Imagem em convite para evento pelos direitos da mulher causa polêmica no RS
A escolha de uma imagem para ilustrar um evento cujo assunto principal são os direitos das mulheres gerou polêmica entre grupos feministas. Ao ilustrar o convite para a 2ª Conferência Municipal de Políticas para as Mulheres, a Coordenadoria das Mulheres da cidade de Santo Antônio da Patrulha (82 km de Porto Alegre), na região metropolitana, utilizou a imagem de um sapato em que o salto é uma escultura de pernas femininas dobradas e de joelhos.
O assunto repercutiu negativamente na internet e nos meios de comunicação, fazendo com que o evento fosse adiado. A imagem desagradou grupos feministas, que compartilharam pela rede uma foto do convite distribuído, alegando que a imagem exemplifica a "objetificação e desumanização" das mulheres.
O prefeito de Santo Antônio da Patrulha, Paulo Bier (PP), foi procurado, mas estava incomunicável em viagem. Sua assessoria, no entanto, ressaltou que o convite foi confeccionado e produzido "exclusivamente pela Coordenadoria da Mulher da cidade" e "não teve aprovação do prefeito e nem passou pelo setor de comunicação da prefeitura".
Conforme a Coordenadora Municipal da Mulher de Santo Antônio da Patrulha, Cecília Moreira, responsável pelo evento, em nenhum momento foi pensado que a imagem, retirada da internet, denegriria as mulheres.
"Trabalhamos muito a auto-estima da mulher, levando à autonomia econômica e ao rompimento do ciclo de violência. As mulheres da nossa cidade conhecem nosso trabalho, tanto que não estranharam o convite. Nossa intenção foi utilizar um sapato diferente, criativo", explica Cecília.
Segundo ela, trata-se de "um sapato em forma de mulher, e não uma mulher em forma de sapato".
"Recebi um retorno da presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher solicitando o cancelamento da arte. Concordamos e vamos adiar a conferência em virtude do prazo para a confecção e entrega de um novo convite", diz. Mas garante que o evento será realizado.
A explicação não agradou todo mundo. Algumas ativistas querem levar o caso ao Ministério Público e ao CNDM (Conselho Nacional dos Direitos da Mulher).
Desde o fim do ano passado, militantes pelos direitos femininos vêm se sentindo desrespeitadas pelo governo e Legislativo do RS.
Em 22 de dezembro de 2014, a Assembleia gaúcha aprovou a extinção da Secretaria de Políticas para as Mulheres. O ato foi realizado durante votação de projeto do então recém eleito governador José Ivo Sartori (PMDB) com intuito de reduzir de 27 para 19 o número de pastas do governo do RS.
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