'RS tem várias tragédias em uma', diz bombeiro que atuou em Brumadinho e RJ
O cabo do Corpo de Bombeiros da Bahia, William Rogaciano, já atuou em grandes tragédias do país como as de Brumadinho (MG) e Petrópolis (RJ), mas não esconde a sensação de surpresa que teve ao chegar e ver a tragédia do Rio Grande do Sul: "A magnitude é o que mais chamou a atenção".
Rogaciano diz que, diferentemente das outras tragédias em que atuou, a do Rio Grande do Sul reúne vários cenários diferentes, o que exige um corpo técnico maior e mais especializado para atuação.
São vários municípios atingidos com deslizamentos, soterramentos e alagamentos. Isso exige uma quantidade de profissionais muito grande para atuar, e com habilidades específicas e distintas para uma mesma tragédia. São várias tragédias em uma, o que exige muito mais das equipes.
Cabo Rogaciano
O cabo chegou no último dia 2 para ajudar as equipes gaúchas e está atuando em Faria Lemos, distrito do município de Bento Gonçalves. Apenas ontem (9) teve o seu primeiro dia de folga após sete seguidos de resgate e na busca por desaparecidos —em jornadas frequentes de 12 horas diárias.
Uma das coisas para as quais ele chama a atenção é como a população local recebeu bem os bombeiros, fazendo até homenagens.
Desde a notícia da tragédia, governos federal e estaduais têm enviado equipes para ajudar nas buscas e no apoio à distribuição de mantimentos e remédios às vítimas. Ao todo, 1,7 milhão de pessoas foram afetadas pelas chuvas no estado.
É um cenário realmente devastador. A gente, como especialista, observa como foi devastado o estado, e quanto vai demorar para poder se reconstruir; além de tantas famílias prejudicadas.
Cabo Rogaciano
Primeiro o resgate, agora as buscas
Inicialmente, o cabo atuou e, equipe de socorro a pessoas ilhadas. Após o encerramento dessa primeira fase de resgates, a equipe da Bahia se concentra agora na busca por desaparecidos (mais de 130 pessoas), um trabalho difícil e que exige cuidado.
Chegamos muito cedo nos locais, mas aqui amanhece um pouco tarde, então a visibilidade não é tão longa. Por conta da necessidade de retirada breve dessas vítimas, aproveitamos o máximo possível do horário do dia.
Cabo Rogaciano
Ele diz que todo trabalho começa com a definição de pontos prioritários. Na medida em que mais equipes vão chegando de outros estados, o raio das buscas se estende.
Em locais onde o solo está mais seco e oferece condições, equipes atuam 24 horas por dia, com profissionais se revezando.
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Quero receberDiante de um cenário devastado, ele diz que todos os membros da equipe estão se doando ao máximo e alargando as jornadas.
A gente vai sempre até mais tarde do que a gente está acostumado numa jornada dia a dia na Bahia. E ficamos até o horário máximo do sol, até escurecer. Já chegamos a atuar alguns dias por 12 horas seguidas.
Cabo Rogaciano
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