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Pedido de garota com leucemia faz 1,6 mil pessoas formarem fila para cadastrar medula em SP

Julia luta contra a leucemia desde os 2 anos - Arquivo Pessoal
Julia luta contra a leucemia desde os 2 anos Imagem: Arquivo Pessoal

Wanderley Preite Sobrinho

Colaboração para o UOL

30/10/2017 13h07

Surpresa e corre-corre tomaram os corredores do Centro Médico de Especialidades Médicas (Cemem) no último sábado (28) na cidade de Tatuí, interior de São Paulo. E por uma boa causa. Médicos e enfermeiros se desdobraram para tentar atender as mais de 1.600 pessoas que formaram uma fila gigante em frente à unidade de saúde para se cadastrarem como doadores de medula óssea à garota Julia Abrame de Oliveira, de 6 anos.

Ao todo, 1.639 pessoas acordaram cedo para ajudar a pequena Júlia, contou a mãe da garota, Adriana Delalori Abrame de Oliveira. Com a ajuda de uma amiga enfermeira, ela fez uma campanha na internet pedindo ajuda à menina, que não encontra doador compatível na família e que já não responde às sessões de quimioterapia.

Adriana criou uma página no Facebook e gravou a filha convocando possíveis doadores para uma doação no dia 28. Os interessados foram tantos que 400 pessoas tiveram de ser dispensadas porque faltaram kits suficientes para o recolhimento do sangue.

Veja o vídeo, em que ela convocou as pessoas para se cadastrarem no último sábado (28):

“Vieram mais pessoas do que o esperado”, contou ao UOL Erica Sanches, administradora do Cemem. “A menina fez um vídeo que mobilizou muita gente.”  A AMEL Assistência Médica - responsável pelo recolhimento do sangue - não esperava tamanha mobilização e precisou dispensar 400 doadores. “Já programaram uma outra campanha para o dia 11 de novembro”, contou Erica.

No Facebook, a mãe da garota comemorou. “Era pra começar às 9h, mas com tanta gente que já estava esperando, as coletas começaram às 8h manhã.” Ela escreveu que os organizadores “até trouxeram tubinhos a mais, mas graças a Deus e ao amor de vocês, não foi suficiente. Muito agradecida a todos, todos, todos!"

Fila no Centro Médico de Especialidades Médicas (Cemem) no último sábado (28) na cidade de Tatuí, interior de São Paulo.  - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

Adriana conta que não foi apenas a cidade de Tatuí que se mobilizou, mas pessoas de outros estados “e até outros países”, como Emirados Árabes Unidos e Argentina, compartilhando o pedido na internet. “Aos organizadores da campanha, aos voluntários, aos que panfletaram, aos que doaram os materiais gráficos, que compraram as camisetas, fizeram videos... Receba o nosso abraço, o nosso carinho.”

De acordo com a mãe, Julia se alegrou ao ver a aglomeração em frente ao Cemem. “Não pude estar no Cemem pois preciso evitar as aglomerações e lugares fechados (…) pois estamos rumo ao transplante e qualquer resfriado pode atrapalhar. Mesmo assim, passamos em frente. Algumas pessoas puderam nos ver e a Julia ficou mega feliz!”

Julia foi diagnosticada aos 2 anos, quando passou a fazer quimioterapia e radioterapia. Com o passar dos anos, no entanto, a medula da garota já não respondia às sessões. Para que o tratamento prossiga, ela precisa do transplante.

Erica, do Cemem, explicou que o caso de Julia é muito raro, por isso a necessidade de muitos doares. “A irmã dela não é totalmente compatível. Normalmente é mais fácil encontrar um doador entre os irmãos do que entre os pais. Muitos tentam ter mais um filho para garantir a doação.”

Além da possibilidade de salvar Julia, a grande quantidade de sangue coletado poderá ajudar outros pacientes. “Sim, esses doares poderão ajudar a Julia e outras pessoas que também precisam transplantar a medula óssea”, salientou Erica.