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Por risco de desabamento, 1.800 moradores devem deixar bairro que afunda

Prédios do bairro do Pinheiro, em Maceió, têm rachaduras e afundamentos misteriosos - Beto Macário/UOL
Prédios do bairro do Pinheiro, em Maceió, têm rachaduras e afundamentos misteriosos Imagem: Beto Macário/UOL

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

18/01/2019 22h14Atualizada em 19/01/2019 13h32

As defesas civis de Maceió e do estado de Alagoas apresentaram nesta sexta-feira (18) um plano de contingência para a necessidade de evacuação em massa e anunciaram a retirada imediata de mais de 1.800 moradores de suas casas em um bairro que está afundando na capital alagoana. Além disso, haverá a avaliação permanente de residências onde vivem outras 18 mil pessoas, que podem ser acionadas a uma saída de emergência em caso de agravamento do problema.

Imóveis do bairro do Pinheiro registram uma série de rachaduras e afundamentos misteriosos e são alvos de estudos desde o início de 2018. 

Segundo o coordenador da Defesa Civil de Alagoas, tenente-coronel Moisés Melo, a saída dos moradores da área de "muito alto risco" acontece por conta da falta de segurança no local com o período de chuvas que se aproxima. "As casas podem desabar, não por acaso têm tantas fissuras. O risco existe e é muito grande. Quanto mais acomoda [o solo], mais fissuras aparecem", afirma Melo.

Na entrevista desta sexta, o coronel chegou a orientar os moradores de áreas de risco que deixassem suas casas antes do início da quadra chuvosa, mas em nota conjunta neste sábado (19), as defesas civis informaram que a medida não vale para áreas de risco alto, médio e baixo. Segundo os órgãos, essas áreas estão sendo monitoradas e, apenas em qualquer alteração no quadro, as pessoas serão orientadas a sair.

Na capital alagoana, o período chuvoso começa em abril e se estende até agosto. Nesses meses, os índices pluviométricos são altos e alagamentos costumam ser registrados na região.

A gravidade dos problemas no bairro do Pinheiro chamou a atenção do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que se reuniu na última sexta-feira (11) com ministros em Brasília para tratar do problema e pediu prioridade nos estudos do local e para liberação de verba para ajudar a população. Para tanto, nesta sexta-feira (18), portaria do Ministério do Desenvolvimento Regional publicada no Diário Oficial da União liberou R$ 480 mil para ações emergenciais no bairro.

Segundo o plano apresentado nesta sexta, bairro do Pinheiro foi dividido em quatro áreas de risco. Na área vermelha de "muito alto risco" são 493 residências, onde viviam 1.893 pessoas. Dessas, 190 famílias já foram retiradas de suas casas e as demais serão removidas nos próximos dias. Para quem precisam de aluguel social, o governo federal disponibilizou um valor de R$ 1.000 por mês, mas apenas 80 famílias cadastradas foram contempladas inicialmente. Ao todo, o problema atinge 20.099 pessoas em 5.432 residências.

Segundo a Defesa Civil de Maceió, os novos estudos devem apontar mais claramente as causas do problema. "A gente acredita que, com os estudos preliminares, em 60 dias a gente tenha um grande norte, para que a gente diga o que tenha de ser feito na quadra chuvosa", afirmou Dinário Lemos, coordenador da Defesa Civil Municipal.

Mudanças e medo

Por conta do risco, muitas pessoas já estão deixando o bairro por conta própria. À reportagem, uma moradora explicou que, somente na manhã desta sexta-feira, duas mudanças foram feitas em seu prédio. Ainda segundo a moradora - que pediu para não ser identificada - outros oito moradores se mudaram esta semana. "A sensação é de insegurança e tristeza por se ver obrigada a deixar o lugar que foi tão sonhado e construído com carinho para abrigar nossa família", disse.

Segundo Cláudia Mendes, que íntegra a comissão de moradores do bairro, o plano de contingência apresentado foi "pouco", mas ela comemorou a decisão de marcar um grande reunião com moradores de todo o bairro no próximo dia 5 de fevereiro. "A Defesa Civil e outros órgãos precisam resguardar vidas", afirmou.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Em número divulgado neste sábado, a Defesa Civil corrige para 1.800 o número de moradores que terão de deixar suas casas.