RJ tem 175 mortos pela polícia em agosto e bate recorde histórico pela 2ª vez no ano
Ao menos 175 pessoas foram mortas pela polícia do Rio de Janeiro em agosto deste ano, segundo balanço divulgado pelo ISP (Instituto de Segurança Pública) nesta sexta-feira (15). O número é o maior registrado em um mês no período de 15 anos.
É a segunda vez neste ano que o órgão da Secretaria de Segurança responsável por mapear estatísticas da violência no estado aponta um recorde no indicador. Em janeiro, o balanço mensal havia elencado 154 ocorrências.
O intervalo considera a série histórica do ISP para o índice de mortos pela polícia --isto é, óbitos registrados em suposta situação de confronto com policiais. O levantamento teve início em janeiro de 2003. Em comparação com agosto do ano passado, a Secretaria de Segurança observou no mês passado um aumento de 150% no número de ocorrências.
Somados os últimos três meses cujos dados estão disponíveis (junho, julho e agosto), a quantidade de mortos pela polícia dobra em relação ao mesmo período do ano passado.
Desde fevereiro deste ano, o Rio está sob intervenção federal na segurança pública. O decreto do governo federal transferiu a responsabilidade nessa área para o Comando Conjunto, órgão encabeçado pelas Forças Armadas. Durante a atuação dos militares, várias operações foram realizadas em favelas na capital e na região metropolitana.
Uma das ações mais sangrentas ocorreu justamente em agosto nos complexos de favelas do Alemão, da Penha e da Maré, na zona norte carioca. Foram quatro dias de operação, que mobilizou mais de 4.000 militares e 70 policiais civis, e resultou em oito mortes --cinco suspeitos e dois soldados e um cabo do Exército.
Essa foi a primeira vez desde o decreto de intervenção que militares das Forças Armadas foram mortos em uma ação de segurança pública.
Os dados do ISP também mostram que, em agosto, 21 policiais militares e três policiais civis morreram em serviço.
Por outro lado, agosto foi o mês no qual as delegacias do estado registraram o menor número de homicídios dolosos neste ano. Foram 358 ocorrências --a média mensal neste ano é de 432 casos. A queda em relação ao mesmo mês de 2017 foi de 10%.
O indicador de letalidade violenta, com 552 vítimas, também teve aumento no mês passado (13%) em comparação com agosto do ano passado. O número é composto por quatro tipos de registro criminal: homicídios dolosos (com intenção), homicídios praticados por policiais, latrocínios (roubo seguido de morte) e lesão corporal seguida de morte.
Em entrevista ao UOL concedida em agosto, o secretário de Segurança, Richard Nunes, comentou o aumento das mortes pela polícia durante a intervenção. Ao falar sobre esse índice, Nunes questionou a razão de se tratar atos de legítima defesa como homicídios decorrentes de intervenção policial.
"Estamos estudando com mais profundidade a construção desse indicador, por que se trata genericamente como homicídio decorrente de intervenção policial atos de legítima defesa do policial que é alvejado quando faz uma abordagem. Isso é um absurdo", afirmou Nunes.
Em nota, a Secretaria de Segurança afirmou que "o crescimento do número de óbitos decorrente de intervenção policial está relacionado à recuperação da capacidade operacional das polícias e à atuação das forças de segurança na mancha criminal para coibir os delitos".
Na avaliação da pasta, um dos motivos que ocasionou o aumento da letalidade por parte da polícia é o "comportamento irracional e beligerante dos criminosos" que enfrentam os agentes.
Retração dos roubos de carga
O Rio observou em agosto uma continuidade do movimento de queda do roubo de carga, segundo afirma o ISP. Foram registradas 673 ocorrências no estado em agosto deste ano, o que representa diminuição de 20% em relação ao mesmo mês em 2017.
Foi o quinto mês consecutivo de queda no indicador de roubo de carga --abril (-14%), maio (-39%), junho (-23%) e julho (-19%), todos comparados com seus respectivos correspondentes no ano passado.
Também houve queda dos roubos de rua (16%) e do roubo de veículos (15%) em relação a agosto do ano passado.
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