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Complexo prisional de GO tem o terceiro motim em uma semana

01.jan.2018 - Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia teve registro de nova rebelião - Divulgação/Sinsep-GO
01.jan.2018 - Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia teve registro de nova rebelião Imagem: Divulgação/Sinsep-GO

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

05/01/2018 08h00Atualizada em 05/01/2018 09h18

Detentos do complexo prisional de Aparecida de Goiânia (GO) voltaram a realizar um motim na madrugada desta sexta-feira (5). É a terceira vez que os presos do local se rebelam em uma semana. Na primeira ocasião, nove presos foram mortos. Desta vez, no entanto, o motim ocorreu na ala do regime fechado. Nos dois primeiros, no regime semiaberto.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, o novo motim foi controlado no início da manhã após intervenção do Gope (Grupo de Operações Penitenciárias Especiais), com o apoio da PM (Polícia Militar). Na ala do regime fechado, segundo a DGAP (Diretoria-Geral de Administração Penitenciária de Goiás), o presídio mantém 1.800 presos.

A DGAP informou, em nota, que o motim ocorreu por volta das 4h30. Não houve mortes e a administração não informou se houve fugas. No entanto, existiram focos de incêndio, controlados pela manhã.

Dois primeiros motins

Na última segunda-feira (1º), uma rebelião iniciada em uma ala do semiaberto da penitenciária de Aparecida de Goiânia deixou nove detentos mortos e resultou na fuga de 242 presidiários. Destes, haviam sido recapturados 143, mas 99 ainda estariam foragidos até a noite de ontem. Após o motim, foram encontradas três armas de fogo enterradas no pátio da cadeia.

Vídeo mostra buraco em parede de cadeia de GO

UOL Notícias

O segundo motim ocorreu nesta quinta-feira (4). Segundo a DGAP, os detentos da ala C da Colônia Agroindustrial do Regime Semiaberto do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia colocaram fogo em objetos após a tentativa frustrada de invadir outras alas. Um grupo tático de agentes da DGAP entrou no local com unidades da Polícia Militar.

Segundo comunicado do governo de Goiás, houve "tentativa de explosão de uma granada e troca de tiros", mas o motim foi controlado por forças de segurança. Ninguém ficou ferido, mas houve uma fuga.

UOL questionou a Secretaria de Segurança Pública goiana sobre a existência de uma granada e de armas de fogo em poder dos presos, mas a resposta foi de que o assunto está sendo investigado e informações seriam dadas nesta sexta-feira (5), em entrevista coletiva das autoridades de segurança do Estado.

A rebelião começou quando presos de uma ala controlada pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) tentaram invadir outras alas onde estão membros da facção rival CV (Comando Vermelho), disse o governo.

Disputa de facções

O secretário da Segurança Pública e Administração da Penitenciária de Goiás, Ricardo Balestreri, disse ao UOL na quarta-feira que a primeira rebelião na unidade, ocorrida no início da semana, foi motivada por uma disputa de poder entre o PCC e o CV.

Os conflitos entre os dois grupos criminosos ocorrem no Estado desde 2013, quando membros do CV tentaram impedir que o PCC cooptasse novos seguidores em penitenciárias de Goiás.

O Estado é importante para as facções por sua localização geográfica. A região funciona como centro de distribuição de drogas que vêm dos países andinos para outros Estados do Brasil. Além disso Goiás está próximo do Distrito Federal, considerado um grande mercado consumidor de entorpecentes.

As duas rebeliões aconteceram na parte da penitenciária que abriga cerca de 770 detentos apelidados de "bloqueados" por cumprirem pena em regime fechado. A ala C, dominada pelo PCC, teria cerca de 450 presos.