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Rio registra 70 tiroteios e mortes durante Carnaval, diz Fogo Cruzado

2.mar.2019 - Turista sueca, que foi assaltada e agredida no olho durante bloco em Copacabana - Marcos de Paula / Agencia O Globo
2.mar.2019 - Turista sueca, que foi assaltada e agredida no olho durante bloco em Copacabana Imagem: Marcos de Paula / Agencia O Globo

Do UOL, no Rio

06/03/2019 19h07Atualizada em 07/03/2019 11h39

A plataforma Fogo Cruzado, que contabiliza episódios de violência na região metropolitana do Rio de Janeiro, afirmou ter registrado 70 tiroteios ou disparos de arma de fogo durante o feriado de Carnaval. Foram 9 episódios a mais que o número contabilizado no mesmo período do ano anterior.

Uma onda de violência no ano passado durante o Carnaval foi um dos fatores que levaram o então presidente Michel Temer (MDB) a decretar intervenção federal na segurança do estado --processo que perdurou até o fim de dezembro. O presidente atribuiu a decisão ao agravamento contínuo da segurança da capital fluminense.

Com base em mensagens enviadas por testemunhas dos tiroteios por meio de um aplicativo, mensagens de Whatsapp e Facebook, o  levantamento do Fogo Cruzado para o Carnaval este ano leva em conta os tiros ouvidos ou presenciados por testemunhas entre a sexta-feira (1º) e hoje.

Os organizadores da plataforma dizem que as informações passam por filtros e verificações antes de integrarem o mapa de ocorrências. Informações da imprensa e da polícia também são levadas em conta.

Fontes da Secretaria de Segurança do Rio disseram ao UOL que criminosos já teriam tentado forjar tiroteios no aplicativo (fazendo disparos para o alto em determinada região) com o objetivo de confundir a polícia (que também monitora o aplicativo). A ideia seria fazer os policiais se deslocarem para uma área para agir em outra.

Maria Isabel Couto, gestora de dados da plataforma, rebate a afirmação.

"Nosso sistema obedece a protocolos de segurança contra ataques e violação por terceiros. Periodicamente, contratamos consultoria especializada em segurança da informação para que sejam feitas análises e prospecções de possíveis fragilidades do sistema e vulnerabilidades o que nos permite nos preparar tecnologicamente com antecedência. Nossa metodologia é testada e usada em estudos de faculdades e institutos nacionais e internacionais", afirma Couto.

Violência neste ano e em 2018

Os episódios de violência que motivaram a intervenção federal no ano passado incluíram arrastões e agressões a turistas e moradores em regiões próximas às famosas praias da zona sul do Rio. Houve ao menos um saque a supermercado e ao menos dois policiais foram mortos e outros dois baleados.

Neste ano, ao menos dois episódios de violência se destacaram na zona norte da cidade. Em um deles duas pessoas morreram e seis ficaram feridas em um tiroteio entre grupos de bate-bolas (fantasias de palhaços que batem bolas de plástico no chão para fazer barulho, que são muito populares no Rio). 

Em outro caso, também na zona norte, um motorista embriagado atropelou um grupo de foliões deixando cinco pessoas feridas, entre elas uma criança de 11 meses.

Na zona sul, tiros foram ouvidos próximo de onde ocorria a passagem do bloco Banda de Ipanema. Ninguém ficou ferido.

Segundo a organização Fogo Cruzado, a maior parte dos tiroteios registrados neste ano aconteceram no complexo de favelas do Alemão e nos bairros Colégio e Bangu. Segundo o levantamento da organização, 12 pessoas teriam sido mortas e 11 feridas durante o feriado. A informação não foi confirmada por fontes oficiais.

Resultados da intervenção federal 

A intervenção federal na segurança do Rio foi interpretada na época por críticos como um ato de natureza política de Temer para melhorar sua imagem. Defensores da medida disseram que a segurança no Rio vinha se deteriorando nos últimos meses de forma acelerada, especialmente na modalidade dos roubos de carga.

A intervenção fez mudanças na estrutura das polícias do Rio, especialmente nas áreas de gestão, inteligência, treinamento, logística e cadeia de comando. Além disso, um dos objetivos era reduzir as estatísticas criminais. Houve uma queda de 6% nos homicídios e 7% nos roubos, mas as mortes provocadas pela polícia aumentaram 38%.