Caso Extra: depoimentos reiteram versão sobre arma, diz defesa de segurança
O advogado de defesa do segurança Davi Ricardo Moreira Amâncio, 32, disse que seu cliente e as testemunhas ouvidas hoje sustentam a versão de que Pedro Henrique Gonzaga, 19, morto após uma gravata de Davi dentro do supermercado Extra da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, na tarde da última quinta-feira (14), teria empunhado uma arma e ameaçado atirar dentro do local. A tese é contestada pelo representante da família do rapaz (leia mais abaixo).
Quatro pessoas foram ouvidas hoje, segundo Antônio Ricardo, diretor do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), que chefia o inquérito: dois funcionários do supermercado, Davi e outro segurança. Os dois últimos são representados pelo defensor André França Barreto.
"Ele [Davi] mantém a versão de que o Pedro pegou a arma dele e as testemunhas aqui hoje demonstraram e falaram exatamente isso: que o Pedro estava agressivo, entrou em luta corporal com o segurança, pegou a arma e se não é o outro segurança segurar a arma pelo tambor, ele poderia ter feito o disparo, podendo até vitimizar clientes ou mesmo o próprio segurança, o Davi", declarou Barreto ao final do depoimento do segurança.
Ele classificou os depoimentos coletados pela polícia hoje como um episódio "revelador, muito bom, esclarecedor". "A versão dele já está nos autos. Não houve divergência nenhuma", disse o advogado.
"Todo aquele enredo que as imagens mostram, e mais ainda: as testemunhas que vieram aqui hoje contribuíram muito para que a justiça seja feita", afirmou o advogado.
As testemunhas puderam, hoje, revelar e trazer luz a esse episódio para que a Justiça, ao final, seja feita
Andre França Barreto, advogado de Davi Amâncio
Logo em seguida, no entanto, ele admitiu que partes do episódio em que Pedro supostamente pegou a arma do vigilante não estão nas imagens.
Questionado sobre se a versão apresentada por Davi constava nos vídeos coletados pela polícia, Barreto declarou que "algumas delas estão demonstradas em imagens e outras foram comprovadas por testemunhas". "As testemunhas puderam esclarecer o episódio, esclarecendo o que as câmeras não estavam demonstrando objetivamente, já que [estavam] fora do campo de visão", disse.
Versão é contestada pela mãe de Pedro
A versão de Davi Ricardo Moreira Amâncio, sobre Pedro supostamente ter pegado sua arma, tem sido contestada desde o início da investigação pelos representantes da família do rapaz.
"A mãe viu o filho dela em momento de surto [psicótico]. Ele correu, o segurança foi atrás, aplicou o golpe nele, derrubou o garoto no chão. E ele ficou", disse ontem o advogado Marcello Ramalho, que representa a mãe do jovem, Dinalva dos Santos de Oliveira. Ele falou com a imprensa após a mulher prestar depoimento na Delegacia de Homicídios da Capital.
"Ele estava desarmado, sem oferecer perigo para o agente que justificasse aquela ação, e mesmo assim ele prosseguiu. Não atendeu aos apelos", afirmou o defensor. "Ela falou que ia levar o filho dela para fazer uma consulta, mas que não houve tempo", completou.
Ramalho negou que Pedro Henrique tenha tentado pegar a arma do segurança. "Isso não existiu em momento algum. No momento da ação, a vítima estava desarmada. Nada justificaria ele prosseguir naquela ação que ceifou a vida do Pedro Henrique."
Delegado não vê razão para prisão
Mais cedo, hoje, o delegado que chefia o inquérito sobre o homicídio de Pedro disse não ver indícios por enquanto para pedir a prisão de Davi. De acordo com Antônio Ricardo, diretor do DHPP, alguns fatos indicam que a prisão não é necessária. São eles:
- ter se apresentado à polícia no dia do homicídio e nesta quarta;
- não estar apresentando risco para as investigações;
- não estar ameaçando testemunhas;
- ter trabalho e residência fixos.
Amâncio foi afastado da função de segurança do supermercado Extra, segundo comunicado emitido pela empresa ontem.
O delegado também informou que a possível conversão de homicídio culposo (sem intenção de matar) para doloso (com intenção) se dará ao final do inquérito, cujo prazo de conclusão oficial é de 30 dias. No entanto, como as investigações estão correndo rapidamente, o inquérito deve ser concluído antes desse período.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.