Sem transporte público, passageiros ficam "presos" em aeroporto de SP
Por conta da falta de ônibus, metrô e trens em São Paulo, devido à greve geral desta sexta-feira (28), passageiros que chegaram ao aeroporto de Guarulhos ficaram sem opção para deixar o local.
O aposentado José Felix de Souza, 67, chegou de manhã vindo de sua cidade natal, João Pessoa, e estava esperando o ônibus da linha 257 que leva ao metrô Tatuapé, quando foi informado que nem o metrô, nem os trens estavam circulando.
“Moro em São Miguel [zona leste]. Ia pegar o metrô e depois o ônibus. Agora não sei o que fazer, é esperar que seja o que Deus quiser”, disse já tirando o celular do bolso para informar a mulher sobre o fato.
Souza estava acompanhado de um conterrâneo que também foi surpreendido pela notícia da paralisação. “Estou indo para Mauá [Grande São Paulo]. Mas, se não tem trem, não sei o que fazer”, disse o pedreiro Francisco Lucena Batista, 41.
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Os dois disseram não concordar com a greve por ela “não adianta nada”. “Esses ladrões estão tudo lá roubando, decidindo pelos interesses deles. E quem paga o pato é o trabalhador”, disse Souza.
Apesar da greve anunciada pelos aeroviários, o movimento em Guarulhos era normal por volta das 7h. O check-in das principais companhias aéreas não tinha grandes filas.
A concessionária responsável pelo aeroporto, GRU Airport, informou que entre meia-noite e 6h, três voos atrasaram na chegada e um na partida.
A recomendação da operadora para os passageiros é que façam o monitoramento dos voos junto às companhias aéreas e do trânsito, pois algumas vias que dão acesso ao local foram bloqueadas.
Prejudicados, mas a favor da greve
A dona de casa Sabrina Santos, 24, ligou para a companhia aérea ontem e foi informada da possibilidade de mudar a data do seu voo para Fortaleza, sem custo adicional. Resolveu arriscar.
Saiu com a família as 3h da zona sul de São Paulo rumo ao aeroporto de Guarulhos para pegar o voo programado para sair às 7h para a capital cearense.
“A gente ficou preocupado, mas tudo correu bem. Nem ficamos sabendo que teve manifestação aqui perto”, contou.
O marido dela, o gesseiro Antônio Silva Carvalho, 27, disse concordar com a greve geral organizada pelas centrais sindicais.
“Ninguém concorda com essas reformas, por isso que as pessoas tão fazendo greve. Eu concordo”, disse. A mulher acrescentou: “contanto que não quebrem o patrimônio público”.
Madrugou no aeroporto
Com um voo marcado para as 6h40 no aeroporto de Guarulhos com destino a Palmas, a nutricionista Vilma Ribeiro, 48, saiu quase três horas antes de casa mesmo morando em Guarulhos, na Grande São Paulo.
“Cheguei a ficar presa no congestionamento causado pela manifestação na avenida Hélio Schmidt. Fiquei preocupada achando que ia perder o voo”, contou.
Ribeiro viajava com um grupo de amigas para Palmas. Uma delas, a guia de turismo Maiza Carvalho, 42, disse que passou o dia inteiro tentando entrar em contato com a companhia aérea para remarcar a passagem.
“Mas o telefone só dava ocupado. Resolvemos vir e tentar a sorte”, disse. Elas falaram que não concordam com a greve geral. “Não acho válido, porque é preciso manter o direito de ir e vir das pessoas”, disse Carvalho.
Governo defende reformas
Procurada, a Secretaria de comunicação da Presidência não quis comentar a mobilização. Em diversas ocasiões, Temer disse que as reformas são necessárias para o país voltar a crescer e retomar a geração de empregos. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, chegou a dizer que sem a reforma da Previdência o Brasil pode “quebrar”. Sobre a reforma trabalhista, Temer tem dito que é necessário modernizar as normas que regem as relações de trabalho.
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