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No 8º dia de rebeliões, RN tem 2 novas unidades depredadas; total vai a 14

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

18/03/2015 15h07

No oitavo dia de rebeliões em unidades prisionais do Rio Grande do Norte, detentos do Presídio Estadual Rogério Coutinho Madruga, anexo ao Presídio de Alcaçuz, em Nísia Floresta (região metropolitana de Natal), e do CDP (Centro de Detenção Provisória) de São Paulo do Potengi (a 78km de Natal) se amotinaram e voltaram a quebrar grades e celas nesta quarta-feira (18). Agora, já são 14 unidades prisionais do RN que registraram rebeliões e sofreram depredações.

Internos do complexo de Alcaçuz estão soltos nos pavilhões, quebrando as grades das celas. Segundo a direção do presídio Rogério Coutinho Madruga, os presos querem ventiladores, televisão e geladeira para cada uma das 52 celas.

Atendendo a pedido dos presos, o juiz da 12ª Vara Criminal de Natal, Henrique Baltazar Vilar dos Santos, chegou ao complexo penitenciário de Nísia Floresta. Ele disse que os detentos informaram que podem acabar com o motim caso as reivindicações dos internos sejam atendidas.

“Se eles encerrarem na condição de que vamos ouvi-los, não precisaremos usar a força necessária para controlar o local. A Força Nacional e Batalhão de Choque vão entrar nos pavilhões normalmente para fazer a revista e ninguém sairá ferido, porque não haverá força. Estamos aqui para ouvir as reclamações sobre as situações deles e, o que for justo, correto, estamos aqui para atender”, disse Baltazar.

Homens da Força Nacional e do BPChoque estão no presídio, prontos para invadir o pavilhão. O local é considerado de segurança máxima e está custodiando 402 presos, o limite de sua capacidade.

No início da manhã, os 49 presos do CDP de São Paulo do Potengi voltaram a se rebelar na unidade, mas a situação foi controlada duas horas depois, com intervenção da polícia.

Dois educadores que eram mantidos como reféns no Ceduc de Caicó, localizado na região do Seridó, desde a noite de terça-feira (17), foram libertados por volta das 8h. A polícia invadiu a unidade e conseguiu controlar a rebelião dos 25 adolescentes infratores.

Depredações

O juiz Henrique Baltazar disse que estima que são cerca de 2.000 vagas que foram destruídas no sistema prisional do Rio Grande do Norte.

“O Estado deverá com urgência providenciar os reparos e a construção de novas unidades para que não volte a acontecer esta situação”, disse o magistrado.

A série de rebeliões iniciou no último dia 11, quando presos da penitenciária de Alcaçuz se rebelaram, exigindo a saída da diretora Dinorá Simas. Simultaneamente, foram registrados motins na Penitenciária Estadual de Parnamirim (região metropolitana de Natal) e no Presídio Provisório Professor Raimundo Nonato, em Natal.

As ações são ordenadas pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) do Paraná, que tem integrantes nos presídios do Rio Grande do Norte.

Em Alcaçuz, há 1.100 internos, sendo que a penitenciária tem capacidade para 620 presos. Devido à superlotação e a falta de estrutura no local, presos usam telefones celulares abertamente na unidade e fazem conferências com o PCC do Paraná.

Devido ao colapso na segurança do sistema prisional do Estado, o governador Robinson Faria (PSD) pediu ajuda ao Ministério da Justiça ainda na noite de segunda-feira (16). Na terça, 215 militares da Força Nacional de Segurança Pública chegaram a Natal para reforçar a segurança nos presídios.