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Após 35 mortes em 4 dias, governador diz que Amazonas foi pego desprevenido

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

23/07/2015 19h42

Após um final de semana violento com 35 assassinatos e dez tentantivas de homicídio, o governador do Amazonas, José Melo de Oliveira (Pros), afirmou que a série de crimes “pegou a segurança pública desprevenida”. Oliveira comentou sobre o assunto durante um evento público em Manaus nesta quinta-feira (23)

O número de mortes contabilizado pela Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros aumentou de 34 para 35 com o assassinato de um ajudante de pedreiro, de 20 anos, no bairro Jorge Teixeira, zona Leste de Manaus, registrado às 10h da segunda-feira.

O governador admitiu que houve falha para dar início às ações de combate aos crimes pela SSP (Secretaria de Segurança Pública), mas não cogitou mudança na pasta, que é ocupada pelo secretário Sergio Fontes, e nem também nos comandos da PM (Polícia Militar) e da PC (Polícia Civil).

A série de mortes começou após os assassinatos de um preso do Ipat (Instituto Penal Antônio Trindade), decapitado pela facção criminosa Família do Norte por uma disputa do tráfico de drogas, e de um sargento da PM (Polícia Militar), ao reagir um assalto na zona sul da capital, na sexta-feira. A SSP (Secretaria de Segurança Pública) levanta a suspeita de que um grupo de extermínio tenha atuado nos crimes.

"O próprio Sérgio Fontes disse que foi uma coisa que pegou a segurança pública desprevenida. Ninguém esperava fatos daquela natureza e isso tem que servir de lição para que a gente possa estar atento para tudo isso", afirmou o governador.

Civil e Militar não se comunicaram

Em entrevista à Rede Amazônica, na quarta-feira (22), Fontes também admitiu que houve falhas de comunicação entre as polícias Civil e Militar e o comando das corporações para que iniciassem as ações de combate à violência.

“Se tivéssemos colocados a polícia em campo ainda na madrugada de sexta-feira para sábado certamente o número de pessoas atingidas teria sido bem menor. Não fui informado e acredito que nem o delegado geral nem o comando da PM foram informados pelo Ciops [Centro Integrado de Operações de Segurança]”, disse o secretário na entrevista. 

Dados da SSP apontaram que pelo menos oito pessoas assassinadas têm fichas na polícia registradas por envolvimento em tráfico de drogas, roubos e furtos. A SSP destacou que vem combatendo ostensivamente o tráfico de drogas e que as mortes também podem ser reações às ações policiais.

"Não descartamos nenhuma linha de investigação e pelo menos 20 mortes já estão sendo apuradas. Se os autores forem policiais ou integrantes de facção criminosa, eles não ficarão impunes. Nosso foco é esclarecer a morte do sargento para termos um direcionamento melhor e explicarmos o que aconteceu neste fim de semana. Estamos patrulhando toda a cidade. Com a presença da polícia na rua podemos evitar que o bandido circule de um lado a outro da cidade armado e esperando uma oportunidade para cometer crimes", ressaltou o delegado-geral Orlando Amaral.

Polícia na rua

O governo do Estado informou, por meio de nota enviada na noite desta quinta-feira, que foi criado um grupo especial de crise, formado por integrantes da SSP, Polícia Civil e Polícia Militar, além do MPE (Ministério Público Estadual), para apurar todos os homicídios ocorridos nos últimos dias. "Esse grupo vai apurar as ocorrências para esclarecer de uma vez por todas as razões que levaram a essas mortes. A sociedade amazonense terá uma resposta, pois a situação está controlada", disse o texto.

O governo do Estado destacou ainda que foram aumentados os contingentes de veículos e de policiais nas ruas “para dar maior garantia de segurança à população.” As ações policiais de reforço que eram feitas apenas em operações deixarão de ser pontuais e ficarão permanente em vários pontos da capital.