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Doações de Pearl Jam e artistas brasileiros vão para projetos no rio Doce

Pescador do Rio Doce teme impacto de liminar contra mineradoras - Instituto Últimos Refúgios
Pescador do Rio Doce teme impacto de liminar contra mineradoras Imagem: Instituto Últimos Refúgios

Lucas Laranjeira e Rayder Bragon

Colaboração para o UOL, em Curitiba e Belo Horizonte

14/03/2016 18h10

Cerca de R$ 800 mil que vieram da arrecadação de shows em Minas Gerais e São Paulo irão para quatro diferentes projetos voltados para recuperação, monitoramento e projetos de renda para as comunidades do rio Doce, atingido pela onda de lama depois do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em novembro de 2015, no maior desastre ambiental do país. 

As famílias atingidas pela barragem em Mariana (MG) receberão mais de R$ 1 milhão que foram doados por várias pessoas após a tragédia. O acordo sobre distribuição do dinheiro foi fechado na semana passada pelo Ministério Público Estadual.

A banda norte-americana Pearl Jam doou US$ 100 mil [aproximadamente R$ 360 mil] arrecadados em um show da banda, no dia 20 de novembro do ano passado, em Belo Horizonte. Durante a apresentação, o vocalista Eddie Vedder pediu a punição aos responsáveis pela maior tragédia ambiental do país.

Outros R$ 440 mil vieram dos shows "Sou Minas Gerais", ocorridos em Belo Horizonte e São Paulo, e que contaram com artistas como Caetano Veloso, Criolo, Jota Quest, João Barone (Paralamas do Sucesso), Milton Nascimento, Emicida, Tulipa Ruiz, Nando Reis, Maria Gadú, Ney Matogrosso, entre outros.

Três projetos

Três entidades brasileiras são destinatárias dos recursos vindos do show do Pearl Jam. Cada uma receberá US$ 33,3 mil [aproximadamente R$120 mil].

Os projetos foram aprovados pela Vitalogy Foundation, braço social da banda que atua desde 2006 dando suporte a organizações não governamentais cujos trabalhos são voltados para a promoção de saúde de comunidades, meio ambiente, artes, educação e transformação social. Do valor de cada um dos ingressos vendidos para shows da banda, US$ 3 são revertidos para a Vitalogy. 

11.nov.2015 - Na noite desta quarta-feira, a banda Pearl Jam se apresentou em Porto Alegre pela terceira vez. O show aconteceu na Arena do Grêmio - Nede Losina /UOL - Nede Losina /UOL
A banda Pearl Jam
Imagem: Nede Losina /UOL

As organizações nacionais que vão receber o recurso são a Confrem (Comissão Nacional para o Fortalecimento das Reservas Extrativistas e dos Povos Extrativistas Costeiros Marinhos), a Fundação Terra e o Ibio (Instituto Bioatlântica).  O montante, que está em fase de transferência bancária, deverá ser liberado em breve, conforme relato de representantes e assessorias das organizações.

Elas disseram ter sido contatadas pela fundação da banda, em meados de dezembro do ano passado, e enviaram propostas de trabalhos que, segundo elas, foram analisadas e aprovadas.

A assessoria do Instituto Terra, mantido pelo fotógrafo Sebastião Salgado, adiantou que, quando estiver disponível, o valor será empregado nos programas mantidos há anos pela instituição e voltados para recuperação de áreas e nascentes degradadas da bacia do rio Doce.

Já a Confrem informou que o dinheiro será destinado a projetos voltados para as comunidades de pescadores artesanais situadas na foz do rio Doce, no Estado do Espírito Santo. As iniciativas serão discutidas com os pescadores impactados pelo derrame de rejeito de minério na região.

Por sua vez, a Ibio relatou que a verba vai ser utilizada em projeto de capacitação de agricultura sustentável “para recuperar e aprimorar a capacidade de produtores rurais atingidos pelo desastre”. O projeto prevê a criação de duas unidades de referência tecnológicas em estabelecimentos rurais da região “para disseminar técnicas, tecnologias e práticas agrícolas de alto rendimento”.

Greenpeace

Já os R$ 440 mil arrecadados pelos artistas brasileiros foram repassados ao Greenpeace Brasil. Com o dinheiro, a organização afirmou que financiará estudos independentes no rio Doce, que farão parte do “Projeto Rio de Gente”.

13.nov.2014 - Rapper Criolo faz show de lançamento do álbum "Convoque seu Buda", no SESC Vila Mariana, em São Paulo - Junior Lago/UOL - Junior Lago/UOL
O rapper Criolo
Imagem: Junior Lago/UOL

Esses estudos, por meio de editais públicos, serão direcionados para os seguintes temas: fauna, flora, água, impactos sociais e direitos das populações.

De acordo com Nilo D’Ávila, coordenador de campanhas do Greenpeace Brasil, a ideia é que após a escolha dos projetos vencedores, os estudos sejam apresentados em uma primeira rodada de resultados, provavelmente no fim de setembro deste ano.

 

Ainda segundo D’Ávila, “os temas buscam gerar resultado para ajudar a entender os impactos da tragédia e gerar dados independentes para o monitoramento da recuperação do meio ambiente e compensação justa para as pessoas”.

Cada um dos cinco projetos receberá o valor máximo de R$ 70 mil nos primeiros seis meses. O prazo de inscrição dos projetos se encerra no dia 22 de março, e o anúncio dos contemplados acontecerá no final de março.

Veja o caminho da destruição da onda de lama

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