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Estudantes se fantasiam como ex-goleiro Bruno e Macarrão e causam polêmica

Alunos causam polêmica após se fantasiarem como o ex-goleiro Bruno e seu amigo Macarrão - Reprodução/Instagram
Alunos causam polêmica após se fantasiarem como o ex-goleiro Bruno e seu amigo Macarrão Imagem: Reprodução/Instagram

Fernando Molina

Colaboração para o UOL

04/09/2018 16h40

Dois estudantes de engenharia agronômica do Instituto Federal do Sul de Minas (IF SuldeMinas), em Inconfidentes, Minas Gerais, causaram polêmica nas redes sociais desde a última quinta-feira (30). Os rapazes aparecem em uma imagem, registrada em uma festa, fantasiados como o ex-goleiro Bruno e o amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, ambos condenados por envolvimento na morte de Eliza Samúdio, mãe do filho do ex-jogador, ocorrida em 2010.

Na foto, ambos sorriem e exibem cartazes com os nomes dos acusados pelo crime. Um deles aparece vestindo luvas de goleiro e portando um saco de lixo no qual é visível uma folha de papel com o nome da vítima de assassinato. Na imagem, o responsável pela postagem define o visual como “fantasia raiz”.

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A unidade de ensino divulgou uma nota de repúdio à atitude dos estudantes em suas redes sociais. “O IF SuldeMinas - Campus Inconfidentes repudia, veementemente, qualquer ato que incite a violência de gênero, feminicídio ou qualquer outro tipo de crime. Consideramos a apologia aos atos citados absolutamente inadmissível e isso não deve ser tratado, em hipótese alguma, como um tipo de brincadeira”.

Para Wânia Pasinato, assessora técnica do USP Mulheres, órgão administrativo de combate à violência de gênero na Universidade de São Paulo, é papel da IF SuldeMinas agir de forma contundente para responsabilizar a dupla, que teria feito apologia ao crime, e combater novas ocorrências no ambiente acadêmico e fora dele.

“A instituição não pode admitir manifestações de discriminação, de ódio, de desrespeito aos direitos humanos. Tem que ser uma postura muito forte de punir disciplinarmente esses alunos, que é o que a universidade pode fazer. Deve haver um regimento disciplinar no Instituto que prevê medidas de suspensão e até de expulsão, se for possível, mas os alunos não podem passar sem um tipo de reprimenda, para que entendam que esse ato não é mais tolerado na sociedade brasileira. Talvez décadas ou séculos atrás fosse tolerado, hoje não mais”, comentou, em entrevista ao UOL.

Por meio de sua assessoria de comunicação, o IF SuldeMinas alegou que o evento não ocorreu nas dependências e nem com apoio da instituição, e portanto não poderia aplicar sanções disciplinares aos envolvidos por atos cometidos fora do contexto de atividades acadêmicas.

Nas redes sociais, vários usuários criticaram a escolha das fantasias pelos estudantes. Em uma das publicações que reproduzem a imagem de ambos, são dezenas de comentários com frases como “que nojo desses seres” ou “coisa mais triste”.

Estudantes são criticados nas redes sociais após se fantasiarem como o ex-goleiro Bruno e seu amigo Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, para uma festa em Minas Gerais - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Estudantes são criticados nas redes sociais após se fantasiarem como o ex-goleiro Bruno e seu amigo Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão
Imagem: Reprodução/Instagram

Bruno Fernandes cumpre pena de 20 anos e nove meses por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima) e sequestro e cárcere privado de Eliza. A condenação original ainda teve retirados 18 meses, atribuídos por ocultação de cadáver, esta nunca comprovada. Já Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, soma sentenças de 15 anos de reclusão em regime fechado pelo homicídio com os mesmos três qualificadores, e mais três em regime aberto por sequestro e cárcere privado.

Confira a íntegra da nota divulgada pela instituição de ensino:

“O IFSULDEMINAS - Campus Inconfidentes repudia, veementemente, qualquer ato que incite a violência de gênero, feminicídio ou qualquer outro tipo de crime. Consideramos a apologia aos atos citados absolutamente inadmissível e isso não deve ser tratado, em hipótese alguma, como um tipo de brincadeira.

Esperamos dos estudantes do nosso Campus a consciência para compreenderem a gravidade deste assunto e neste sentido contamos com ações promovidas por meio do Grupo de Estudos de Gênero, Arte, Educação e Sexualidade – GAES, da Semana das Diferenças e do Grupo de Teatro Arte Federal.

Vale esclarecer que, todo e qualquer membro da comunidade da nossa instituição, seja servidor ou aluno, é antes de mais nada cidadão e como tal deve responder pelos seus atos e suas consequências.

A Direção”