Amarrar criança no poste? Mãe reclama de placa de hamburgueria e gera debate na web
Uma antiga postagem no Instagram criou uma polêmica entre uma hamburgueria de São Paulo e uma mãe. Debora Oliveira não gostou de uma placa da Underdog, na Zona Oeste, e decidiu questionar. O estabelecimento respondeu. E a discussão viralizou na internet.
A polêmica atual começou quando a gestora de comunidades digitais viu um repost no Instagram de uma suposta funcionária da hamburgueria Underdog, na capital paulista. A postagem inicial, feita no dia 28 de março e apagada recentemente, mostra uma placa no local que diz “Aqui seu cão é bem-vindo!!! Mas crianças favor amarrá-las ao poste”.
Mãe de duas crianças, um menino de 11 anos e uma menina de 10, Debora decidiu entrar em contato com a hamburgueria para checar se a postagem era verdadeira. “Essa placa realmente existe ou existiu? Podem me confirmar, por favor?”, comentou a gestora em uma foto do local no Instagram na última sexta-feira (4). “Post errado, a novela toda está nos posts anteriores..”, foi a resposta.
“Eu fui ver a aquilo realmente estava lá. Foi quando decidi questioná-los”, conta a mãe de 33 anos ao UOL.
“Imaginem se um dia sobra uns dinheiro ai e eu resolvo levar minhas crianças lá, e dou de cara com essa placa? Eu simplesmente não sei por onde começar. Não sei por onde começar que seja ACEITÁVEL e que as pessoas considerem OK E NORMAL que um aviso desses seja escrito e divulgado com orgulho por uma de suas funcionárias”, disse ela, em postagem do Facebook na última segunda-feira (7).
Debora também comentou na publicação do dia 28 de março. “Vocês poderiam, por favor, explicar qual é o conceito de desrespeito pra vocês? Sugerir amarrar alguém em um poste é uma ‘brincadeira’ tolerável? (...) Vocês são um lixo.” Em resposta, a hamburgueria agradeceu pelo comentário, mas afirmou que “não muda um c******”. “Não venha!”, conclui.
No dia seguinte, o local fez uma publicação no Instagram em que sugere que “ativistas, feministas, machistas, mãesistas, ‘istas em geral’ e salvadores da pátria por internet” fizessem “mais amor em casa”. “Para todos aqueles com cérebro, estamos de braços abertos e cheios de carinho pra dar”, conclui o post.
Na última quarta-feira (9), a hamburgueria fez outra postagem relacionada à polêmica: um vídeo que mostra uma ação solidária do estabelecimento em uma creche de crianças carentes. Além dos quatro sócios, foram marcadas Debora e outras duas mulheres.
“Não esperava que a coisa fosse repercutir dessa maneira”, afirma a gestora. “Meu objetivo nunca foi atacar a qualidade de lá. Eu já fui, achei a comida boa e fui bem atendida. Mas queria mostrar para alguns amigos a posição do local que eles costumam comer. É um restaurante que faz sucesso.”
Santi Roig, sócio do local, afirma ao UOL que o estabelecimento não ofendeu ninguém nas redes sociais. "Nós fomos muito xingados, mas não xingamos ninguém. Aquela única vez usamos 'caralho', mas como força de expressão. É um palavrão, não um xingamento", argumenta.
Para a gestora, o importante não é focar na polêmica com o estabelecimento, mas no debate de aceitação de crianças. “Meu objetivo é discutir o tema. Childfree [termo em inglês designado para locais livres de crianças] é algo perigoso, é uma palavra de ódio”, afirma Debora. “Não quero impor meus filhos, mas não é OK falar que você odeia ninguém. Crianças são impulsivas, elas berram, correm, mas, como responsável, nós as educamos para se comportarem em diferentes ambientes.”
Os sócios afirmam que a mensagem na placa nada mais era do que uma piada. "O objetivo é fazer piada de bar. Sou pai de dois filhos, tenho neto, é óbvio que não quero criança nenhuma amarrada", afirma Jão, outro sócio, ao UOL. "Isso é um mau humor crônico, tem de ter muita maldade para não entender."
Para Jão, que é fundador da banda Ratos de Porão, esta polêmica reflete o momento que o país passa. "Isso é coisa de reacionário. Você pode não concordar com o que falamos, mas não incitar outros a criticarem. Temos liberdade de expressão", afirma. "Se quer ajudar o mundo mesmo, deveria fazer alguma coisa e não ficar nas mídias sociais atrás de likes."
Debora diz que não pretende falar mal do local nem ampliar a polêmica. “Estou tentando me envolver o mínimo possível. Nos meus posts, fechei os comentários só para amigos”, conta. “Como a página deles no Facebook é automática, não foi criada por eles, está aparecendo uma série de avaliações negativas, mas não sou eu que estou incentivando nenhuma delas.”
Segundo os sócios, o movimento da casa não caiu com as polêmicas. "Há muitas críticas, mas tem muitos elogios também. Esse post foi há quatro meses, no fim de semana seguinte, tava cheio de criança aqui. Sempre vêm muitas crianças, tem até uma casinha no porão ali embaixo que elas gostam de brincar", afirma Jão. "Nesse final de semana agora também estava cheio e com crianças", completa Santi.
Como era de se esperar, a polêmica trouxe diversos tipos de reação. Há quem questione a posição da hamburgueria e quem apoie. “Passei a curtir graças ao post. Por mais bares com humor assim. Se as pessoas se abalaram é porque serviu de indireta!”, comentou uma usuária.
“Lugar escroto e gente escrota que apoia isso... vão se f****, não precisa ser feminista nem qualquer istas pra ver que vcs não prestam”, rebateu outro usuário.
Veja o post original de Debora no FB:
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