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Ao ser preso, Rogério 157 estava de cueca e tentou se passar por outra pessoa

Hanrrikson de Andrade e Luís Adorno*

Do UOL, no Rio de Janeiro e São Paulo

06/12/2017 13h19Atualizada em 06/12/2017 15h59

Com polícias civis, militares e federais, além das Forças Armadas, à sua procura desde o dia 17 de setembro deste ano, Rogério Avelino da Silva, o traficante Rogério 157, acordou cedo nesta quarta-feira (6) acreditando que continuaria foragido por mais um dia, segundo agentes que participaram da ação que levou à sua detenção.

No momento de sua localização, Rogério 157 estava deitado em uma cama, de cueca, com um cobertor até a cabeça e fingindo estar dormindo. Segundo a Polícia Civil, ele tentou se passar por outra pessoa e vinha mudando aspectos físicos para não ser identificado.

Segundo a Polícia Civil, que encabeçou a operação, com apoio de cerca de 3.000 pessoas, Rogério 157 saiu do morro da Mangueira, na zona norte do Rio de Janeiro, por volta das 3h desta quarta-feira, com destino a uma favela pequena: a comunidade do Arará, onde acabou preso.

A favela possui uma base da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) e fica nos fundos da cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, onde estão presos os réus da Operação Lava Jato no Rio --incluindo o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).

Veja o momento da prisão de Rogério 157

UOL Notícias

Segundo a delegada Cristiana Bento, 157 passou por várias favelas da cidade para fugir de operações policiais e não acreditou que seria localizado na manhã de hoje.

"157 vinha migrando de favela em favela e chegou ao Arará por volta das 3h de hoje. Ele [em depoimento] disse que não esperava: 'Não, eles não vão vir aqui'. Ele não ia imaginar que íamos envolver 3.000 homens no Arará, que é uma comunidade pequena", afirmou a delegada.

O traficante permaneceu em silêncio durante depoimento à polícia, segundo a sua defesa. "Não teve depoimento. Ele só vai falar em juízo. Vai manter o silêncio até lá. É uma estratégia da defesa", disse uma advogada do traficante que pediu para não ser identificada.

O delegado Gabriel Ferrando, um dos policiais que tirou selfies com 157 já detido --e que, em coletiva, repudiou as fotos--, disse que o traficante já o conhecia há muito tempo. Com 30 anos como policial, Ferrando já foi titular da delegacia da Rocinha, onde o traficante comandava o tráfico de drogas.

O policial informou que ele foi pego de surpresa e não esboçou reação. "Ele me viu e falou 'doutor Ferrando'", disse o delegado. Não houve troca de tiros. 157 se rendeu e chegou a mencionar que poderia oferecer propina aos policiais. "Doutor, vocês podiam fazer suas vidas", teria dito o traficante, segundo Ferrando.

"Não chegou a oferecer [propina], mas a ousadia é tanta que ele chegou a insinuar que a nossa vida estaria resolvida."

O dono do imóvel no qual ele se escondia ainda está sendo investigado. "Estamos analisando, em um primeiro momento, se essa pessoa tinha algum vínculo com ele", afirmou o delegado.

Ainda segundo Ferrando, a investigação já apurava a tentativa de o traficante mudar seus aspectos físicos. Por isso, na ação de hoje, foram selecionados para subir a favela do Arará apenas agentes que pudessem reconhecê-lo.

"Os planetas se alinharam e as informações foram muito precisas. (...) Mobilizamos nas operações policiais que já conheciam a sua fisionomia. Eles prontamente o reconheceram e ele não ofereceu resistência", explicou.

Segundo Ferrando, as equipes estavam mapeando a movimentação de Rogério 157 desde a sua fuga da Rocinha. O criminoso se revezava entre comunidades do Comando Vermelho, facção para a qual ele migrou após ficar isolado no ADA (Amigos dos Amigos)

A favela da Rocinha é um local estratégico porque fica próximo das praias mais badaladas da cidade, como Copacabana e Ipanema, com comércio de drogas, principalmente maconha e cocaína, sempre em alta.

Logo após a prisão de 157, moradores da comunidade da zona sul relataram em redes sociais e grupos de WhatsApp que houve uma intensa troca de tiros na região. O secretário de Segurança Pública, Roberto Sá informou que os tiros foram disparados por traficantes do bando do Nem, comemorando a prisão do 157.

"A informação que eu tenho é que não houve conflito. Pessoas que fazem parte do grupo criminoso e estavam comemorando a prisão do Rogério 157", afirmou o secretário.

Rogério 157 será levado para a penitenciária de segurança máxima Bangu 1, mas autoridades policiais temem que ele continue, mesmo preso, com força no crime e sugerem que ele seja transferido para um presídio federal.

*Colaborou Giovani Lettieri