Após morte de espanhola, Rio quer identificar carros que circulam com turistas nas favelas
Após a morte da turista espanhola Maria Esperanza Ruiz Jimenez, baleada na última segunda-feira (23), na favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, representantes dos governos municipal e estadual ligados à área de segurança e turismo anunciaram a criação de um comitê para regulamentar a atividade turística nas favelas. Uma das medidas que podem ser adotadas é criar um sinal para identificar carros que circulam com turistas.
Dezesseis representantes participaram do encontro, realizado na Cidade das Artes, na zona oeste carioca, nesta quarta-feira (25).
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Além da sinalização obrigatória de veículos utilizados para locomoção de turistas nas favelas está sendo estudada a criação de um canal informativo para visitantes e empresas sobre segurança em áreas consideradas mais vulneráveis.
“A ideia é criar uma regulamentação para certas áreas da cidade. O carro [usado pela empresa] estava errado. Não tinha identificação, era escuro. Queremos criar normas e regras mais rigorosas. Não somos contrários ao turismo em comunidades, queremos que ele cresça ainda mais, mas precisamos seguir normas", disse o presidente da Riotur, Marcelo Alves.
A delegada Valéria Aragão, responsável pela Deat (Delegacia Especial de Apoio ao Turista), que acompanha o caso da morte de Maria Esperanza, afirmou considerar que a ausência de identificação do veículo contribuiu para a morte da espanhola. "O veículo usado era inadequado. Suscitou desconfiança", avaliou a investigadora, que sugeriu também que as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) sejam avisadas sobre as visitas e informadas sobre os modelos de carros utilizados, assim como as placas.
Já o secretário estadual de Turismo, Nilo Sérgio, afirmou ter solicitado ao Ministério do Turismo a antecipação de uma operação que já estava prevista para fiscalizar as agências e os profissionais do setor. "A partir do dia 6 de novembro, o Ministério do Turismo, junto com a secretaria, vai fazer blitze nas agências e órgãos de turismo para autuar e colocar profissionais legalizados e eliminar os que não têm cadastro para exercer a profissão."
A fiscalização faz parte de um cronograma do Ministério do Turismo. Atualmente, o país conta com 11 mil guias de turismo e com 5.000 agências do ramo na cidade.
Turista baleada
A reunião aconteceu dois dias depois de Maria Esperanza morrer durante uma visita à favela da Rocinha. O carro onde ela estava acompanhada do irmão e da cunhada foi atingido por um tiro de fuzil que teria partido da arma de um policial militar. O projétil atingiu o pescoço da vítima, que morreu a caminho do hospital.
Na reunião entre os órgãos ocorrida nesta quarta-feira (25), o presidente do Sindicato de Guias Turísticos, Fernando Batista, disse que a guia responsável pelo grupo pode perder a credencial que permite o trabalho dela como guia turístico.
"Ela não informou aos turistas a realidade da favela e não zelou pela segurança deles. Faltou bom senso. Poderia ter oferecido visita a outra comunidade", afirmou Batista.
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