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Após massacre no AM, secretário pede demissão e é substituído por oficial da PM

Do UOL, em São Paulo

13/01/2017 14h14

O tenente-coronel da Polícia Militar, Cleitman Rabelo Coelho, foi nomeado como novo secretário de Estado de Administração Penitenciária (Seap) do Amazonas, após Pedro Florêncio Filho pedir exoneração do cargo na manhã desta sexta-feira (13).

Florêncio Filho estava na coordenação da pasta desde outubro de 2015, logo após o então secretário Louismar Bonates pedir exoneração do cargo. A motivação de Florêncio Filho teria sido sua frustação com o projeto de humanização dos presídios.

A troca acontece em meio à grave crise no sistema carcerário vivenciado pelo Estado. Na primeira semana de janeiro, um sangrento confronto entre facções no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, deixou 56 mortos entre a tarde de 1º de janeiro e a manhã do dia 2. A rebelião, que durou 17 horas, acabou com detentos esquartejados e decapitados no segundo maior massacre registrado em presídios no Brasil - em 1992, 111 morreram no Carandiru, em São Paulo.

Treze funcionários e 70 presos foram feitos reféns e 184 homens conseguiram fugir. Outros quatro presos foram mortos no Instituto Penal Antonio Trindade (Ipat), também em Manaus. Segundo o governo do Amazonas, o ataque foi coordenado pela facção FDN (Família do Norte) para eliminar integrantes do grupo rival, o PCC (Primeiro Comando da Capital).

O novo titular da Seap-AM era comandante do Policiamento Especializado. Formado na academia de Polícia do Ceará, Rabelo tem pós-graduação em gestão e direito de trânsito, especialização em choque, policiamento comunitário e tiro tático. O tenente-coronel também já coordenou os comandos de Policiamento de Área Norte (CPA-Norte) e Leste (CPA-Leste) e foi diretor de trânsito do Manaustrans entre 2009 e 2012 na gestão do prefeito Amazonino Mendes.

Humanização

Presos puderam dormir ao lado de suas companheiras dentro do Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim) para efetivar uma medida de 'humanização' do governo do Amazonas. Internos receberam as mulheres "cadastradas" nas noites de passagem de Natal e Ano-Novo de acordo com autorização de Florêncio Filho.

Segundo Florêncio Filho, o benefício das festas de fim de ano "não tem nada a ver" com a rebelião. "As esposas já tinham ido embora."