Em júri, delegado detalha xingamentos de Matsunaga a Elize e ao sogro
Considerado pelo Ministério Público umas das principais testemunhas da acusação, o delegado Mauro Gomes Dias depôs nesta terça-feira (29) no júri popular de Elize Matsunaga.
Em mais de cinco horas de depoimento, Dias, que investigou o caso à época e indiciou Elize pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver, afirmou que a jovem --que completa 35 anos hoje-- "agiu sozinha" na morte e esquartejamento do marido, o empresário Marcos Kitano Matsunaga, em São Paulo, em maio de 2012.
Após resistir a detalhar os xingamentos, Dias elencou as ofensas a pedido da advogada de defesa Roselle Soglio. O delegado disse que o empresário chamava a mulher de “prostituta de quinta categoria”, “vagabunda”, “p***”, que “ela só servia para abrir as pernas” e que “o que ele queria dela era um filho”. O casal teve uma menina um ano antes do crime. Outras ofensas eram dirigidas a Elize pelo marido, disse o delegado, mas sobre o pai dela --hoje falecido. “Ele chamava o pai dela de vagabundo e dizia que não queria a filha deles criada por esse tipo de gente”.
O delegado afirmou que o clima entre o casal "estava péssimo" antes do crime, uma vez que Elize desconfiava de relações extraconjugais do marido e teria confirmado ao menos uma delas por meio de um detetive, contratado dias antes do crime. O detetive Willian Coelho de Oliveira depôs ontem pela acusação e relatou ter presenciado o marido da ré com uma mulher, em um bar e em um restaurante, como se fossem namorados.
Hoje, no depoimento, Dias afirmou que a amante era garota de programa de um mesmo site de relacionamentos por meio do qual Matsunaga conhecera Elize. Segundo o policial, em depoimento após o crime, ela afirmou que o empresário a presenteara com um veículo Pajero blindado e a pagava com R$ 27 mil mensais --o acordo era que ele tivesse “exclusividade” e que ela retirasse suas fotos do site de relacionamentos.
Elize chorou em vários momentos e teve de ser amparada.
Indagado pelo advogado de defesa Luciano Santoro se Elize sofreria insultos do marido --como ela já havia dito à polícia--, o delegado admitiu que sim, mas não quis declinar os termos porque, segundo ele havia "mulheres no plenário”. Além da plateia, composta por advogados e estudantes de direito, havia mulheres também nas equipes de acusação e defesa, entre os profissionais de imprensa e entre os jurados, nos quais quatro são mulheres, e três, homens. Ele só detalhou quando Soglio, lembrando-o que ele estava sob juramento.
Abordado pelo promotor, José Carlos Cosenzo, sobre a fonte dessas informações, o delegado informou que elas partiram não apenas da ré confessa, como de duas funcionárias da residência do casal que também prestaram depoimento.
Sobre o casal, o policial disse que, durante as investigações, descobriu que Elize e Matsunaga seriam bons atiradores, já que ambos eram praticantes de caça esportiva --chegaram a ir à África com esse propósito antes da crise conjugal. Dentro da casa, após o crime, os policiais localizaram um bunker com toda sorte de armas. “Havia desde revólveres antigos, de colecionador, até fuzis de última geração. Ele [a vítima] cuidava dessas armas como cuidava de um filho”, definiu. O empresário foi morto com um tiro de um revólver Magnum 357, mas o MP alega que ele foi esquartejado ainda vivo –o que a defesa refuta.
A testemunha relatou ainda ter ouvido no inquérito policial depoimento de um reverendo que era uma espécie de conselheiro do casal. De acordo com ele, esse religioso teria alertado Matsunaga sobre a necessidade de tratamento psiquiátrico de Elize, porque ela estaria “psiquicamente descompensada”.
O reverendo seria ouvido como testemunha comum da acusação e da defesa, mas pediu para ser dispensado.
Após o depoimento do delegado, teve início por volta das 16h30 o do irmão da vítima, Mauro Kitano Matsunaga. Ele é a quinta testemunha a depor no júri, que já ouviu, além do delegado, duas babás da filha do casal e o detetive.
Elize Matsunaga foi acusada de matar, esquartejar e ocultar o corpo do marido, o empresário Marcos Matsunaga, 42, em maio de 2012. Ela está presa desde aquele ano na Penitenciária do Tremembé, e, se condenada à pena máxima pedida pela acusação, pode pegar até 33 anos de reclusão –30 por homicídio triplamente qualificado e três por ocultação e destruição de cadáver.
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