Sob onda de ataques, ruas de Natal ficam vazias em domingo de insegurança
A onda de violência que atinge Natal e outras cidades do Rio Grande do Norte desde sexta-feira (29) mudou a rotina de moradores e turistas no fim de semana. Por medo de estarem no meio de ataques de criminosos, atividades em lugares públicos foram evitadas e as ruas estão vazias. Poucas lojas em comércios das zonas norte e sul da cidade se arriscaram a abrir neste domingo (31).
Entre sexta-feira e domingo, segundo a Sesed (Secretaria de Estado da Defesa Social e Segurança Pública), já foram contabilizados 54 ataques criminosos em 20 cidades do Rio Grande do Norte. Segundo o último boletim da polícia, 52 pessoas foram detidas suspeitas de envolvimento nas ações criminosas.
A capital potiguar vem sendo alvo principal de ataques de criminosos, com dezenas de ônibus e carros queimados, atentados contra prédios públicos e assaltos. A série de ataques começou um dia após a chegada de bloqueadores de sinal de telefonia celular dentro do PEP (Presídio Estadual de Parnamirim), localizado na região metropolitana de Natal.
Os supermercados de Natal e região metropolitana encerraram as atividades mais cedo, na noite deste domingo. A decisão foi tomada pelo Sindicato dos Trabalhadores de Supermercados e Similares no RN, após uma bomba ter explodido em um carro no estacionamento do supermercado Nordestão, na avenida Tomás Landim, zona norte de Natal.
O ataque criminoso no estacionamento do Nordestão deixou uma pessoa ferida. Um homem que estava próximo ao local foi atingido por estilhaços da bomba. O Bope (Batalhão de Operações Especiais) encontrou outro artefato que não explodiu e recolheu o artefato para ser detonado em uma área de segurança.
Ruas vazias
Com medo das ações criminosas, a gestora de pessoas, Monalisa Araújo, 36, que mora no bairro Cidade das Rosas, zona norte de Natal, relatou que passou o fim de semana dentro de casa com a família para não arriscar a vida. Ela conta que moradores de Natal enfrentam um clima de tensão nunca vivido antes.
“Desde sexta que não saímos de casa. Ontem os comércios aqui do bairro fecharam cedo e hoje a maioria não abriu."
A cidade está um caos e ninguém se arrisca. Estamos vivendo um clima nunca visto aqui, nossa cidade era pacata”
A consultora de vendas Edneuza Carlos, 37, também contou que a insegurança em Natal mudou a rotina da família desde a sexta-feira. O filho de 12 anos foi proibido de sair para jogar bola na quadra próximo à residência da família, no bairro Jardim Petrópolis, em São Gonçalo do Amarante, região metropolitana de Natal.
Na sexta-feira e no sábado, ela não arriscou ficar na parada de ônibus à noite e familiares foram buscá-la no trabalho.
“Ninguém sabe onde bandidos vão atacar e, por precaução, ele não saiu de casa para brincar neste fim de semana. Na parada de ônibus ontem, quando sai pela manhã para trabalhar, o clima era de medo. Esses dias voltei de carona porque não arrisquei. Até os taxistas e donos de vans evitam parar para fazer lotação porque podem ser alvos desses ataques”, contou Carlos.
Movimento de shopping caiu
Edneuza Carlos trabalha em uma loja no Natal Shopping, no bairro da Candelária, zona sul, e relatou que no fim de semana o número de clientes na loja em que trabalha caiu consideravelmente, apesar da segurança do shopping não detectar nenhuma anormalidade dentro do centro de compras. Segundo ela, a maioria dos clientes do fim de semana são turistas e desde sexta-feira não atendeu nenhum.
O empresário Eduardo Ribeiro, 28, mora no bairro de Ponta Negra, região sul de Natal, e contou que na noite da última sexta-feira desistiu de jantar com a família em restaurante por conta dos ataques de vândalos na cidade.
“Ao sair com a minha namorada fui alertado pelo porteiro para tomar cuidado. Ele me explicou brevemente sobre os ataques, mas eu decidi sair mesmo assim. A 300 metros eu fui alertado, novamente, por um morador. Aí que decidi ligar para meus familiares e pedi para eles retornarem. Depois de ser alertados duas vezes, eu confesso que fiquei com medo e decidimos cancelar o nosso jantar”, contou Ribeiro.
O empresário contou que presenciou uma cena incomum em Ponta Negra, neste domingo, ao sair para a praia. Ele disse que no meio de banhistas estavam policiais fortemente armados fazendo patrulhamento na areia de Ponta Negra. Ele disse que ficou mais tranquilo com o policiamento ostensivo e tentou manter a programação das férias da família.
Um policial civil da Paraíba, que pediu para não ter o nome divulgado, estava com viagem programada há 15 dias para Natal e, depois dos ataques criminosos registrados na capital potiguar, decidiu adiar os compromissos que teria nesta segunda-feira (1º).
Adiei os compromissos por mais oito dias, pois não me sinto seguro em ir a Natal mesmo sendo policial, não podemos nos expor, principalmente sozinhos. Morei 11 anos em Natal e observo que o Estado é desorganizado contra o crime organizado.”
Policia civil que não quis se identificar
Exército será enviado ao Rio Grande do Norte
No domingo pela manhã, o governador Robinson Faria (PSB) pediu ajuda ao governo Federal para que tropas do Exército sejam enviadas a Natal para reforçar as ações de segurança no Estado.
O presidente interino, Michel Temer, já prometeu o uso das tropas do Exército no Rio Grande do Norte para combater a onda de violência no Estado.
Segundo a Secretaria de Comunicação da Presidência, apesar da autorização, algumas burocracias ainda estão sendo destravadas para que se inicie a operação militar.
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