos bairros mais atingidos é justamente o primeiro da capital acriana, o Seis de Agosto, que fica às margens do rio Acre. “Moro aqui há muitos anos, nunca vi nada igual a essa cheia”, disse Sebastião Lopes de Souza, 59.

Com medo de ver se repetir uma nova tragédia, o clima no bairro é de desolação e de cobranças por casas novas. “Eu não aguento mais outra alagação, tenho problemas de saúde”, disse Maria Eunice da Silva, 66, que conta ter sofrido com enchentes em 1997 e em 2012. “Mas essa foi pior, chegou dentro de casa. Passei mal”, completou ela, que se abrigou no bairro Sesi até que a água baixasse e pudesse voltar ao Seis de Agosto.

Situação dramática

O prefeito Marcus Alexandre (PT) afirma que a tragédia da enchente este ano teve “proporções inimagináveis”. “A situação é muito dramática. A maioria das pessoas perdeu tudo o que tinha. Estávamos nos recuperando ainda de 2012, que foi uma das maiores cheias da história, com o rio a 17,64 metros, dois centímetros a menos que a maior de 1997”, disse. “Tivemos 53 bairros atingidos, ou seja, um quarto da cidade ficou debaixo d'água. Muitas ruas viraram fundo de um rio.”

Segundo o prefeito, serão necessários pelo menos cinco anos para recuperar os danos causados pela destruição da cheia. “Vai depender muito dos investimentos também. Aqui na Amazônia, temos de quatro a cinco meses de verão. As obras de engenharia se concentram nesse período”, explicou. “Então a expectativa que tenho é de recuperar.”

Sobre reconstrução da cidade em outra área, o prefeito citou que existe um projeto em andamento na capital que pretende retirar as famílias que vivem em área de risco. “O empreendimento é o Minha Casa, Minha Vida Cidade do Povo, com previsão de 10.518 casas. Mais de 2.000 famílias já estão morando lá, a maioria que vivia em áreas de inundação ou beira de rio. Para nós, hoje, é o grande empreendimento”, afirmou. 

Nesta quarta-feira (11), a presidente Dilma Rousseff visitou Rio Branco, inaugurou 966 casas e liberou R$ 3,13 milhões para o Estado. Prometeu também acelerar a construção de mais casas para ajudar na retirada de moradores das áreas de risco, dando prioridade ao Estado na terceira fase do Minha Casa, Minha Vida.