Mãe de jovem morto após levar "gravata" acusa segurança de agressão
Resumo da notícia
- Jovem morre após segurança de supermercado aplicar uma "gravata"
- Mãe da vítima prestou hoje queixa contra o segurança por agressão
- Após prisão em flagrante, segurança pagou fiança e foi solto
- Mãe diz que a ação do segurança ocorreu após um surto psicótico do rapaz
- Defesa diz que segurança reagiu ao ser desarmado; a mãe nega
A mãe do jovem Pedro Henrique Gonzaga, 19, morto por estrangulamento na tarde de quinta-feira (14) após sofrer uma "gravata" de um segurança no supermercado Extra na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio), prestou queixa, na manhã de hoje, de agressão contra Davi Ricardo Moreira, apontado como autor da "gravata". Moreira deve prestar depoimento nesta tarde na delegacia de homicídios.
Dinalva dos Santos de Oliveira ficou por cerca de 30 minutos na delegacia e saiu sem falar com a imprensa. Um dia após ter prestado seu depoimento no caso, ela relatou aos policiais ter sofrido uma agressão de Moreira, antes de o segurança dar o golpe de mata-leão em seu filho.
"No momento em que ela tenta retirá-lo de cima do filho [durante a "gravata"], ele procede uma agressão contra ela. Ela rola no chão e lesiona o cotovelo esquerdo", disse o advogado da família de Dinalva, Marcello Ramalho. "Ela veio formalizar a representação de lesão corporal. Ela foi ao IML e estamos aqui para formalizar essa questão", prosseguiu.
A reportagem procurou a defesa do segurança, mas ainda não obteve retorno sobre a nova acusação.
Questionado pelo UOL se havia uma acareação prevista entre Moreira e Dinalva, o advogado declarou que "isso fica a cargo da autoridade policial, não tenho como informar esses elementos do inquérito".
Procurado pela reportagem, Antonio Ricardo, diretor do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), ainda não se manifestou hoje sobre as investigações.
Moreira deve prestar depoimento na tarde de hoje. Ele havia sido preso em flagrante no dia do crime, mas foi liberado após pagar fiança de R$ 10 mil e deve responder o processo em liberdade, segundo o seu advogado.
Investigações
O diretor do DHPP declarou ontem que é possível ocorrer a mudança do indiciamento de Miranda de homicídio culposo (sem intenção de matar) para homicídio doloso (com intenção de matar).
"O delegado do plantão ainda não tinha elementos suficientes para ter uma decisão mais concreta. Optou por fazer um flagrante de homicídio culposo arbitrando fiança", justificou Ricardo. "Depois de registrado o fato, surgiram novas imagens na mídia que estão sendo analisadas minuciosamente. Se houve intenção de matar, ele poderá responder por homicídio doloso", avaliou.
Uma testemunha-chave foi ouvida na segunda-feira. "Essa testemunha trouxe informações relevantes, já que ela declarou que alertou diversas vezes esse segurança no sentido de ele largar o rapaz que estava por baixo já estava desfalecido. O segurança ouviu a mensagem e, mesmo sendo alertado diversas vezes, permaneceu naquela posição, chegando à consequência de tirar a vida daquele rapaz", disse Ricardo.
O delegado também afirmou que a polícia coletou novas imagens sobre o episódio na tarde de ontem. "Foi possível identificar um outro agente patrimonial, do qual só aparecia o coturno dele. Essa pessoa também vai ser chamada à delegacia para prestar depoimento", declarou.
Como o laudo do IML constatou morte por asfixia, e no caso de Moreira ser indiciado por homicídio doloso, "esse homicídio doloso será qualificado pela asfixia com pena mínima de 20 anos de prisão", acrescentou o delegado.
Ao menos dois seguranças testemunharam o caso e não intervieram. Segundo Ricardo, eles devem ser indiciados por omissão de socorro. "Eles poderão responder por homicídio doloso também [caso a acusação de Moreira seja convertida], já que eram agentes garantidores daquela vida naquele instante", afirmou.
A princípio, contudo, eles responderão em liberdade. "Se houver elementos que indiquem a necessidade da prisão deles, certamente essa prisão será solicitada à justiça", concluiu Ricardo.
"Ele assassinou o meu filho"
Em depoimento prestado à polícia ontem, a mãe de Pedro Henrique afirmou que "ele [o segurança] assassinou o meu filho". "A mãe viu o filho dela em momento de surto [psicótico]. Ele correu, o segurança foi atrás, aplicou o golpe nele, derrubou o garoto no chão. E ele ficou", disse o advogado, que também negou qualquer tipo de suposta ameaça feita por Pedro Henrique.
Ramalho negou que Pedro Henrique tenha tentado pegar a arma do segurança. "Isso não existiu em momento algum. No momento da ação a vítima estava desarmada. Nada justificaria ele prosseguir naquela ação que ceifou a vida do Pedro Henrique", apontou.
André França Barreto, advogado do segurança apontado como autor do homicídio, disse na semana passada que ele acusou a vítima de simular um problema de saúde. "O rapaz simulou um ataque epiléptico, o Davi se aproximou para prestar os primeiros socorros e teve a arma retirada do corpo. Ele chegou a apontar a arma para os presentes no mercado e, neste momento, um segundo segurança conseguiu intervir. Neste momento, o Davi e o jovem entraram em luta corporal e o segurança cai por cima dele, o deixando imobilizado até a chegada de reforços", disse Barreto.
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