Número de mortos em massacre de Boa Vista sobe para 33; diretor relata crueldade de presos
O governo de Roraima identificou neste domingo (8) os dois corpos encontrados no sábado na área da cozinha da Penitenciária Agrícola Monte Cristo, em Boa Vista, e confirmou que o número de presos mortos no massacre de sexta subiu para 33.
Somente nos oito primeiros dias de 2017, foram 99 presos mortos no Brasil, mais de 12 por dia. Foram 64 mortes em Manaus, outras duas na Paraíba e os 33 presos mortos em Boa Vista. Em 2016, 372 presos foram assassinados em presídios no Brasil, pouco mais de uma morte por dia, segundo levantamento feito pelo UOL.
Segundo o diretor em exercício do IML (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) de Roraima, Rodrigo Matoso, os presos foram identificados como Jaime da Conceição e Erismar Duran.
A mulher de Jaime, Simone Alves, contou que recebeu uma ligação anônima de dentro do presídio. "Falaram que meu marido estava morto, que cavaram um buraco e colocaram ele sem vida lá dentro. Imediatamente tomei providências e acionei a polícia", disse. "Se não fosse a ligação talvez ele estaria lá até agora. Parece um pesadelo", afirmou.
Segundo o diretor do IML, todos os 33 corpos já foram periciados, sendo que 29 deles foram liberados para as famílias. "Estamos com apenas quatro corpos em situações específicas para serem liberados", informou. A justificativa é que as identidades civis das vítimas são de outros Estados e até de outro país, já que um deles é venezuelano. A previsão do IML é de que esses corpos sejam liberados até segunda (9).
Rodrigo disse ainda sobre o estado em que estavam os mortos. "A mutilação dos corpos aconteceu depois do evento morte. Todos apresentavam marcas de arma branca", afirmou.
Segundo a assessoria de comunicação do governo de Roraima, algumas famílias foram cadastradas, ainda no IML, para receber um auxílio-funeral.
Ajuda federal
A governadora de Roraima, Suely Campos (PP), divulgou em sua página no Facebook que recebeu na manhã deste domingo uma ligação do Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes.
Ela reiterou o pedido de auxílio da Força Nacional de Segurança a Roraima. Segundo ela, o ministro informou que, em poucos dias, deve enviar o apoio necessário para garantir a ordem pública e enfrentar a grave tensão instalada na penitenciária do Estado.
Suely disse acreditar que a união de esforços entre os governos estadual e federal, há muito pleiteada, agora vai fazer pelo sistema prisional, o que não foi feito nos últimos anos.
Ela lembrou ainda que a crise do sistema prisional é nacional e nenhum Estado consegue debelá-la sem que haja o apoio do Governo Federal e demais poderes.
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