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Dia de violência por guerra de facções em Macaé tem PM morto e toque de recolher

Mensagem do Disque Denúncia pede informações sobre morte do PM José Renê Araújo Barros, morto em Macaé (RJ) - Divulgação - Divulgação
Mensagem do Disque Denúncia pede informações sobre morte do PM José Renê Araújo Barros, morto em Macaé (RJ)
Imagem: Divulgação

Marina Lang

Colaboração para o UOL, no Rio

09/01/2018 21h06Atualizada em 09/01/2018 21h55

Uma disputa entre facções rivais pelo tráfico de drogas em Macaé (RJ), na região dos Lagos, instaurou o pânico entre os residentes da região nesta terça-feira (9).

Comerciantes e moradores entraram em toque de recolher e fecharam as portas de lojas ainda durante o dia. Quatro ônibus foram queimados, e o serviço de transporte público foi interrompido na cidade. Cinco pessoas ficaram feridas e um policial militar foi morto em confronto com criminosos.

Cerca de 100 policiais trabalham na região. De acordo com informações da PM, o cabo José Renê Araújo Barros, 35, foi ferido em operação na comunidade Lagomar e não resistiu. Trata-se do primeiro policial militar a morrer em serviço no Estado do Rio de Janeiro em 2018, num total de quatro assassinados somente neste ano.

Um perfil no Twitter, que se declara vinculado à facção criminosa ADA (Amigos dos Amigos), disse que moradores da cidade não devem sair de casa na noite desta terça. A facção disputa o comando do tráfico de drogas na região com o CV (Comando Vermelho) desde o final do ano passado.

Em entrevista ao programa “Band Notícias”, da Band FM de Campos, o secretário de Segurança do Estado, Roberto Sá, disse que a Polícia foi informada que os conflitos entre grupos teriam início.

"Notícias da área de inteligência sinalizavam para um embate entre facções criminosas. Mais uma vez, o tráfico de drogas, muito bem armado, criando essa lógica expansionista. A Polícia Militar, que já estava atenta, fez uma incursão em uma área em que havia criminosos de uma determinada facção. Houve um embate entre criminosos e a Polícia Militar e, lamentavelmente, nós perdemos um policial em serviço defendendo a sociedade", comentou.

Ele tentou tranquilizar moradores da região. “Em primeiro lugar, a polícia vai ficar aí na região até a situação voltar à normalidade. A vida deve tentar seguir a normalidade. A polícia está aí, está presente e não vai se ausentar”, declarou Sá. “Vamos buscar todos os autores de crimes para que sejam autuados e [vamos] fazer com que eles cumpram suas penas (...) Posso garantir ao morador de Macaé que as Polícias Militar, Civil e Federal estão trabalhando para restabelecer a ordem”, disse.

O secretário de Segurança disse também que o comandante intermediário da PM da região está em Campos pessoalmente coordenando as ações --sem mencionar o nome do oficial, contudo.

Sá afirmou que está em andamento a criação da Delegacia de Homicídios do Norte Fluminense, que vai atender a toda a região de Macaé, Campos e Cabo Frio. “É uma medida para qualificar a investigação que envolva morte violenta. Estudos internos da Polícia Civil apontam que 80% das mortes violentas são relacionadas a tráfico de drogas”, numerou o secretário.

A taxa de homicídios da Região dos Lagos foi de 45,6 mortes para cada 100 mil habitantes em 2017, segundo dados baseados no ISP (Instituto de Segurança Pública). O índice é o pior do Estado, quando comparado com a capital, Baixada Fluminense e outras regiões do Rio de Janeiro.

O Disque Denúncia está oferendo recompensa de R$ 5 mil para quem trouxer informações que ajudem a esclarecer a morte do cabo da PM baleado nesta terça. Barros era casado e deixa três filhos.