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Leilão de objetos de famosos não atrai público em Mariana (MG) e agora será virtual

Camisa da seleção autografada por Zico em benefício de vítimas da barragem de Mariana -  Emerson Felipe Shabbat/Prefeitura de Mariana
Camisa da seleção autografada por Zico em benefício de vítimas da barragem de Mariana Imagem: Emerson Felipe Shabbat/Prefeitura de Mariana

Rayder Bragon

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

23/12/2016 13h26

O leilão dos objetos doados por celebridades às vítimas da barragem de Fundão, em Mariana (MG), realizado na última quarta-feira (21) na cidade mineira, não atraiu interessados e, como consequência, os itens serão vendidos pela internet em 2017.

O rompimento da barragem da mineradora Samarco, em novembro do ano passado, matou 19 pessoas [um corpo ainda não foi localizado] e lançou um mar de lama na bacia do rio Doce. O colapso da estrutura foi considerado o pior desastre ambiental do país.

O promotor Guilherme de Sá Meneghin, da 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Mariana, que ajuizou uma ação para a realização do leilão, explicou que o evento atraiu curiosos ao centro de convenções da cidade, mas ninguém deu lance.

Conforme ele, após a tentativa do leilão presencial, estabeleceu-se previamente um acordo entre o MP, o leiloeiro contratado pela prefeitura e representantes da administração municipal que o próximo passo seria o leilão virtual.

A modalidade foi sugerida pelo leiloeiro. A intenção agora é fazer o certame na primeira quinzena de fevereiro, sendo que os interessados teriam 15 dias para dar os lances. Após esse período, o promotor informou que haverá uma transmissão ao vivo para divulgar o resultado.

“Várias pessoas de outros Estados ligaram, demonstrando interesse, mas dizendo sem condições de se deslocarem até Mariana. A partir disso e da falta de interesse, a gente conversou e tem condições de fazer o leilão pela internet”, declarou.

Segundo o promotor, dessa maneira, pessoas de todas as regiões do país e do exterior poderão participar. Ele adiantou que a publicidade sobre essa nova tentativa ficará a cargo da prefeitura. Os que arrematarem os produtos receberão os itens em casa, mas deverão arcar com as despesas da remessa pelos Correios.

"Teve um lado positivo, porque se aparecesse alguém, esse interessado iria arrematar os bens pelo menor preço, já que provavelmente não teriam outros interessados. Agora, pela internet, a gente certamente vai conseguir vender os produtos e por preços melhores”, vislumbrou Meneghin.

Entre os mais de 20 itens, estão uma camisa e um agasalho da Seleção Brasileira autografados pelo ex-jogador Zico [lance mínimo de R$ 800 para cada um desses dois itens]. Um relógio de pulso doado pelo apresentador Faustão, além de um livro de receita repassado pela apresentadora Ana Maria Braga.

Após 1 ano, moradores vão para Mariana ver condições das casas

Efe

Ação do MP

O caso das doações das celebridades aos atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão transformou-se em um imbróglio entre a prefeitura local e o MP. Após mais de um ano da tragédia e das doações, os itens ainda não tiveram uma destinação final.

De acordo com o promotor Guilherme Meneghin, os objetos tinham sido recebidos pela prefeitura que, sem uma suposta explicação plausível, não realizou o leilão em tempo considerado razoável.

Meneghin explicou que somente em seguida a uma reportagem sobre "engavetamento" de várias ações de ajuda aos atingidos, a prefeitura repassou diretamente, em julho deste ano, os objetos aos representantes das famílias atingidas.

O promotor disse, no entanto, ter sido procurado pelas vítimas, que alegaram não ter condição de realizar o leilão nem zelar pela segurança dos objetos.

Após o encontro com os moradores, o promotor disse ter entrado na Justiça com uma Ação Civil Pública pedindo a anulação do repasse dos objetos aos atingidos feito pela prefeitura. Segundo ele, a decisão judicial favorável ao MP determinou à prefeitura que, além de retomar os itens, fosse responsável pela guarda até o leilão.

Meneghin disse que a administração local ainda foi obrigada a contratar um leiloeiro com experiência comprovada. O valor arrecadado com o leilão virtual vai ser depositado em uma conta judicial e, posteriormente, os representantes das 350 famílias dos atingidos irão decidir, em assembleia, o que fazer com o montante arrecadado.

A Prefeitura de Mariana, por meio da procuradoria do município, havia informado que a administração municipal não iria se manifestar sobre o assunto.