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Investigação aponta que professora colocava alunos de creche em sacos

Eduardo Schiavoni

Colaboração para o UOL, em Ribeirão Preto (SP)

14/11/2017 23h23

Após quase dois meses de investigação, a Polícia Civil de Restinga (SP) conseguiu imagens do circuito de segurança de uma creche que mostram uma professora do ensino infantil amarrando crianças em sacos de lixo como castigo por suposto mau comportamento em sala de aula. O delegado responsável pelo caso afirmou que deve indiciar a educadora por maus tratos. Além dela, duas estagiárias e uma professora substituta da creche municipal devem ser indiciadas por serem coniventes com a ação.

A denúncia foi feita por duas mães de alunos da Escola Municipal de Ensino Básico Célia Teixeira Ferracioli em setembro. Nas imagens, uma das estagiárias tenta colocar o saco no corpo das crianças. Em outro vídeo, a professora aparece colocando um aluno dentro do saco enquanto é observada pela substituta.

Para o delegado Eduardo Bonfim, as imagens e o andamento das investigações são claros quanto às ações das professoras e das estagiárias. "Não há dúvidas que o fato ocorreu e iremos indiciá-las. Esperamos apenas o resultado do laudo das imagens, que deve sair em 15 dias", afirmou.

Bonfim explicou que, num primeiro momento, recebeu imagens erradas da Prefeitura da cidade e, por isso, chegou a declarar que as câmeras não haviam registrado as ocorrências. "Mas ao notar o engano, conseguimos as imagens referentes aos dias indicados e elas haviam captado os castigos", disse.

Ainda segundo ele, também foram ouvidas cinco mães de alunos que confirmaram a acusação. "Vamos ouvir as acusadas e, depois, faremos o indiciamento formal. Isso deve acontecer nos próximos dias", declarou. "Devido à ampla gama de provas, não vamos precisar expor os alunos ao desgaste de um depoimento".

Bonfim informou ainda que, além das imagens já verificadas, a Polícia Civil irá analisar cerca de 80 horas de filmagem para comprovar se houve mais casos de maus tratos. "Pelo que colhemos no depoimento de cinco mães e da forma como as crianças se portam em relação à creche, parece que esse tipo de situação era comum. Acho que iremos encontrar mais", disse.

Ainda segundo o policial, as profissionais envolvidas foram afastadas por 30 dias, mas ninguém foi encontrado na Prefeitura de Restinga para confirmar a informação. A administração municipal também investiga o caso através de sindicância interna.

Denúncia

Segundo relato de uma das mães, que pediu para não ser identificada, o filho dela, de três anos, começou a se recusar a ir para a escola afirmando que não queria ir para o saco de lixo. Ela conversou com outras mães e descobriu que as outras crianças também tinham queixas similares.

"Foi ai que decidimos ir ao Conselho Tutelar e fazer a denúncia. A gente não imaginava que estava acontecendo algo desse tipo, foi chocante", conta.

A reportagem procurou o advogado da professora, Rui Engracia Garcia, mas ele informou que não iria comentar as imagens por ainda não ter tido acesso a elas. Anteriormente, ele havia negado as acusações e dito que a denúncia por parte das mães podia se tratar de retaliação, já que elas haviam sido chamadas à escola por conta de problemas de comportamento dos filhos dias antes de formalizarem queixa.

A reportagem não conseguiu o contato com os representantes legais das outras três acusadas.