Ardem até os ossos: como são bombas de fósforo branco citadas pela Rússia
A Rússia afirmou nesta quarta-feira (18) que a Ucrânia lançou munições de fósforo branco de drones em setembro. A substância é proibida pelo Direito Humanitário Internacional e seu uso pode configurar crime de guerra. Kiev negou o uso e disse que foi Moscou quem utilizou o produto.
O que aconteceu
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse ter evidências, mas sem detalhes. "As agências de segurança do nosso país, juntamente com o Ministério da Defesa da Rússia, receberam evidências irrefutáveis do uso repetido de munição de fósforo branco lançada de drones pelas forças armadas da Ucrânia em setembro", disse Maria Zakharova, porta-voz da pasta.
A Ucrânia disse que a declaração é falsa. "As acusações russas são falsas e sem sentido", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Heorhii Tykhyi, à Reuters. "A Ucrânia sempre foi e continua sendo um participante confiável em regimes multilaterais para a não proliferação de armas de destruição em massa e cumpre fielmente as obrigações internacionais decorrentes de suas disposições."
Fósforo branco é proibido. O uso do componente químico contra pessoas está proibido desde 1997 pela Convenção de Genebra —só podem atingir alvos militares.
O que são bombas de fósforo?
Ardem até os ossos. As bombas de fósforo produzem chamas que não podem ser apagadas com água, e seus componentes aderem à pele das vítimas. A sensação de ardência pode chegar aos ossos. Elas deixam um rastro branco no céu que poderia ser identificado.
Não são armas químicas. Elas são armas incendiárias, cujo uso segue o Protocolo III da Convenção sobre Certas Armas Convencionais, assinado tanto pela Rússia quanto pela Ucrânia. As armas químicas têm uso proibido pela Convenção sobre Armas Químicas (1997).
Está proibido, sob qualquer circunstância, atacar com armas incendiárias a população civil como tal, pessoas civis, ou bens de caráter civil.
Protocolo III da Convenção sobre Certas Armas Convencionais
São usadas de forma estratégica. O fósforo pode ser usado como cortina de fumaça para esconder os movimentos das tropas, iluminar o campo de batalha ou incendiar infraestruturas, mas pode causar queimaduras graves em civis.
Uso é proibido, mas recorrente
As bombas incendiárias começaram a ser usadas em massa durante a Primeira Guerra Mundial, em paralelo ao surgimento da aviação militar. Em 31 de maio de 1915, pela primeira vez, um dirigível alemão Zeppelin lançou um ataque aéreo com bombas incendiárias em Londres.
Na Segunda Guerra, obuses de fósforo branco foram usados extensivamente pelo Exército dos EUA. O uso foi direcionado contra as tropas blindadas alemãs.
Na Guerra do Vietnã, as bombas incendiárias de napalm, à base de combustível gelatinoso, foram usadas pelos Estados Unidos. Já na Guerra da Indochina (1946-1954), a França também recorreu a elas.
A partir dos anos 2000, vários países foram acusados de usar bombas de fósforo branco. Em 2004, os militares americanos foram acusados de usar a munição em Fallujah apesar da presença de civis na cidade iraquiana considerada base de retaguarda para grupos terroristas. Em 2009, Israel também foi acusado de usar a munição contra palestinos em Gaza. Em 2014, a Rússia acusou a Ucrânia de usar munições de fósforo durante a guerra do Donbass, no leste do país. Em 2018, o Exército russo foi acusado de lançar bombas incendiárias na Síria. Em 2020, Armênia e Azerbaijão também se acusaram mutuamente de terem bombardeado áreas civis durante os combates na disputada região de Nagorno Karabakh.
Com informações da Reuters
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