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Morte de Tim Lopes completa 15 anos e é lembrada com homenagem em Copacabana

Tim Lopes foi capturado por traficantes enquanto produzia reportagem sobre prostituição infantil - Alessandro Buzas/Futura Press/Estadão Conteúdo
Tim Lopes foi capturado por traficantes enquanto produzia reportagem sobre prostituição infantil Imagem: Alessandro Buzas/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, no Rio

02/06/2017 09h33

Em 2 de junho de 2002, Tim Lopes, jornalista premiado da "TV Globo", era brutalmente assassinado por criminosos da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, enquanto produzia uma reportagem sobre abuso de menores e tráfico de drogas na favela.

A morte do repórter completa 15 anos, nesta sexta-feira (2), e foi lembrada com homenagens na praia de Copacabana, na zona sul carioca. Fotos de Lopes e de outros jornalistas brasileiros vitimados por atos de violência foram colocadas na areia. Os painéis com as imagens têm de um a dois metros de altura.

O ato é organizado pela ONG Rio de Paz, que obteve autorização da família de Tim para que fosse feita a homenagem. Parentes e amigos vão comparecer ao local por volta das 10h30.

"Será solicitado aos repórteres, cinegrafistas e fotógrafos que porventura estejam presentes, que depositem, por cinco minutos, seus instrumentos de trabalho numa mesa que será colocada em frente aos cartazes", informou o Rio de Paz, em nota.

A lista de profissionais de imprensa brasileiros que morreram em decorrência de atos de violência foi elaborada pela ONG Repórteres sem Fronteiras e está disponível no site da organização.

Entre os nomes, há o do cinegrafista da "Band" Santiago Andrade, morto após ser atingido por um rojão em uma manifestação pública, em 2014; e o do locutor João Valdecir de Borba, da rádio "Difusora AM" (PR), assassinado a tiros enquanto apresentava ao vivo o seu programa de rádio, em março deste ano.

Na teoria, favela é ocupada 

Tim Lopes foi capturado por traficantes enquanto exercia sua profissão, na Vila Cruzeiro. A área é vizinha ao Complexo do Alemão e está situada no bairro da Penha, na zona norte.

Quase dez anos depois, a região viria a ser ocupada pela polícia para instalação de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), durante a gestão do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). O político, que esteve à frente do Executivo entre 2007 e 2014, é acusado de corrupção e hoje está preso e respondendo a processos na Justiça. Ele é um dos alvos da Operação Lava Jato no Rio.

O projeto de segurança pública chegou a empolgar moradores da Penha e do Alemão, mas a fase de entusiasmo durou pouco. Nos anos seguintes a 2012, o Estado começou a afundar em sucessivas crises, a pior delas na economia.

Aos poucos, as UPPs --embora ainda ativas oficialmente-- foram fracassando e permitindo aos traficantes a retomada por completo do controle territorial nas comunidades cariocas.

A morte de Tim

Antes de sua morte, o jornalista da "TV Globo" tentava registrar imagens em um baile funk. Segundo apuração do repórter, havia prostituição infantil no local. Para não ser reconhecido, ele usava equipamento de filmagem oculta e buscava se passar por uma pessoa comum.

Durante o baile, no entanto, Tim foi reconhecido pelos criminosos e automaticamente levado ao "tribunal do tráfico", no alto da favela da Grota. Lá, foi sentenciado a morte, mas não antes de ser torturado com requintes de crueldade.

O assassinato ocorreu a mando e sob supervisão de Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, preso e condenado por esse e outros crimes. O corpo do jornalista foi encontrado em uma localidade conhecida como Pedra do Sapo.