"Vivia para nós e nossa família": as vítimas da tragédia em Brumadinho
O rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Vale em Brumadinho, Minas Gerais, na sexta-feira (25) deixou um rastro de destruição pela região.
Pelo menos 65 pessoas que estavam nas áreas atingidas morreram, enquanto 279 estão desaparecidas, de acordo com o comando das Forças Integradas de Segurança.
A Polícia Civil de Minas Gerais informou que 31 corpos foram identificados, até a última atualização desta reportagem.
Veja quem são as vítimas:
Adriano Caldeira do Amaral
Era funcionário da Vale e estava trabalhando na hora do rompimento da barragem. Morador de Belo Horizonte, ele deixa uma mulher e um casal de filhos pequenos.
"Você, pai dedicado, vivia para nós, para a nossa família. E agora, quem vai mimar meus sonhos, os nossos sonhos? Mas não vou me despedir, essa foi a nossa última foto, mas nunca... nunca mesmo será o nosso último encontro", declarou a mulher Ana Flavia, em uma publicação no Facebook. "Vá em paz, continue segurando a minha mão, que eu seguirei aqui firme e com fé."
"Ele não era só nosso cunhado, ele era um irmão pra nós", publicou a irmã da esposa, Ana Paula, também na rede social.
Carlos Roberto Deusdedit
Funcionário da Vale havia dois meses, o serralheiro Carlos Roberto Deusdedit, 47, era o mais velho entre seis irmãos. "Ele perdeu a minha avó muito cedo e ajudou a cuidar dos irmãos", conta a sobrinha Viviane Cristina Dias de Paula, que o descreve como o "alicerce" da família.
"Ele era muito honesto. Com ele não tinha tempo ruim", diz Viviane. Antes de conseguir o emprego na Vale, o serralheiro ficou desempregado por cinco meses. "Ele estava muito feliz, porque demorou um bom tempo para entrar lá", afirma a sobrinha.
Natural de Contagem (MG), Carlos Roberto deixa a mulher e um filho de oito anos. Na manhã da tragédia, a mulher saiu para trabalhar antes dele, deixando o marido e o filho dormindo juntos. A família, conta Viviane, está "indignada". "Ele saiu para trabalhar, para dar um futuro para o filho. Não foi para roubar ninguém", lamenta.
Daniel Muniz Veloso
O técnico em eletromecânica Daniel Muniz Veloso havia se casado há pouco mais de três anos.
Natural de Coração de Jesus, cidade localizada a cerca de 460 quilômetros de Belo Horizonte, no norte de Minas Gerais, Veloso tinha 29 anos e trabalhava em uma empresa terceirizada da Vale.
A mulher de Daniel, Meriane Oliveira Costa Muniz, está grávida do primeiro filho do casal.
David Marlon Gomes Santana
David tinha 24 anos, trabalhava para uma empresa terceirizada da Vale e morreu vítima de politraumatismo, segundo dados do IML. Solteiro, ele foi enterrado na manhã de segunda-feira (28) no cemitério Parque das Rosas, em Brumadinho
"Isso aqui é muito difícil, amigo", afirmou Rafael Carlos da Silva, de 21 anos, amigo de David que chegou ao cemitério acompanhado pelo amigo Rafael de Oliveira dos Santos, de 23 anos. "O David foi nosso colega de trabalho", contou Rafael da Silva. De acordo com integrantes da família, o corpo foi resgatado na manhã de domingo.
Flaviano Fialho
Era auxiliar técnico de manutenção da Vale havia um ano e 7 meses e trabalhava no momento do acidente. Ele deixa mulher e dois filhos pequenos.
Nascido em Belo Horizonte, era torcedor do Atlético-MG. Seu corpo foi enterrado no Cemitério Central de Ibirité, na Região Metropolitana da capital mineira, onde a família mora, na manhã desta segunda-feira (28).
Francis Marques da Silva
Francis Marques da Silva, de 34 anos era técnico de manutenção de uma empresa terceirizada pela Vale. Morador de Brumadinho, ele deixa a mulher e uma filha pequena.
O mineiro era fã de futebol e apaixonado pelo Cruzeiro. O corpo de Francis foi enterrado na manhã de segunda-feira (28), no cemitério Parque das Rosas, em Brumadinho.
Jonatas Lima Nascimento
Jonatas era natural de Congonhas (MG), cerca de 81 km ao sul de Belo Horizonte, e trabalhava na Vale. Ele deixa um filho e uma filha, ambos crianças.
Em postagem de agosto de 2018 no Facebook, ele aparece abraçando os filhos em uma foto, comemorando o Dia dos Pais e os chamando de "meus amores"
Na rede social, ele demonstrava interesse por música sertaneja, além de jogos infantis para os filhos.
Leonardo Alves Diniz
Leonardo morava em Belo Horizonte e era técnico em manutenção na Vale, em Brumadinho, havia 10 anos. Ele deixa mulher e um filho de oito anos. Torcedor do Atlético Mineiro, gostava de assistir às partidas do time com o menino.
"Ele foi um exemplo não só para mim, mas exemplo de pai, filho, esposo. Ele foi muito querido por todos. A prova foi hoje no velório. Muitas pessoas estavam lá. Era uma pessoa positiva. Em todas as fotos está sorrindo. A fé e a alegria dele em Deus são o legado que vamos levar", relatou uma afilhada de Leonardo ao UOL. Ela preferiu não se identificar. Segundo ela, o técnico em manutenção deveria estar de folga na sexta, mas, pela manhã, foi chamado para uma reunião no setor administrativo e foi trabalhar.
Ao saber do desastre, a família de Leonardo ligou para a Vale em busca de informações, mas não receberam orientação precisa. "Enrolaram a gente e aí fomos ao IML [Instituto Médico Legal]. E cada parente foi para um hospital. Não colocaram o nome dele porque ele não poderia estar trabalhando. Conseguimos às escondidas, com um conhecido, a informação de que o corpo dele estava no IML. A Vale omitiu as informações no tocante às responsabilidades que tinham", declarou ao UOL.
Marcelle Porto Cangussu
Primeira vítima identificada após o rompimento da barragem, a médica Marcelle Porto Cangussu completou 35 anos um dia antes da tragédia de sexta. Especialista em medicina do trabalho, ela fez aniversário no último dia 24.
Funcionária da Vale desde 2015, Marcelle estava trabalhando no momento em que a barragem se rompeu. A onda de rejeitos que despencou destruiu a estrutura da área administrativa da empresa.
Além de trabalhar na Vale, a médica também atuava no Hospital Público Regional de Betim (MG). Ela se formou na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Entre seus interesses no Facebook, constam páginas em defesa dos direitos dos animais, associações médicas e grupos musicais.
Maurício Lauro de Lemos
Era motorista, tinha 52 anos e trabalhava havia seis meses em um projeto na barragem da Vale por meio de uma empresa terceirizada. Ele deixa mulher e uma filha.
De acordo com o irmão, Marcelo, o corpo de Maurício foi encontrado num local que fica na frente de onde funcionava o refeitório da Vale, destruído pela avalanche de lama, e identificado no IML (Instituto Médico Legal) por meio das digitais. "Foi uma tragédia anunciada", disse a filha Juliana, durante o enterro do pai no cemitério Parque das Rosas.
"Saudade já grita aqui no peito", declarou a amiga Daniela Teles, moradora de Brumadinho, através das redes sociais.
Wellington Campos Rodrigues
Nascido em Bom Despacho (MG), Wellington trabalhava como analista de suporte para uma terceirizada contratada pela Vale. Ele era pastor e deixa mulher e três filhas.
Em sua última publicação em uma rede social, em dezembro de 2018, ele agradece os cumprimentos dos amigos pelo seu aniversário.
"Obrigado a todos os amigos que tiraram um pouco do seu tempo para me felicitar. Este é o maior presente: ter amigos", escreveu.
Willian Jorge Felizardo Alves
Willian Jorge era funcionário da Vale em Brumadinho.
Segundo publicações de conhecidos seus em uma rede social, seu sepultamento ocorreu na manhã deste domingo (27) no cemitério da Paz, em Belo Horizonte.
As outras vítimas já identificadas são:
- Alano Reis Teixeira
- Alex Rafael Piedade
- Camila Santos De Faria
- Claudio Jose Dias Rezende
- Cleosane Coelho Mascarenhas
- Cristiano Vinicius Oliveira De Almeida
- Djener Paulo Las-Casas Melo
- Duane Moreira De Souza
- Edgar Carvalho Santos
- Eliandro Batista de Passos
- Fabricio Henriques da Silva
- Janice Helena Do Nascimento
- Marcelo Alves de Oliveira
- Moisés Moreira Sales
- Ninrode De Brito Nascimento
- Renato Rodrigues Maia
- Robson Máximo Gonçalves
- Roliston Teds Pereira
- Wanderson Soares Mota
A lista será atualizada assim que novos nomes forem confirmados.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.