Preso longe de Suzano, pai perde enterro de vítima por falta de escolta
Preso a 650 quilômetros de Suzano (SP), Douglas Leandro Clizesqui não vê o filho Douglas Murilo há mais de nove anos e não estará no enterro do garoto, morto no massacre de ontem.
Segundo a família, o pai precisaria de escolta, transporte e quase 8 horas de viagem para chegar de Flórida Paulista, no interior do estado, até o cemitério Colina dos Ipês, em Suzano, onde Douglas Murilo será enterrado no fim desta tarde. Mas nada disso foi disponibilizado.
"A nossa luta foi para trazer ele para ver o filho, mas as autoridades, neste momento tão difícil, não fizeram nada. O meu irmão está desesperado", disse Sandra Aparecida Leandro, tia de Douglas Murilo, durante o velório do garoto.
Ele foi um dos cinco estudantes mortos pelo ataque cometido por ex-alunos na escola estadual Raul Brasil, na Grande São Paulo.
Sandra afirma que o pai do garoto teve a saída autorizada, mas a escolta exigida para o transporte de presos não foi liberada a tempo.
A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) de São Paulo disse ao UOL, em nota, que a "escolta não foi realizada por falta de condições operacionais".
Dor e ausência
Durante o velório do corpo do jovem de 16 anos, em uma igreja evangélica de Suzano, familiares criticavam o Estado pela falta do pai.
"Ele está pagando pelo que fez de errado. Mas as autoridades não ajudam as famílias. Ninguém se mobilizou para trazê-lo", disse Sandra.
Douglas foi condenado em 2003. Saiu sob condicional em 2008, mas foi preso novamente em 2010 e cumpre pena por tentativa de homicídio, tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo
Nas conversas entre presentes no velório, era possível ouvir questionamentos sobre a diferença de tratamento dada a Douglas e ao ex-presidente Lula, que viajou sob escolta da Polícia Federal de Curitiba a São Bernardo no início do mês para o enterro do neto.
A família diz que tentou a liberação de Douglas durante toda a madrugada, com base no artigo 120 da Lei de Execução Penal que permite a saída da prisão em casos de falecimento ou doença grave de cônjuges ou familiares de presos.
Em nota, a SAP disse que "todas as medidas administrativas foram tomadas para realização do transporte do sentenciado ao velório. Porém, a confirmação do parentesco somente ocorreu às 8h da manhã da data de hoje, 14/03, pois ainda não havia parentes cadastrados no rol de visita do preso, o que dificultou o processo".
Menino estava entre os feridos
Segundo familiares, Douglas Murilo chegou a pular o muro da escola, mas teria voltado para ajudar a namorada, que estava ferida. A jovem, que não foi identificada, está entre os feridos.
O tio de Douglas Murilo, Cláudio Cabral, conversou com a reportagem do UOL enquanto procurava o adolescente -- ele não tinha sido encontrado em nenhum hospital.
Posteriormente, foi informado pelas autoridades que dois jovens tinham os documentos trocados. Quando a família encontrou Douglas Murilo no hospital de Mogi das Cruzes, recebeu a notícia de que ele foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.