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Polícia prende quatro suspeitos de estupro coletivo em Sigefredo Pacheco (PI)

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

16/06/2016 19h30

A Polícia Civil do Piauí prendeu quatro homens nesta quinta-feira (16) acusados de praticar estupro coletivo contra uma jovem de 21 anos no município de Sigefredo Pacheco, região norte do Estado. Um quinto suspeito está foragido. A jovem foi filmada desacordada dentro de um carro enquanto cinco homens tocavam em suas as partes íntimas no último dia 3.

A menina estava em uma festa no assentamento Santo Antônio de Campo Verde, zona rural, quando tomou metade de um copo com bebida alcoólica oferecido por um dos acusados, segundo depoimento dado aos policiais civis. Depois de beber, ela não se lembra do que aconteceu em seguida.

O grupo filmou o abuso sexual, que ocorreu dentro de um carro. As imagens foram parar em grupos do aplicativo WhatsApp no último sábado (11). Este é o terceiro caso de abuso sexual e estupro coletivo ocorrido no Estado em menos de um mês.

Segundo o delegado de Campo Maior, Laércio Evangelista, responsável pelas investigações, os cinco suspeitos foram identificados nas imagens do vídeo que vazou nos grupos de WhatsApp. Após identificá-los, a polícia pediu à Justiça o pedido de prisão preventiva.  As identidades não foram reveladas, mas o delegado informou que os acusados têm entre 18 e 27 anos de idade.  

Evangelista disse que conversou informalmente com os suspeitos e que eles teriam admitido que estavam presentes no momento da gravação das imagens, mas apenas um deles confirmou que manteve relações sexuais com a vítima.

Crime

A reportagem do UOL assistiu ao vídeo. Nas imagens, a jovem aparece desacordada no banco traseiro de um carro, e quatro homens tocam em suas partes íntimas. Rindo, um dos deles diz "bilu, bilu, bilu" enquanto acaricia a cintura da vítima. Outro rapaz ironiza a punição para o crime e afirma: "Amanhã tá todo mundo preso em Sigefredo Pacheco, a turma do azeite".

A moça contou à polícia que conhece três dos cinco homens que aparecem no vídeo. Ela disse que, durante a festa, conversou com os três rapazes. Um deles ofereceu cerveja e, quando bebeu, vomitou logo em seguida, e nada mais se lembra do que aconteceu. Só acordou no dia seguintem em sua casa.

A delegada Anamelka Cadena, que registrou o depoimento da jovem, disse que a moça só tomar consciência do estupro que sofreu quando soube que fotos e pelo menos quatro vídeos dela desacordada estavam sendo repassados em grupos de WhatsApp.

Abalada com a situação, a jovem está na casa de parentes em outra cidade desde a última terça-feira (14). 

A polícia suspeita que ela tenha sido dopada com algum entorpecente usado no golpe “boa noite Cinderela”. Ela se submeteu a exame toxicológico para tentar identificar se ainda há presença de substância entorpecente no sangue. A vítima recebeu atendimento no Sanvis (Serviço de Atendimento à Mulher Vítima de Violência), na maternidade Evangelina Rosa, em Teresina, na terça-feira.

A jovem contou que demorou a procurar a polícia porque teve vergonha da situação e ainda teve dificuldade em registrar o boletim de ocorrência porque em Sigefredo Pacheco não possui delegacia. A delegacia mais próxima fica localizada na cidade de Campo Maior, a 80 km do município.

 

Terceiro caso em menos de um mês

No dia 7 de junho, uma garota de 14 anos foi estuprada por quatro homens em um banheiro de uma quadra de esportes na cidade de Pajeú do Piauí, região sul do Estado.

No dia 20 de maio, uma garota de 17 anos foi encontrada desacordada dentro de uma construção abandonada na cidade de Bom Jesus, região sul do Estado.

A vítima estava com a calcinha amarrada à boca.  Quatro pessoas são acusadas do crime, sendo três adolescentes e um jovem de 18 anos. Apenas o maior de idade está preso. Os três adolescentes foram apreendidos, mas uma decisão judicial determinou a libertação.

Histórico de barbárie

Um caso mais grave e violento ocorreu em 27 de maio de 2015, na cidade de Castelo do Piauí, região norte do Estado. Quatro adolescentes com idades entre 14 e 17 anos foram atacadas quando estavam subindo o Morro do Garroto, ponto turístico da cidade, para tirar fotos.

Segundo a polícia, elas foram dominadas, estupradas, arrastadas e jogadas de cima de um penhasco da altura de um prédio de três andares. Caídas, ainda foram apedrejadas. Uma delas morreu.

Os quatro adolescentes e um adulto, Adão de Sousa Silva, de 41 anos, foram apontados como autores do crime. Todos negaram ter participado do estupro coletivo. 

Os adolescentes foram julgados e condenados à reclusão em regime fechado para cumprimento de medidas socioeducativas. Um deles, de 17 anos, foi assassinado dentro do alojamento logo depois de receber a condenação.

No último dia 3, o Tribunal de Justiça do Piauí julgou o pedido de apelação da defesa dos menores, que alegou inocência do grupo no crime. A condenação foi mantida -- os menores ficarão no máximo três anos em regime de internato, conforme determina o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Caso a Justiça avalie que eles não foram ressocializados durante esse período, eles podem ficar internados até atingirem a idade de 21 anos.

Preso há um ano na penitenciária de Altos, Adão José de Sousa Silva ainda não foi julgado. O Ministério Público pediu a pena máxima de 151 anos e dez meses de prisão em regime fechado. Ele negou o crime, mas exames de DNA apontaram que havia a presença de sêmen de Silva nas amostras colhidas nos corpos das vítimas, segundo o Ministério Público do Piauí.