RJ tem 175 mortos pela polícia em agosto e bate recorde histórico pela 2ª vez no ano
![Márcia Foletto/Agência O Globo](https://conteudo.imguol.com.br/2012/07/24/24jul2012---uma-policial-militar-morreu-na-noite-de-segunda-feira-23-num-ataque-contra-a-upp-da-favela-nova-brasilia-no-complexo-do-alemao-zona-norte-do-rio-ela-deixava-a-unidade-quando-foi-atingida-1343139118197_615x300.jpg)
Ao menos 175 pessoas foram mortas pela polícia do Rio de Janeiro em agosto deste ano, segundo balanço divulgado pelo ISP (Instituto de Segurança Pública) nesta sexta-feira (15). O número é o maior registrado em um mês no período de 15 anos.
É a segunda vez neste ano que o órgão da Secretaria de Segurança responsável por mapear estatísticas da violência no estado aponta um recorde no indicador. Em janeiro, o balanço mensal havia elencado 154 ocorrências.
O intervalo considera a série histórica do ISP para o índice de mortos pela polícia --isto é, óbitos registrados em suposta situação de confronto com policiais. O levantamento teve início em janeiro de 2003. Em comparação com agosto do ano passado, a Secretaria de Segurança observou no mês passado um aumento de 150% no número de ocorrências.
Somados os últimos três meses cujos dados estão disponíveis (junho, julho e agosto), a quantidade de mortos pela polícia dobra em relação ao mesmo período do ano passado.
Desde fevereiro deste ano, o Rio está sob intervenção federal na segurança pública. O decreto do governo federal transferiu a responsabilidade nessa área para o Comando Conjunto, órgão encabeçado pelas Forças Armadas. Durante a atuação dos militares, várias operações foram realizadas em favelas na capital e na região metropolitana.
Uma das ações mais sangrentas ocorreu justamente em agosto nos complexos de favelas do Alemão, da Penha e da Maré, na zona norte carioca. Foram quatro dias de operação, que mobilizou mais de 4.000 militares e 70 policiais civis, e resultou em oito mortes --cinco suspeitos e dois soldados e um cabo do Exército.
Essa foi a primeira vez desde o decreto de intervenção que militares das Forças Armadas foram mortos em uma ação de segurança pública.
Os dados do ISP também mostram que, em agosto, 21 policiais militares e três policiais civis morreram em serviço.
Por outro lado, agosto foi o mês no qual as delegacias do estado registraram o menor número de homicídios dolosos neste ano. Foram 358 ocorrências --a média mensal neste ano é de 432 casos. A queda em relação ao mesmo mês de 2017 foi de 10%.
O indicador de letalidade violenta, com 552 vítimas, também teve aumento no mês passado (13%) em comparação com agosto do ano passado. O número é composto por quatro tipos de registro criminal: homicídios dolosos (com intenção), homicídios praticados por policiais, latrocínios (roubo seguido de morte) e lesão corporal seguida de morte.
Em entrevista ao UOL concedida em agosto, o secretário de Segurança, Richard Nunes, comentou o aumento das mortes pela polícia durante a intervenção. Ao falar sobre esse índice, Nunes questionou a razão de se tratar atos de legítima defesa como homicídios decorrentes de intervenção policial.
"Estamos estudando com mais profundidade a construção desse indicador, por que se trata genericamente como homicídio decorrente de intervenção policial atos de legítima defesa do policial que é alvejado quando faz uma abordagem. Isso é um absurdo", afirmou Nunes.
Em nota, a Secretaria de Segurança afirmou que "o crescimento do número de óbitos decorrente de intervenção policial está relacionado à recuperação da capacidade operacional das polícias e à atuação das forças de segurança na mancha criminal para coibir os delitos".
Na avaliação da pasta, um dos motivos que ocasionou o aumento da letalidade por parte da polícia é o "comportamento irracional e beligerante dos criminosos" que enfrentam os agentes.
Retração dos roubos de carga
O Rio observou em agosto uma continuidade do movimento de queda do roubo de carga, segundo afirma o ISP. Foram registradas 673 ocorrências no estado em agosto deste ano, o que representa diminuição de 20% em relação ao mesmo mês em 2017.
Foi o quinto mês consecutivo de queda no indicador de roubo de carga --abril (-14%), maio (-39%), junho (-23%) e julho (-19%), todos comparados com seus respectivos correspondentes no ano passado.
Também houve queda dos roubos de rua (16%) e do roubo de veículos (15%) em relação a agosto do ano passado.
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