De confeiteira a barbeiro: população se mobiliza para ajudar caminhoneiros em greve
A paralisação dos caminhoneiros em 22 estados mais o Distrito Federal tem mobilizado populares a ajudar os grevistas. Nas redes sociais, é comum ver publicações ora pedindo mantimentos e produtos básicos, ora entregando essas doações aos manifestantes.
Em Erechim, a cerca de 370 km ao norte de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, motoboys fizeram uma campanha com o comércio local para arrecadação das doações. Na cidade, cerca de 100 manifestantes estão com os caminhões estacionados no entroncamento da BR-153 com a RS-135.
Segundo David Oliveira, um dos organizadores do mutirão, o grupo procurou confeitarias e padarias e conseguiu distribuir 400 pães, além de outros alimentos. O sucesso foi tanto, que "os caminhoneiros tiveram de abrir a câmara fria de um baú para poder estocar as doações, caso contrário iriam estragar", disse o motoboy.
Motoristas de transporte escolar também se juntaram ao movimento, colhendo água, pães, carnes, frutas, arroz e refrigerante na cidade para levar aos caminhoneiros, segundo o condutor de van Tiago José Balbinot.
Leia mais:
- Busca por combustíveis em postos gera brigas e até detenção
- Militares liberarão acesso a refinarias e escoltarão comboios, diz Defesa
- Ato de motoristas do transporte escolar em apoio aos caminhoneiros fecha a Paulista
Nesta sexta (25), os motoristas fizeram uma carreata pela cidade. “Hoje, também aderiram à paralisação o transporte escolar e o de faculdades, que fazem um trecho intermunicipal. As linhas de ônibus públicos estão rodando parcialmente, só entre o meio-dia e o final da tarde”, concluiu Balbinot.
Segundo o motoboy David Oliveira, a população tem se mostrado favorável à greve. "Os donos do comércio em geral vêm até os pontos de paralisação para demonstrar total apoio ao movimento", completa.
Barba e cabelo
Além de receber mantimentos e comida, os caminhoneiros parados em Ponta Grossa, no Paraná, a cerca de 130 km ao oeste de Curitiba, receberam também serviços gratuitos de barbearia dos moradores da cidade. Nesta quinta-feira (24), donos de seis estabelecimentos da cidade foram a um ponto de paralisação e fizeram a barba e o cabelo de alguns motoristas de graça.
“Alguns clientes meus falaram dessa manifestação e eu fui lá ver, na quarta. Então, pensei que poderia ajuda-los com os meus serviços”, explicou o barbeiro Marcelino Chamorro Valenzuela. Foi então que ele reuniu outros prestadores do serviço e montou um grupo para atender os grevistas.
Ao todo, ficaram seis profissionais no local, das 9h às 15h30, atendendo cerca cerca de 120 grevistas, segundo o barbeiro José Diego.
A busca agora é por mais doações para que os caminhoneiros consigam se manter durante a manifestação. “Estamos arrecadando comidas, roupas que vamos entregá-los para que consigam se manter por quanto tempo mais eles quiserem”, completou Marcelino Valenzuela.
Apoio de confeiteira
Cerca de 300 caminhoneiros estão estacionados na bifurcação entre as estradas SP-380 e SP-340, em Mococa, a cerca de 300 km ao norte da capital paulista. Após ver a condição dos grevistas, Ana Paula Pereira, que trabalha como confeiteira na cidade, fez um apelo aos amigos pelo Facebook, pedindo doações de alimentos, roupas e água.
"Eu recebi tanta doação, que tive que pedir para o pessoal parar de mandar coisas. Conseguimos fazer uma sopa para eles na noite de quinta-feira [24], almoço nesta sexta-feira [25] e ainda tem o suficiente para mais duas refeições amanhã (sábado)", afirmou Ana Paula.
De acordo com a confeiteira, a cada dia, um restaurante diferente da cidade disponibiliza a cozinha para o preparo das refeições. Com a ajuda do marido, Fabio Vaz Lobo, eles também conseguiram pães e frios, distribuídos nesta sexta-feira (25).
Segundo Lobo, caminhões carregados com cargas vivas, medicamentos e galões de oxigênio estão sendo liberados pelos manifestantes. "A cidade já está praticamente zerada em combustíveis, mas não ligamos para isso. Estamos totalmente de acordo com esse protesto", afirmou.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.