Protesto em SP com Criolo, Mano Brown e outros pede saída de Temer e 'Diretas Já'
Artistas de diversas áreas se reuniram neste domingo (4) no Largo da Batata, zona oeste de São Paulo, em ato que pede a saída do presidente Michel Temer (PMDB) e a convocação de eleições diretas para substituí-lo. O ato pelas Diretas Já em São Paulo foi convocado por ativistas e cerca de 30 blocos de Carnaval, entre eles o Acadêmicos do Baixo Augusta e o Tarado Ni Você, que interpreta canções de Caetano Veloso.
Passaram pelo palco os cantores Mano Brown, Criolo, Rael, Chico César, Edgar Scandurra, Emicida, Otto, Paulo Miclos, Péricles, Pitty, Simoninha e Tulipa Ruiz. A Polícia Militar não divulgou uma estimativa de quantos participantes estiveram presentes, já a organização fala em 100 mil pessoas.
Primeiro a cantar neste domingo, Chico César defendeu eleições diretas para evitar o que chama de "ataque a direitos conquistados pelo povo", sob ameaça das reformas implementadas pelo governo Temer, como a trabalhista e a previdenciária. "A bandeira da democracia é nossa, é dos trabalhadores, é do povo", diz. "O Brasil quer escolher seu presidente e, se possível, já", afirmou.
O rapper Mano Brown fechou o ato e não deixou o palco sem discursar contra Temer. "O comandante é o mais corrupto. Foi pego com a mão na cumbuca. Já era. Eu não tenho culpa, malandro. Eleições diretas é o justo", disse. Ele fez também uma crítica indireta aos partidos, dizendo que "todo mundo teve a sua chance" e se foi pego roubando "já era". "Vejo que a juventude quer escolher [o presidente]. Ela não quer vermelho, azul, amarelo. Ela quer Justiça. Diretas Já imediatamente, para ontem", afirmou.
O líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos, presente ao ato, criticou articulações do Congresso para eleger indiretamente o ocupante do Palácio do Planalto em caso de queda de Temer. "Esse Congresso Nacional não tem autoridade moral para eleger o presidente. O que a gente defende é que o povo escolha quem será o presidente", disse. Ele cobrou a aprovação pelo Congresso da PEC (proposta de emenda constitucional) convocando eleições diretas em caso de afastamento de Temer.
Boulos avalia que o presidente Temer não tem condições de estar no Planalto após a delação da JBS implicá-lo diretamente na Lava Jato.
A atriz Mônica Iozzi discursou alertando para o fato de o presidente Michel Temer poder escolher em agosto o novo procurador-geral da República, após a saída de Rodrigo Janot. "Ou seja, o criminoso vai escolher o próprio delegado", disse. "Tão importante quanto o 'Fora, Temer' são as Diretas Já", afirmou. Apesar do discurso de Mônica, a maioria dos artistas optou por não falar muito. No geral, eles gritam "Fora, Temer" e "Diretas Já".
Embora os movimentos sociais sejam coadjuvantes do evento, algumas centrais sindicais e partidos como PSOL e PCO participam do ato. Os deputados Ivan Valente (PSOL-SP) e Paulo Teixeira (PT-SP), e o vereador Eduardo Suplicy (PT-SP) também compareceram. "O meu sentimento é de que o povo brasileiro quer diretas já", disse Suplicy.
A atriz e poetisa Elisa Lucinda fez um discurso calcado na questão do racismo, pedindo Diretas Já é uma "vassourinha" nos preconceitos de parte da esquerda brasileira. "A esquerda também é machista, homofóbica e racista. Precisamos passar uma vassourinha na esquerda também", disse.
A autônoma Pamela Catarine, 22, veio de Embu das Artes para "ver o show e protestar". Ela diz que quer votar para presidente. O candidato preferido dela é o ex-presidente Lula. "Se ele puder participar, eu voto no Lula", diz.
Em meio à crise política que assola o governo de Michel Temer, esse será o segundo grande ato a tratar do assunto. No dia 28 de maio, milhares de pessoas já haviam se reunido no Rio de Janeiro para pedir um pleito direto.
Segundo protesto
Temer deve passar o domingo em Brasília. A pressão sobre o presidente aumentou após a prisão, ontem, do ex-assessor da Presidência, Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR).
Ele foi flagrado pela Polícia Federal carregando uma mala com R$ 500 mil em propinas pagas pela JBS.
Segundo o advogado de Temer, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, "não altera em nada" a estratégia de defesa do presidente.
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