MP de Goiás já recebeu 78 denúncias de mulheres contra médium João de Deus
Ao menos 78 mulheres dos estados de Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná se apresentaram como vítimas do médium João de Deus até as 11h desta terça-feira (11), segundo informou o MP-GO (Ministério Público de Goiás) em nota divulgada no início da tarde de hoje.
De acordo com a instituição, a maior parte delas usou o e-mail denuncias@mpgo.mp.br, canal criado exclusivamente para receber informações sobre o caso.
A orientação repassada pelo MP às vítimas que acusam o médium de estupro e abusos sexuais durante tratamento espiritual em Abadiânia (GO) é que elas procurem a Promotoria em seus estados, a qual ficará responsável pela tomada de seus depoimentos.
Em seguida, o material será encaminhado ao MP goiano, onde o caso é investigado por uma força-tarefa composta por três promotores e duas promotoras de justiça, além de duas psicólogas.
Apenas em São Paulo, o MP estadual informou ter recebido até a manhã de hoje dez casos. A identidade das mulheres que se apresentaram foi mantida em sigilo.
Uma fonte ligada ao braço paulista da investigação revelou ao UOL que os relatos recebidos até o momento comprovaram não haver nenhuma relação entre as vítimas, embora tenham indicado comportamento padrão por parte do médium.
Nesta segunda (10), promotores da força-tarefa de Goiás disseram que não pediriam a interdição da casa do médium por "cautela". "Isso vai depender do que chegar até nós. É claro que se verificado que aquele ambiente era voltado para prática de crimes, a interdição do estabelecimento vai ser uma dinâmica necessária", disse ontem o promotor Luciano Miranda Meireles, que integra o grupo.
A força-tarefa não descartou a possibilidade de pedir a prisão preventiva do médium, porém, ainda não há oficialização deste pedido.
Segundo Meireles, tendo em vista que o longo tempo decorrido dificulta a comprovação dos crimes, os depoimentos se tornam ainda mais relevantes. "O depoimento da vítima tem um sobrevalor e não há por que duvidarmos de uma mulher que corre o risco de se expor a troco de nada", disse.
A casa Dom Inácio de Loiola, onde são feitos os atendimentos pelo médium, recebe cerca de 10 mil visitantes por mês.
O caso foi divulgado pelo jornalista Pedro Bial, em seu programa na "TV Globo", e pelo jornal "O Globo", na última sexta-feira (7).
Médium nega prática de crimes
O advogado de João de Deus, Alberto Toron, afirmou ao jornal "Folha de S.Paulo", na segunda, que o médium recebeu com "indignação" a notícia de que é acusado de crime sexual e está à disposição das autoridades para esclarecimentos.
Em nota enviada ao programa "Conversa com Bial", a assessoria de imprensa do médium negou as acusações contra ele. "Há 44 anos, João de Deus atende milhares de pessoas em Abadiânia, praticando o bem por meio de tratamentos espirituais. Apesar de não ter sido informado dos detalhes da reportagem, ele rechaça veementemente qualquer prática imprópria em seus atendimentos".
Ao jornal "O Globo", a assessoria alegou que as acusações são "falsas e fantasiosas" e classificou a situação como "lamentável, uma vez que o médium João é uma pessoa de índole ilibada".
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