Número de mortos em tragédia de MG chega a nove: segurança, professora e sete crianças
Mais duas crianças de 4 anos, vítimas do ataque de um segurança na creche municipal Gente Inocente, em Janaúba, norte de Minas Gerais, tiveram a morte confirmada pelo Corpo de Bombeiros na tarde desta sexta-feira (6). As meninas Cecília Davina Gonçalves Dias e Yasmin Medeiros Sabino estavam internadas em Montes Claros.
Além de Cecília e Yasmin, os bombeiros já contabilizavam as mortes das crianças Juan Pablo Cruz dos Santos, Luiz Davi Carlos Rodrigues, Ruan Miguel Soares Silva, Ana Clara Ferreira Silva e Renan Nicolas dos Santos Silva, todos de 4 anos.
Na tarde de ontem, a morte do segurança Damião Soares dos Santos, 50, já havia sido confirmada. Na noite de ontem, a professora Heley de Abreu Silva Batista, 43, que lutou contra Santos e estava internada com 90% do corpo queimado, também não resistiu aos ferimentos.
Segundo o tenente do Corpo de Bombeiros Pedro Aihara, o número de vítimas chegou a 50, sendo nove óbitos e 41 pessoas internadas. Das 41 pessoas internadas, 11 estão no hospital regional de Janaúba, 18 na cidade de Montes Claros e outras 13 em Belo Horizonte.
Segurança premeditou crime, diz polícia
O segurança Damião Soares dos Santos, 50, foi o único responsável pelo incêndio na creche municipal em Janaúba (547km de Belo Horizonte), segundo investigações da Polícia Civil da região. Ele morreu na tarde desta quinta-feira (5), no Hospital Regional de Janaúba, em decorrência das queimaduras. O delegado Bruno Barbosa Fernandes afirmou que Santos premeditou o crime.
Familiares do segurança disseram, de acordo com a polícia, que Santos planejava se matar. "Ele disse na última terça-feira (3), que daria um presente a todos, se matando em breve", informou o delegado. Segundo a investigação, o segurança cometeu o crime na creche numa data simbólica para ele, quando a morte do pai completaria três anos.
A Polícia Civil também apurou que o segurança tinha problemas mentais e era obcecado por crianças.
Questionado sobre o que teria causado o ataque à creche, o delegado resumiu: "loucura". "Conseguimos um relatório do Caps [Centro de Apoio Psicossocial] indicando que ele estava em tratamento psiquiátrico desde 2014; ele sofria de muitas manias de perseguição", disse. Ainda conforme o policial, a tendência é que, com a morte do segurança, o inquérito seja arquivado.
"Ele nunca precisou ser afastado do trabalho, nem tinha contato com crianças, já que era segurança noturno. O que ele fez foi algo bestial, covarde, mas nunca tinha manifestado nada disso no ambiente de trabalho, nem tinha orientação de ser segregado do convívio pelo que pudemos apurar junto ao Caps", afirmou o delegado.
"Ele queria o maior número de vítimas. E conseguiu"
Segundo o delegado Bruno Barbosa Fernandes, o vigia escolheu o local, planejou o crime e foi tudo arquitetado: "Ele queria o maior número de vítimas. E conseguiu". O delegado conversou com a família do segurança, incluindo três irmãs e a mãe dele. "Elas alegam que ele tinha psicose, que acreditava que tava sendo envenenado, mas nunca teve histórico de violência", disse.
"Receberam a notícia com tristeza, tão muito chorosas, ficaram bem comovidas e revoltadas, assim como toda a cidade de Janaúba", complementou. Ainda segundo o delegado, "foi um ato isolado, porque não tinha histórico de violência, não tinha como antever ou prevenir de maneira nenhuma."
Na manhã de ontem, equipes da Polícia Civil estiveram na casa do segurança e na de familiares dele. "Fomos até a casa do suspeito e encontramos vários galões com álcool", afirmou o delegado do caso.
Santos trabalhava como segurança noturno da unidade, na condição de funcionário efetivo, desde 2008. De acordo com testemunhas, ele teria ateado fogo ao próprio corpo e ido em direção às crianças durante o ataque.
Suspeito voltaria de férias hoje
Em entrevista ao UOL, o prefeito de Janaúba, Carlos Isaildon Mendes (PSDB), afirmou que o segurança retornaria de férias hoje à creche, que funciona em período integral. A instituição tinha capacidade para 82 crianças e estava cheia na manhã desta quinta-feira.
"Ele tinha acabado de chegar de férias e entrou na escola dizendo que ia entregar um atestado médico, alegando que não passava bem. Mas estava com um balde, e, em um gesto completamente insuspeito, jogou o que seria álcool, que estava nesse balde, no próprio corpo, e no corpo das crianças", afirmou.
Indagado sobre as condições mentais do funcionário, Mendes negou que ele tivesse apresentado algum indício de problemas. "O que me relataram lá é que ele chegou normal e tranquilamente até a diretora para supostamente entregar um atestado médico. Estamos mesmo muito surpresos com o que aconteceu", disse.
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