Interventores dizem que vão punir militares que participarem de "bailes do crime" no Rio
Após a operação em um baile organizado por um milícia que deixou cerca de 160 presos –entre os quais três militares das Forças Armadas --, na zona oeste do Rio, a cúpula da intervenção federal decidiu fazer um alerta para os membros das Forças Armadas: quem for pego em bailes organizados pelo crime vai ser punido, mesmo que não esteja ligado diretamente a organizações criminosas.
A operação contra a milícia aconteceu na manhã do último sábado (7) em um sítio em Santa Cruz. Ao invadir o local, a Polícia Civil entrou em confronto com milicianos. Quatro suspeitos foram mortos, 30 fuzis e 20 pistolas foram apreendidos.
Após uma audiência de custódia na manhã de quarta-feira (11), todas as prisões foram mantidas. Mas, segundo o defensor público, João Gustavo Fernandes, que atende 25 dos suspeitos, entre os detidos estariam pessoas não envolvidas com o crime organizado. Elas estariam no local apenas para participar da festa.
O chefe da milícia, Wellington da Silva Braga, o Ecko, conseguiu escapar da ação.
O UOL apurou que a cúpula da intervenção federal diz acreditar que alguns dos suspeitos detidos podem não ter “correlação direta” com o crime organizado, mas cada caso específico ainda deve ser esclarecido durante a investigação policial.
Porém, os interventores decidiram que ao menos os três militares (dois do Exército e uma da Aeronáutica) flagrados no local serão punidos, mesmo que não seja comprovada sua ligação direta com a milícia. Eles poderão receber desde repreensão verbal a prisão administrativa e até serem expulsos da força, com base no Regulamento Disciplinar do Exército. Um bombeiro também foi preso, mas a medida não seria estendida a ela.
O documento descreve como motivo para punição “frequentar lugares incompatíveis com o decoro da sociedade ou da classe”.
Os interventores disseram em reunião interna nesta semana que pretendem, a partir de agora, adotar uma política de tolerância zero com militares que frequentem eventos e festas onde pessoas estejam portando armas ou consumindo drogas abertamente.
Eles sabem que não podem regular a conduta pessoal da população civil que esteja nesses locais sem cometer crimes. Mas, podem usar normas internas para regular a conduta pessoal dos militares. A ideia seria dar um exemplo à sociedade, para desestimular a cultura existente em algumas regiões do Rio de Janeiro de que seria “normal” frequentar bailes funk ou eventos organizados por traficantes de drogas ou por milicianos.
Dados
A Secretaria da Segurança Pública divulgou em sua conta no Twitter na manhã desta quinta-feira (12) que entre os anos de 2008 e 2018 foram realizadas 1.514 prisões de milicianos no Rio. Neste ano estão sendo contabilizados 204 casos.
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